Quatro estabelecimentos comerciais em Belo Horizonte e em Contagem, na região metropolitana, foram autuados pela Polícia Civil por furto de energia elétrica, também conhecido como “gato”. Em uma das fiscalizações, o proprietário do comércio foi preso em flagrante. As autuações fazem parte da Operação Curto-Circuito, desencadeada nesta quarta-feira (24/7) em parceria com a Cemig.
A investigação é conduzida pelo Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio (Depatri), que é acionado assim que a Cemig identifica alguma discrepância nos medidores de energia. Estimativas da empresa apontam que os gatos provocaram prejuízo de aproximadamente R$ 142 milhões apenas em 2023. Além da perda de arrecadação, o furto de energia também provoca danos na rede elétrica.
"A Cemig trabalha com um dimensionamento de carga. Uma vez que você começa a consumir mais carga do que aquela rede está dimensionada, automaticamente você provoca a necessidade de uma manutenção, seja preventiva ou mesmo de reparação aos danos causados na rede", explica o chefe do Depatri, delegado Felipe de Freitas.
O delegado também explica que, pelo fato dos gatos necessitarem que o lacre do relógio de energia seja corrompido, o furto cometido pelos estabelecimentos é do tipo qualificado, com pena que varia de 2 a 8 anos de prisão. Os proprietários dos comércios também podem ser indiciados por outros crimes.
"Uma vez que se tem um enriquecimento ilícito e isso acaba compondo parte do lucro da empresa, já que empresa passa a ter um ganho indevido por estar gastando menos energia elétrica, isso também pode caracterizar os crimes de sonegação e de lavagem de dinheiro, que será o segundo momento da nossa investigação", detalha o delegado.
Nesta terça-feira foram realizadas inspeções técnicas em quatro estabelecimentos comerciais para identificar possíveis gatos de energia - em todos foram encontradas fraudes. O dono de uma panificadora localizada no Bairro Arvoredo, em Contagem, que já era reincidente no crime, foi preso em flagrante. Os proprietários dos outros três comércios não foram localizados, mas devem ser intimidados para responder aos inquéritos policiais.
O delegado Daniel Couto detalha três formas diferentes que os suspeitos encontraram para cometer as fraudes. Em uma das modalidades, é feito apenas pelo rompimento do lacre. Em outra, é instalado um aparelho que faz com que parte da energia elétrica não passe pelo medidor.
"E você tem essa terceira situação, na qual os praticantes do gato tiram o relógio e colocam no poste. Nessa situação, o relógio fica danificado. É feito um buraco na lateral e criam um curto-circuito no sistema, que passa a não contabilizar mais a energia que está sendo gasta", explica.
Até o momento, foram identificados oito alvos da operação na capital e na região metropolitana. “A Cemig vem auditando seus sistemas, de forma a identificar outros alvos potenciais e, a partir disso, desencadearemos novas intervenções em todo o estado”, afirmou o chefe do Depatri.