Apenas uma cidade mineira tem taxa de analfabetismo menor entre quilombolas do que a população geral -  (crédito: Freepik)

Apenas uma cidade mineira tem taxa de analfabetismo menor entre quilombolas do que a população geral

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A taxa de analfabetismo na população quilombola (16,2%) é quase três vezes maior do que a da população geral (5,85%) de Minas Gerais, de acordo com o Censo 2022. O levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o estado ocupa a 15ª colocação nacional quanto à taxa de alfabetização da população quilombola de 15 anos ou mais, com 83,80%, ante 94,15% da população geral.

 

No relatório, observa-se que as maiores taxas de analfabetismo estão entre pessoas com pertencimento quilombola. Ao todo, 23 municípios mineiros tinham mais de 1 mil quilombolas com ao menos 15 anos em 2022. Em Minas, 135.315 pessoas se declararam quilombolas no Censo 2022, sendo que 108.336 tinham 15 anos ou mais.

 

 

Dentre as cidades com maiores quantitativos de quilombolas com 15 anos ou mais em Minas, somente Francisco Badaró, no Jequitinhonha, tinha taxa de analfabetismo menor entre os quilombolas do que a população geral em 2022. Em relação à faixa etária, grupo de quilombolas alfabetizados é composto por pessoas mais jovens, sendo 64,5% com idade entre 15 e 44 anos.

 

Domicílio

 

Segundo o levantamento, a diferença entre moradias habitadas pelos quilombolas também é um fator determinante na taxa de analfabetismo. Grupos que moram em territórios quilombolas têm taxa de analfabetismo em 78,54% enquanto os que moram fora de territórios quilombolas oficialmente delimitados têm taxa de 94,15%.

 

 

Esse indicador é intensificado quando avaliado por grupos de idade, visto que há uma redução constante da alfabetização das pessoas quilombolas conforme a faixa etária avança, com redução mais expressiva nos grupos a partir dos 45 anos. As maiores discrepâncias ocorrem entre os grupos de maior idade dentro e fora de territórios quilombolas.

 

Para os quilombolas de 65 anos ou mais, por exemplo, 29% dos que moravam dentro dos territórios quilombolas em Minas eram alfabetizados, enquanto a proporção subia para 50,62% para o mesmo grupo etário e também quilombola, mas moradora de domicílios fora de territórios quilombolas. Já para a população geral, as taxas de alfabetização para este grupo de idade são de 37,10% dentro de territórios quilombolas e de 80,84% fora desses territórios.

 

 

Quando se trata dos domicílios ocupados com ao menos um morador quilombola, observa-se uma concentração quase absoluta dos domicílios do tipo “casa” em uma intensidade maior do que a observada na população geral. Em Minas, 98,45% dos domicílios com ao menos um quilombola eram casas; 1,09% eram apartamentos; 0,24% eram casas de vila ou em condomínio; 0,14% eram estruturas residenciais permanentes degradadas ou inacabadas; e 0,08% eram habitações em casas de cômodos ou cortiços.

 

O acesso a abastecimento de água, destinação do esgoto e existência de banheiro de uso exclusivo aos quilombolas foi analisada pelo IBGE. No estado, 61,2% dos domicílios particulares permanentes ocupados com ao menos um morador quilombola contavam com ligação à rede geral de distribuição de água e a utilizavam como forma principal de abastecimento, enquanto, no conjunto dos domicílios do estado, essa proporção chegava a 87,9%. No mesmo indicador, 27,6% dos domicílios com ao menos um morador quilombola não tinham ligação com a rede geral. Já nos domicílios em geral, a proporção era de apenas 9,6% em 2022.

 

 

Em relação ao total de domicílios com presença quilombola, 10,9% não tinham ligação com a rede geral e recorriam a água de poço profundo ou artesiano, ante 3,4% dos domicílios em geral. Em 62 municípios mineiros com domicílios que tinham ao menos um morador quilombola, nenhum ligação à rede geral de distribuição de água; outros 62 tinham ligação à rede geral em menos da metade das casas ocupadas por ao menos um quilombola.

 

Enquanto 75,8% dos domicílios brasileiros ocupados por no mínimo um quilombola contavam com água canalizada até dentro da habitação, esse percentual chegava a 91% nos domicílios localizados em Minas. Já nos domicílios em geral, o acesso à canalização até o interior das construções era de 95,7% no Brasil e de 98,9% em Minas Gerais.

 

Brasil

 

De acordo com o levantamento do IBGE, o Distrito Federal tem a melhor taxa de alfabetização de quilombolas do país (98,74%), sendo a única unidade da federação na qual a taxa de alfabetização da população quilombola é superior à da população geral. No entanto, em termos absolutos, o DF é a unidade da federação com o menor quantitativo dessa população, com apenas 239 pessoas de 15 anos ou mais. Amazonas (92,93%) e Santa Catarina (92,43%) ocupam a segunda e a terceira colocações no ranking.