Junho de 2024 foi o mês com mais registros de incêndios nos últimos cinco anos -  (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press)

Junho de 2024 foi o mês com mais registros de incêndios nos últimos cinco anos

crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press

Minas Gerais bateu o recorde de incêndios em vegetação em junho deste ano. De acordo com o Corpo de Bombeiros do estado (CBMMG), foram registrados 3.812 focos de incêndio nesse período, o maior número do ano até agora e o maior do mês se comparado aos cinco últimos anos. O valor representa 32% do total em 2024 (11.850), quase um terço dos registros.


Segundo o tenente da corporação Leonan Soares, vários fatores contribuem para o aumento de incêndios no período, principalmente os climáticos. Durante a transição entre outono e inverno, o país também enfrentou a transição dos fenômenos El Niño e La Niña, intensificando o período de estiagem típica da época do ano.


“Os fenômenos alteram os ciclos de chuva e as massas de ar quente, duas condições que contribuem para a recorrência dos incêndios florestais. Com o tempo mais quente e a falta de chuvas, teremos condições mais favoráveis à ocorrência de incêndios”, disse.

 

 

Embora o período de seca contribua diretamente ao aumento de incêndios florestais, ele não é o causador do agravamento. A causa dos focos pode ser desde a queima de uma área de mata que se propaga para outra, bitucas de cigarro e balões até incêndios criminosos. Já a falta de chuva e baixa umidade relativa do ar contribuem para a rápida propagação do fogo em áreas de vegetação.


De acordo com a meteorologista Anete Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a antecipação do período seco deste ano pode colaborar com o aumento dos incêndios. O período de seca se iniciou em abril neste ano e não em maio como normalmente ocorre.

 

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“O tempo seco não é a causa dos incêndios. Segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, a principal causa dos incêndios é a ação antrópica, ou seja, as pessoas é quem iniciam a queima. O tempo seco apenas favorece a propagação do fogo”, explica Fernandes.


Áreas mais afetadas


Neste ano, até o mês de junho, o Sul de Minas foi a região mais afetada, seguida das regiões do Triângulo e Noroeste. Historicamente, os registros se iniciam na Região Sul, e, ao longo do período de estiagem, os focos de incêndio mudam. Nos meses de setembro e outubro, que marcam o final do período seco no Estado, o Norte mineiro é mais afetado do que as outras regiões.

 

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Prevenção e combate de incêndios 


No mês de julho, o número de incêndios também é alto, com 2.263 registros pelo Corpo de Bombeiros até esta segunda-feira (22/7). Embora não seja possível prever uma piora no quadro, a expectativa é que não chova no estado até sexta (26/7), dando continuidade no período seco.


Por esta razão, as ações de prevenção e controle de incêndios realizadas pelos bombeiros são de grande importância.


“Com base nas previsões de aumento da temperatura e considerando que estamos já no período de estiagem, nós reforçamos nossos efetivos em todas as unidades e estamos com uma estrutura de coordenação e controle específica ativa para agilizar os atendimentos. Esse reforço é uma resposta antecipada caso a expectativa meteorológica se confirme negativamente”, informou o tenente Soares.


De acordo com o militar, a corporação visitou áreas avaliadas como necessitadas no primeiro semestre de 2024. A ação é feita anualmente após o período de chuvas, durante o verão, para que se possa entender quais áreas precisarão de atenção no ano seguinte. O objetivo é construir meios preventivos, conscientizar a população próxima e treinar brigadistas caso algum incêndio aconteça.


Soares explica o funcionamento das ações realizadas pelos bombeiros depois de receber o treinamento e as áreas de risco terem sido avaliadas.


“Após esse ciclo, posicionamos militares especializados nesta atividade nas áreas de maior risco e controlamos os acionamentos, bem como o surgimento dos incêndios por satélite, para que estas equipes possam atuar o quanto antes. Isso diminui os impactos naquelas regiões e alimenta nosso banco de dados para analisar e planejar o próximo ciclo”, conclui.


*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata