Após repercussão de duas mortes em UPA, unidade muda de gestão -  (crédito: Rede de Noticias)

Após repercussão de duas mortes em UPA, unidade muda de gestão

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O secretário executivo do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Ampliada Oeste (Cis-Urg Oeste), José Márcio Zanardi, disse, nesta terça-feira (16/7), que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis, no Centro-Oeste mineiro, vem sendo "depreciada" pela opinião pública e pelo patrimônio, e que será um "grande desafio" assumir a gestão.

 

O consórcio, responsável também pelo gerenciamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), é a segunda aposta do atual governo municipal para dar respostas às constantes reclamações de atendimento no local. O anúncio da mudança veio após a repercussão de duas mortes na unidade em abril deste ano.

 

O contrato com o Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (Ibrapp) foi rompido oficialmente há cerca de 40 dias. Contudo, as negociações para que o Cis-Urg assumisse começaram logo após as mortes da influenciadora digital Tatielle Scarlat, de 28 anos, e de Thallya Beatriz, de 4 anos. Em ambos os casos, as famílias acusam a unidade de negligência.

 

 

Ao longo das últimas semanas, foi iniciado o processo de transição para a nova gestora, que receberá cerca de 35% a mais para administrar a unidade, que carrega o peso da imagem desgastada pela superlotação.

 

"A UPA vem sendo depreciada tanto na opinião pública quanto também no seu patrimônio. O grande desafio é esse: conquistar a confiança das pessoas que vêm aqui buscar atendimento. A gente só vai conseguir conquistar esse objetivo com excelência dos profissionais, com técnica, com responsabilidade, com tratamento humanizado de todos que chegarem aqui", afirmou o secretário executivo do Cis-Urg, José Márcio Zanardi.

 

Para administrar a unidade, o município repassará por mês cerca de R$ 2,3 milhões ao Cis-Urg. A maior parte, cerca de R$ 1,8 milhão, vai apenas para a folha de pagamento; o restante se divide entre medicamentos, exames, manutenção, alimentação, etc. O aumento é para atender ao custo gerado pelo aumento da demanda de pacientes.

 

Para o secretário, além do resgate da confiança, o desafio da Unidade é a estrutura física, que dificulta a ampliação e melhorias. Um projeto para a construção de um prédio administrativo, tirando o serviço de dentro da unidade, já está concluído e em fase de licitação para obras por parte da prefeitura.

 

 

"Vamos ampliar a questão da pediatria e melhorar os fluxos internos", enfatizou. Em abril, a UPA chegou a atingir 300% de ocupação no setor de pediatria.

 

Gargalos

Embora com a segunda gestora à frente da UPA, a secretária de Saúde Sheila Salvino é realista em assumir parte da responsabilidade pelos grandes gargalos: entrada e saída de pacientes. "Essa busca pela UPA por pessoas que poderiam ser atendidas na atenção primária, a responsabilidade é nossa. Então, a secretaria assume, entende que precisa trabalhar com a atenção primária esse acolhimento. Mas ela precisa de complemento de expansão que está planejado no Plano Municipal de Saúde. Quanto mais ampliamos essa cobertura, mais essa pessoa é acolhida perto de sua residência e evita de procurar a UPA".

 

Já em relação aos pacientes que aguardam leitos hospitalares, ela tratou como "mais complexo". "Precisa da participação do governo do estado", enfatizou. Disse que não só Divinópolis, mas todos os 53 municípios da macrorregião Oeste movimentam-se para ampliar a oferta de vagas em hospitais e que a solução a médio prazo é a conclusão do Hospital Regional. A previsão é de que a obra seja concluída em meados de 2025.


Contratações

Com a troca da gestão, parte dos colaboradores da UPA assinaram, junto ao Cis-Urg, um contrato emergencial. Pois, como explica a secretária de saúde de Divinópolis, Sheila Salvino, as atividades não podem parar. "Durante esse período emergencial, de 90 dias, o Cis-Urg vai preparar um processo seletivo", explica.

 

As mudanças ocorreram, principalmente, na direção técnica, um dos alvos de críticas. O secretário executivo do Cis-Urg, José Márcio Zanardi, assumiu como gerente administrativo; Marco Antônio Expedito (médico), no cargo de diretor médico; e Cleverson Humberto S. Silva (enfermeiro), na função de gerente assistencial.

 

*Brener Mouroli e Amanda Quintiliano especial para o EM