Escolas, creches e ônibus escolares de Poço Fundo (MG) foram dedetizados para controlar surto de escabiose e prevenir novos casos  -  (crédito: Toninho Rodrigues)

Escolas, creches e ônibus escolares de Poço Fundo (MG) foram dedetizados para controlar surto de escabiose e prevenir novos casos

crédito: Toninho Rodrigues

A cidade de Poço Fundo, no Sul de Minas Gerais, está em estado de surto de escabiose, conhecida como sarna humana. De acordo com a Prefeitura Municipal, foram registrados 26 casos em duas semanas, sendo 21 na área urbana, quatro na área rural e uma pessoa que mora em Machado, mas trabalha em Poço Fundo. Dentre as pessoas contaminadas estão crianças de 6 a 11 anos que estudam na Escola Municipal Dr. Lélio.

 

No dia 5 de julho, as secretarias de Educação e de Saúde foram comunicadas pela escola que haviam seis casos suspeitos da doença. Uma investigação passou a apurar a situação e, no dia 10 deste mês, foram registrados mais 12 casos, totalizando 18 contaminações. O número subiu para 21 no dia 12 e nesta quinta-feira (18/7) foram confirmados o total de 26 casos. O aumento crescente configura estado de surto no município.

 

Diante da situação, a Vigilância Sanitária, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura decidiram suspender as aulas em todas as escolas municipais, estaduais e particulares entre os dias 10 e 12 de julho.

 

 

Durante o período, os órgãos municipais realizaram dedetização na Creche Municipal e em todas as escolas municipais, inclusive do Distrito do Paiolinho e de bairros rurais. Ônibus escolares utilizados pelos alunos também passaram por limpeza e desinfecção. As aulas foram retomadas na segunda-feira (15/7).

 

 

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, uma campanha de conscientização está em andamento nas escolas e será ampliada para outros setores. O objetivo é informar e alertar moradores quanto às formas de prevenção e de tratamento correto da doença. 

 

 

 

Dentre as recomendações da pasta municipal, está a conscientização de famílias. Isso porque, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, as escolas não são o foco da doença, mas os casos têm sido levados para dentro das instituições.

 

A orientação é que, caso uma pessoa do núcleo familiar seja contaminada, os contatos mais próximos também precisarão passar pelo tratamento com medicação específica indicada por médicos, para que o contágio seja evitado.

 

O que é a sarna humana

 

Conhecida popularmente como sarna humana, a escabiose é uma doença de pele provocada por um ácaro chamado Sarcoptes scabiei. A condição é altamente contagiosa e pode se disseminar rapidamente através de contato físico próximo, como entre indivíduos que coabitam o mesmo espaço ou crianças em ambientes escolares.

 

 

As situações mais comuns ocorrem entre familiares que compartilham a mesma residência, mas não está relacionada com falta de higiene. A transmissão sexual é outra forma frequente de adquirir a doença. Ações simples, como um aperto de mão ou um abraço rápido, raramente resultam em transmissão.

 

O ácaro Sarcoptes scabiei pode sobreviver no ambiente por 24 a 48 horas, possibilitando a transmissão por meio de roupas, lençóis ou toalhas, embora essa não seja a via mais comum.

 

Animais domésticos, como cães e gatos, podem ser acometidos pela sarna. No entanto, o ácaro que infecta esses animais é diferente, tornando rara a transmissão para humanos. Como o ser humano não é o hospedeiro padrão da sarna canina ou felina, o ácaro não se reproduz e a infecção dura apenas alguns dias.

 

 

A manifestação clássica da escabiose é uma coceira intensa que se espalha pelo corpo e piora durante a noite. As lesões frequentemente se manifestam nas mãos (especialmente entre os dedos), pulsos, cotovelos, axilas, mamilos, ao redor do umbigo, genitálias, joelhos, nádegas, coxas e pés.

 

As costas geralmente são poupadas, e a cabeça, palmas das mãos e solas dos pés são afetadas mais frequentemente em crianças. Se não tratada, a escabiose pode causar complicações como infecções bacterianas secundárias, resultantes dos arranhões.

 

A prevenção primária da escabiose envolve evitar o contato direto com pessoas infectadas até que estas estejam tratadas. Roupas de cama, toalhas e vestimentas de indivíduos infectados devem ser lavadas em água quente e secadas em alta temperatura para eliminar os ácaros. É possível ocorrer reinfecção, portanto, é importante seguir as recomendações de prevenção e estar atento aos sintomas.

 

 

Segundo o Ministério da Saúde, os itens que não puderem ser lavados devem ficar fechados em saco plástico por pelo menos uma semana, uma vez que ácaros da escabiose geralmente não sobrevivem mais de 2 a 3 dias longe da pele humana.

 

Já o uso de sprays inseticidas e fumegantes não é recomendado e pode ser prejudicial à saúde das pessoas privadas de liberdade que estão em ambientes pouco arejados, de baixa luminosidade e com muita umidade.

 

*Estagiária sob supervisão da subeditora Jociane Morais