Carolina Arruda Leite, diagnosticada com a neuralgia do trigêmeo bilateral, foi internada para realizar uma cirurgia no sábado (27) -  (crédito: Arquivo pessoal)

Carolina Arruda Leite, diagnosticada com a neuralgia do trigêmeo bilateral, foi internada para realizar uma cirurgia no sábado (27)

crédito: Arquivo pessoal

Nesta quinta-feira (18/7), a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) concedeu a Carolina Arruda Leite, de 27 anos, o título de “Guardiã da Esperança”. Segundo a organização, a jovem é responsável por representar e dar voz a milhões de pacientes com dor crônica.


“Carolina, com sua ação corajosa, expôs seu sofrimento e sensibilizou a sociedade para um grave problema de saúde pública. Sua luta e determinação trouxeram à luz a realidade de muitos que enfrentam a dor crônica diariamente. Seu exemplo de coragem e resiliência é um farol de esperança para todos nós”, publicou a SBED.

 


A sociedade também luta pelo reconhecimento da dor crônica como uma questão de saúde pública. Eles defendem os projetos de lei 2250/2024, que propõe a criação da Política Estadual de Enfrentamento da Dor Crônica, e o 336/24, que prevê a criação do Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento da Dor Crônica e pede a inclusão do ensino da dor crônica como matéria obrigatória no currículo dos cursos da área da saúde.

 


Relembre o caso


Carolina Arruda sofre há onze anos de neuralgia do trigêmeo bilateral e sente a pior dor do mundo, segundo especialistas. De acordo com a estudante, a sensação é de "choques elétricos equivalentes ao triplo da carga de uma rede de 220 volts, que atravessam meu rosto constantemente, sem aviso e sem trégua". 

 


A mineira relata como a condição afeta todos os aspectos da vida dela, desde a realização de tarefas simples até a realização de atividades prazerosas, como a leitura, os estudos e a prática de atividades físicas. Após tentar diversos tratamentos para parar a dor, ela optou pela morte assistida na Suíça.


Carolina criou uma vaquinha on-line em 1º de julho e, em 15 dias, arrecadou quase 90% da meta de R$ 150 mil. O valor estipulado serviria para arcar com os gastos da morte assistida na Suíça, mas ela mudou o objetivo da arrecadação.


Uma nova esperança


Com a repercussão do caso, chegou ao conhecimento de Carolina um procedimento que ainda não conhecia. Ela foi internada no dia 8 de julho na Santa Casa de Alfenas, no Sul de Minas, para colocar um implante neuroestimulador na medula espinhal no Gânglio de Gasser, que dá origem ao nervo trigêmeo na face. O procedimento deve ser realizado no dia 27 deste mês.

 


No entanto, a jovem afirmou que não está repensando a decisão de fazer a morte assistida ao aceitar o tratamento. “Se esse procedimento minimizar a minha dor em um grau suportável, eu posso reconsiderar fazer a morte assistida, mas não é nada certo”, conta.


Além da internação, o segundo passo poderá ser a realização de uma cirurgia de radiofrequência ou a implantação de uma bomba de morfina no corpo, que lidera pequenas doses do medicamento no corpo e, durante crises, a paciente pode apertar um botão e liberar doses maiores. Assim como a internação, os procedimentos serão realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).


Tratamento para outros 50 pacientes


A Santa Casa de Alfenas, no Sul de Minas, vai tratar gratuitamente 50 pacientes com neuralgia trigêmeo.  O médico responsável por tratar a jovem, Carlos Marcelo de Barros, é o mesmo que coordena a iniciativa.


Barros, especialista em dor crônica, diz que a ideia inicial do projeto é atender pacientes que não responderam à medicação para a doença. “Vamos tentar selecionar os casos mais graves. Pessoas que têm mais tempo da doença, em maior sofrimento, pacientes que não responderam à medicação. As consultas serão feitas on-line para determinar quais pacientes serão atendidos de imediato ou não.” Apesar disso, todos os 50 escolhidos deverão ser atendidos ainda este ano.


Para participar, os pacientes devem obedecer os seguintes critérios e enviar os seguintes documentos, exclusivamente para o e-mail: solidariedade@santacasaalfenas.com.br

  • documento de identidade;

  • comprovante de endereço;

  • cartão do SUS;

  • comprovação de condição clínica, através de laudo médico e exames recentes

  • carta assinada pelo secretário de saúde do município de origem se comprometendo ao fornecimento de transporte, hospedagem e outras despesas não médicas na cidade de Alfenas, Minas Gerais

  • relatório assinado por assistente social comprovando condição econômica


Após a seleção, serão agendadas consultas on-line com a equipe médica. Se confirmada pela indicação, o paciente terá o procedimento agendado. A Santa Casa informa que a escolha obedecerá critérios exclusivamente clínicos e sociais, como idade, tempo de doença, condição clínica geral do paciente, intensidade dos sintomas e vulnerabilidade econômica.


A instituição de saúde reforça que não serão incluídos pacientes que tenham acesso à saúde suplementar (planos e seguros de saúde).


CVV (Centro de Valorização da Vida)


A recomendação dos psiquiatras é que a pessoa que pensa em suicídio busque um serviço médico disponível. O Centro de Valorização da Vida (CVV) dá apoio emocional e preventivo ao suicídio. Voluntários atendem ligações gratuitas 24h por dia no número 188, por chat, via e-mail ou diretamente em um posto de atendimento físico.