Uma jovem está vivendo dias de muitas dores e dificuldades depois de não conseguir realizar, nessa quarta-feira (3/7), uma cirurgia no Hospital Maria Amélia Lins, por causa dos defeitos nos elevadores da instituição - a demora para solucionar o problema técnico resultou no adiamento do procedimento cirúrgico. Bárbara Moraes, de 26 anos, precisa passar por cirurgia após quebrar a perna em 20 de junho, quando o elevador número 5 do Edifício Mirafiori, prédio do Centro de Belo Horizonte, despencou com mais de 20 pessoas.

 

Bárbara conta toda a história em detalhes e lembra o dia do acidente. Ela estava trabalhando no 19° andar do Mirafiori, onde exerce a função de assistente de atendimento no Tribunal de Justiça. Por volta das 17h30 do dia 20 de junho, a jovem tinha batido ponto para ir embora. Foi para o corredor esperar pelo elevador, que chegou lotado, com 22 pessoas, ultrapassando o limite de 17 ocupantes.

 

“Não contei quantas pessoas tinha dentro dele, vi que me cabia e entrei. Assim, começou o terror. O elevador estava descendo até normal, mas quando chegou lá embaixo, ele não abriu a porta no térreo, abriu entre a parede e o subsolo”, relembra.

 

 


 

Foi então acionada a equipe técnica do elevador, que decidiu fazer a manutenção com os mais de 20 ocupantes dentro. “Falaram que iam fechar a porta para arrumar o elevador. Deixaram a gente lá dentro sem ar, e meninos começaram a passar mal”, diz.

 

Entre os ocupantes estavam estudantes do Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac), que pegaram o elevador no 15º andar. “Começamos a pegar as garrafinhas de água e jogar no rosto dos meninos e no nosso rosto para conseguir respirar e ficar mais tranquilo”, relembra ela.

 

Em dado momento, o elevador começou a piscar as luzes, o que deixou os estudantes mais assustados com a situação. Assim, uma menina desmaiou, mas foi segurada por Bárbara. “Passei o braço dela em volta do meu pescoço e segurei pela cintura, para ela não cair. E falei para um menino que estava atrás de mim para apoiar a cabeça dela, para não ficar bamba”, diz.

 

 

Durante a manutenção, o elevador foi para o último andar e começou a descer com a porta aberta, em uma velocidade maior do que a comum até bater nas molas no fundo do poço. “Quando chegou no térreo, ele fez aquela 'abaixadinha' para parar e, aí sim, ele despencou. Não estávamos esperando isso, todo mundo sentiu muito, o teto despencou em cima da gente, as laterais do elevador e as lâmpadas caíram”, ressalta.

 

Bárbara relembra que diversas pessoas começaram a gritar de dor, momento em que percebeu que quebrou a perna. Ela pediu que os meninos segurassem a estudante desmaiada, porque não conseguia ficar em pé. Cinco minutos depois, os ocupantes foram retirados, mas Bárbara precisou do auxílio dos alunos do Senac para conseguir sair dali.

 

Ela foi levada para o João XXIII, onde constataram múltiplas fraturas e instalaram um suporte na perna. Posteriormente, a assistente do Tribunal de Justiça foi encaminhada para o Hospital Maria Amélia Lins, onde ficou por uma semana. Ela diz que, durante esse tempo no hospital, nunca sentiu tanta dor na vida, sempre precisando de remédios para aliviar a agonia.

 

Disseram para ela que era necessária uma cirurgia para colocar parafuso e placa na perna. Então, foi mandada para casa, onde ficaria esperando a intervenção médica, marcada para essa quarta.

 

 

O hospital informou para ela que a cirurgia teria que ser adiada. Bárbara foi embora e, na tarde dessa quarta, combinaram uma nova data, em 10 de julho. “Falei: 'Nossa, mas na semana que vem? Estou com tanta dor que vocês não têm noção, não desejo isso para ninguém. Tentem pelo menos um encaixe, por favor'. Mas disseram que não tem como”, conta.

 

Em relação aos elevadores estragados, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informou que um dos elevadores do Hospital Maria Amélia Lins apresentou problemas na noite dessa terça-feira, mas na quarta-feira, após manutenção, voltou a funcionar normalmente.

 

Bárbara conta que, em nenhum momento, a empresa do elevador do Mirafiori prestou auxílio. Ela procurou tanto o Mirafiori quanto a Simem Elevadores para prestar assistência e cobrir os custos. Ela foi informada de que o procedimento feito pelo técnico foi o correto. “Acho que não foi um procedimento de segurança, deviam ter chamado o Corpo de Bombeiros ou desligado o equipamento. Não tentar arrumar algo com 22 pessoas lá dentro”, desabafa.


Polícia Civil, Simem Elevadores e Mirafiori foram procuradas pela reportagem, mas até o momento não houve retorno.

 

*Estagiário sob supervisão do subeditor Thiago Prata

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