O homicídio de duas crianças e um homem durante um ataque a uma festa infantil, em um sítio em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 23 de maio, teria sido encomendada por um traficante de dentro da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Heitor Felipe Moreira de Oliveira, de 9 anos, e Laysa Emanuele, de 11, foram baleados por dois homens armados que invadiram o local onde acontecia a comemoração. Além das crianças, o pai do menino também morreu, e outras três pessoas ficaram feridas.
De acordo com o delegado Marcus Rios, o crime foi motivado por uma disputa por um ponto de venda. Dentre os mandantes, estão integrantes de organizações do Bairro Joana Darc, na Região do Barreiro, e do Morro Alto, em Vespasiano, também na Grande BH.
“Os mandantes queriam fazer uma alteração na criminalidade do Morro Alto, para evitar que essa mudança causasse revoltas”, informou Rios.
Ainda segundo as investigações, a morte das crianças não foi um “acidente” e sim o objetivo dos atiradores e mandantes. O delegado explica que o objetivo do grupo era, além de matar Felipe Moreira Lima, fazer o maior número de vitimas para passar um “recado” e evitar que outras pessoas intervissem na mudança da chefia do tráfico.
“Todas as informações apontam que o crime foi praticado visando não só matar o alvo, que era o pai do aniversariante, mas também outras pessoas que estavam na festa, incluindo as crianças”, disse o responsável pela investigações.
Mandantes e executores
Os atiradores foram reconhecidos pelos participantes da festa e seriam próximo às famílias das vítimas. A informação foi confirmada pela mãe de Heitor Felipe Moreira de Oliveira na época do crime. Pelas redes sociais, Evelen Eduarda afirma que os homens eram amigos da família. Em uma das publicações, a viúva publicou uma foto de quem seria um dos atiradores abraçado com Heitor Felipe, ainda bebê.
“Quem matou o sonho do meu filho eram pessoas que abraçavam ele, o pai dele e o pai da minha sobrinha. Pessoas que falavam que podia-se sempre contar com eles. Que se passam de bom para todos, falam que ajudam em tudo”, escreveu Evelen.
Os homens apontados como mandantes e executores do ataque são: Flávio Celso da Silva, vulgo “Alemão”; Leandro Roberto da Silva, o “Beirola”; Fabiano Alves Campos, o único que não tem apelido; Agnes Darnlei Santos Nascimento, o “Biscoito”, e Marcelo Alves Rodrigues, que tem duas alcunhas, “Tio Gordo” e “Bola Sete”. Entre os cinco, dois seriam mandantes e três, executores.
A identificação foi feita a partir de vídeos a que a Polícia Civil de Minas Gerais teve acesso e mostram quando os criminosos se aproximavam do local da festa e fizeram comentários. Em outra gravação, “Alemão” aparece empunhando um revólver, já dentro da festa. Os mandados de prisão para os cinco suspeitos foram emitidos pela Justiça, com base em um relatório da corporação. Um sexto envolvido, Yago Pereira de Souza Reis, de 24 anos, está preso. Ele foi baleado no dia do crime e capturado.
Uma mulher, identificada como Ivone Silva de Almeida, de 42 anos, foi presa na última sexta-feira (5/7). Ela é suspeita de ser a responsável por passar para os autores do ataque a localização da festa. Conforme o delegado Marcus Rios, ela estava na comemoração, e sua filha é uma das pessoas atingidas pelos disparos. Aos policiais, Ivone negou envolvimento no crime.
O crime
A chacina aconteceu no fim da festa de aniversário de Heitor Felipe e sua irmã. Izaltina Luciana Moreira, mãe e avó de duas vítimas, conta que dois homens aproveitaram que o portão do sítio estava aberto e entraram no local, já disparando as armas, “sem olhar em quem estavam atirando”. De acordo com o boletim de ocorrência, o alvo do ataque era Felipe Moreira Lima, pai dos aniversariantes e que tinha envolvimento com o tráfico de drogas na Região do Bairro Morro Alto, em Vespasiano.
Felipe foi atingido, ao menos, 12 vezes por disparos e morreu no local. Ainda conforme o registro, ele estava em guerra com traficantes do Bairro Bela Vista, em Santa Luzia, uma vez que queriam que a vítima passasse a comercializar os entorpecentes fornecidos por eles. “Sempre avisei o Felipe que ele não tinha amigos. Uma frase que levo para a vida toda é: seu amigo de hoje é seu inimigo de amanhã. O crime é podre”, publicou a esposa de Felipe.
Além de Felipe, Heitor e Laysa, outras três pessoas foram baleadas e encaminhadas a uma unidade de saúde, entre elas uma adolescente, de 13 anos, atingida na canela, uma jovem, de 19, ferida na nádega e uma mulher, de 41, baleada nas costas e cintura.
Prisão
Horas depois do ataque, o homem de 23 anos, reconhecido por testemunhas, deu entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento, em Contagem, com ferimentos de disparos de arma de fogo no joelho, tórax e quadril. A polícia acredita que o suspeito foi atingido pelo próprio comparsa durante a luta corporal com as mulheres que tentaram impedir o ataque.
O suspeito foi transferido para o Hospital Municipal de Contagem, onde segue internado sob escolta policial. Por meio de nota, a Polícia Civil informou que o suspeito detido foi autuado em flagrante por triplo homicídio qualificado e recolhido no sistema prisional onde encontra-se à disposição da Justiça. Além disso, a corporação pediu a decretação da prisão temporária do homem, pelo prazo de 30 dias, podendo ser prorrogada. “A investigação encontra-se em andamento a fim de identificar e localizar demais suspeitos.”
Crime premeditado
Os suspeitos de matar as crianças gravaram um vídeo apontando onde aconteceria o ataque. Conforme a Polícia Militar, o crime foi motivado por desavenças do tráfico de drogas. O alvo seria o pai do aniversariante, Felipe Moreira de Oliveira, uma das vítimas. Nas imagens feitas dentro de um carro, quatro homens passam pela rua onde acontecia a comemoração e debatem se ali seria o local onde o alvo estaria. Ao se aproximar do sítio, o motorista do veículo aponta para a decoração do local: “Cheio de serpentina lá.”
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Em seguida, o carona, que está fazendo as imagens, afirma que aquele era o lugar da festa: “Fechou, cheio de menino". Horas depois do ataque, o homem de 23 anos, reconhecido pelas testemunhas, deu entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento, em Contagem, com ferimentos de disparos de arma de fogo no joelho, tórax e quadril. A polícia acredita que o suspeito foi atingido pelo próprio comparsa durante a luta corporal com as mulheres que tentaram impedir o ataque.
O suspeito foi transferido para o Hospital Municipal de Contagem, onde segue internado sob escolta policial. O segundo homem, de 26 anos, apontado como autor dos disparos, até o fechamento desta edição, ainda não havia sido localizado.