A falsa enfermeira Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas, que enganou um grupo de empresários de Belo Horizonte que tentava burlar a fila de vacinação contra a COVID-19, será ouvida em julgamento no dia 4 de setembro. Nesta quarta-feira (31/7), a Justiça realizou a sessão de interrogatórios das testemunhas no Fórum Lafayette, no Centro de Belo Horizonte.
Inicialmente, estavam previstas 24 testemunhas, entre acusação e defesa, mas apenas dez foram ouvidas. Entre eles, um dos donos da empresa de transporte, onde foi flagrada a aplicação das vacinas em março de 2021. Em seu depoimento, o empresário disse que não conhecia a acusada e foi até lá a convite de seu irmão, que havia feito contato com a falsa enfermeira. As demais foram dispensadas pela promotoria e defesa.
A nova audiência está marcada para às 13h na 4ª Vara de Tóxicos, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores, também no Fórum Lafayette. O marido, a filha, o genro e o irmão de Cláudia, todos indiciados por envolvimento no esquema, também serão ouvidos. Outras duas testemunhas consideradas imprescindíveis, uma delas vítima do golpe, também serão ouvidas na sessão marcada para setembro.
Falsa enfermeira aplicou soro fisiológico
O caso veio à tona depois que vizinhos de uma garagem de ônibus no Bairro Alto Caiçaras, na Região Noroeste de BH, filmaram a falsa enfermeira de jaleco branco aplicando injeções em pessoas dentro de carros. Na época, em março de 2021, a campanha de imunização contra a COVID-19 estava se iniciando no país, e apenas idosos e profissionais da área de saúde estavam sendo vacinados.
A cuidadora de idosos se passava por enfermeira e cobrava R$ 600 por duas doses do que garantia ser da vacina. As investigações da Polícia Federal concluíram que ela aplicou injeções com soro fisiológico no lugar do imunizante contra COVID-19, utilizando o nome do laboratório Pfizer. Ela também preenchia, de próprio punho, os cartões de vacinação das vítimas.
A venda das supostas vacinas era realizada em nome da empresa Vaccinando. As aplicações foram feitas também em condomínios de luxo da capital mineira e de Nova Lima, na Grande BH. Os empresários que demandaram as doses chegaram a ser investigados no inquérito por supostamente furarem a fila da vacinação contra a COVID-19. Contudo, como se comprovou que os imunizantes eram falsos, eles passaram a ser tratados como vítimas de estelionato.
O marido, a filha, o genro e o irmão de Cláudia também foram indiciados por participação no esquema. Claudia foi presa em março de 2021, mas deixou a prisão cinco dias depois após conseguir um habeas corpus.