A multidão se concentrou na Praça Tiradentes antes de assistir a performances de drag queens, shows e apresentações de Djs -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)

A multidão se concentrou na Praça Tiradentes antes de assistir a performances de drag queens, shows e apresentações de Djs

crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press

A 25ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Belo Horizonte, realizada neste domingo (21/7), contou com a presença de representantes importantes da comunidade, artistas locais e políticos de diferentes partidos de esquerda. O evento, que teve como lema "Celebrar as conquistas, reafirmar a luta", levou milhares de pessoas à Praça Tiradentes, na Região Centro-Sul da capital, de onde partiram atrás de três trios elétricos até a Praça Sete.

 

O público pôde assistir a apresentações e performances de grupos de drag queens, show do cantor Jimmy Andrade e do rapper Rodrigo Raséc, além de DJs que tocaram rock, pop, rap e até louvor evangélico, como "Bondade de Deus", de Isaías Saad. A ONG Mães pela Diversidade também esteve presente, destacando a importância de apoiar a inclusão e a proteção de pessoas da comunidade.

 

 

A secretária nacional dos Direitos da População LGBTQIA+, ligada ao Ministério dos Direitos Humanos, Symmy Larrat, afirmou que o evento é histórico e marca a luta por reconhecimentos de direitos básicos. Posição partilhada pelo presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), o niteroiense Victor de Wolf, que apontou a necessidade de o debate avançar em temas como a intolerância, a formação educacional da sociedade, saúde e questões trabalhistas que atingem a comunidade.

 

"Existe um problema que nós não encerramos: os assassinatos, principalmente de travestis e transexuais. Precisamos de uma política nacional de enfrentamento à violência. É preciso discutir uma pauta verdadeira para a educação. É nela que a gente forma cidadãos e cidadãs", defendeu Wolf.

 

Ele ainda pontuou que também é necessário investir em políticas públicas de saúde e de trabalho, como, por exemplo, drag queens terem a carteira de trabalho assinada por boates e afins. "Queremos uma cidade com mais direitos para mais pessoas".

 

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Para a travesti Cristal Siuves, organizadora do trio Lua de Crixtal, o propósito de um evento como a Parada "é mostrar que a comunidade LGBTQIAP+ existe". Já a drag queen Polaris, que se apresentou pela terceira vez no evento, destacou: "É muito importante para a gente ocupar espaços. Independentemente se a pessoa tem preconceito, nós não vamos embora".

 

Organizadora do trio Lua de Crixtal, a travesti Cristal Siuves destacou a importância da Parada para "mostrar que a comunidade LGBTQIAP+ existe"

Organizadora do trio Lua de Crixtal, a travesti Cristal Siuves destacou a importância da Parada para "mostrar que a comunidade LGBTQIAP+ existe"

Leandro Couri/EM/D.A Press

 

A um mês para o início de campanhas eleitorais, pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte e postulantes à vereança estiveram presentes no evento. O pré-candidato e deputado federal Rogério Correia (PT) afirmou que a ida ao evento tem como objetivo colher sugestões de melhorias para a comunidade. "Vim com o espírito de pegar sugestões para a causa LGBT e a pergunta que fiz é: 'O que você espera de um prefeito que seja aliado?'", contou o petista, que passou a elencar possíveis políticas de emprego, moradia, segurança e saúde. "Não são reivindicações diferentes do povo de Belo Horizonte, mas devem ser vistas com a especificidade de um povo que sofre muito preconceito", concluiu.

 

"É muito importante para a gente ocupar espaços", defendeu a drag queen Polaris, que se apresentou pela terceira vez no evento

"É muito importante para a gente ocupar espaços", defendeu a drag queen Polaris, que se apresentou pela terceira vez no evento

Leandro Couri/EM/D.A Press

 

A deputada federal Célia Xakriabá (Psol-MG) afirmou que as lutas da população LGBTQIAP+ não são diferentes das dos povos originários nem da população negra e que a atuação no Congresso tem como objetivo a manutenção de direitos já conquistados, como o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo, e a luta por temas que ainda afetam negativamente essas minorias, como intolerância, violência e outros. A parlamentar afirmou que há minorias sexuais entre lideranças indígenas e que a luta também se estende a esse grupo. Xakriabá relembrou a afinidade da sua sigla com as pautas LGBTQIAP+, citando que a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que se identifica como travesti, é a líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados.

 

O vereador Pedro Patrus (PT) destacou a importância do evento para a economia da capital mineira, principalmente para os setores hoteleiros e de comércio, mas destacou as lutas na Câmara de BH. "Temos um projeto que coloca o dia da Parada LGBTQIAPN+ no calendário oficial da cidade", citou o parlamentar. Estiveram presentes também o vereador Bruno Pedralva (PT), a deputada estadual Bella Gonçalves (Psol) e a deputada federal e pré-candidata à prefeitura, Duda Salabert (PDT).

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Policiamento e brigadistas


Apesar da grande quantidade de policiais fazendo a segurança da Parada LGBTQIAP+, foram relatados para a reportagem, tanto por vítimas, quanto por agentes de segurança, casos de furtos de celulares, comuns em eventos que envolvem multidões. Ao longo do evento, os apresentadores reforçaram pedidos de atenção aos pertences e orientaram o público que, em caso de perda ou qualquer problema, buscasse uma base da Polícia Militar que estava próxima ao local. Foi montada uma tenda com enfermeiros e brigadistas para atendimentos, além da disponibilidade de ambulâncias para atender os participantes que necessitassem de um apoio.