Pais de alunos do Colégio Jesuítas, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, em Minas Gerais, divulgaram uma nota de repúdio contra “atitudes de discriminação” e “preconceito” por parte de estudantes do ensino médio. Os episódios teriam acontecido durante o torneio esportivo da instituição, que ocorreu ao longo desta semana.

 

No documento, o grupo afirma que outros alunos têm sido “humilhados com base em argumentos socioeconômicos”. Além disso, os jovens teriam proferido “gritos racistas e preconceituosos”.

 

“É inadmissível que, em um ambiente educacional, estudantes se comportem de maneira tão desrespeitosa e insensível, utilizando desses argumentos como motivo de escárnio e humilhação. Tais atitudes não apenas ferem a dignidade individual, mas também vão contra os princípios de igualdade e respeito que devem reger qualquer comunidade acadêmica”, consta na nota de repúdio.

 



 

Desde que a nota foi divulgada, viralizou nas redes sociais camisas personalizadas pelos alunos para os jogos da instituição. Em uma delas, o adolescente escreveu “não atendo SUS”. Em outra, no lugar onde estaria o nome consta: “papai paga minha faculdade”.


Camisas com ofensas usadas por alunos do Colégio dos Jesuítas durante torneio esportivo da instituição

Redes Sociais / Reprodução

 

No regulamento dos jogos estudantis, publicado no site da escola, consta que os alunos que desrespeitarem os adversários, companheiros de time, ao público e aos árbitros poderão ser desclassificados. “O desrespeito aos adversários, aos companheiros, ao público e aos árbitros não será tolerado, podendo ser desclassificada do torneio a turma que tenha algum de seus participantes não se comportando dignamente conforme as regras do esporte, bem como a disciplina do Colégio”, informa o texto.

 

Repercussão

 

Em uma publicação sobre o tema, no perfil “JFdepressão”, diversas pessoas questionam como as crianças conseguiram entrar no colégio com a camisa personalizada e se responsáveis por elas estariam, ou não, cientes do que havia sido escrito.

 

“Os pais e o colégio não viram as camisas? Triste realidade: rico pode humilhar e destratar pobre! Pode ser arrogante e preconceituoso! Sabe o que isso vai dar? Em nada!”, escreveu um seguidor da página.

 

“Quem pagou pelas camisas? A família possivelmente está toda envolvida nisso … Esses serão os futuros profissionais da saúde, estes serão os senhores juízes e políticos que decidirão o futuro da sociedade. Esse tipo de pessoa, isso não tem cura, o pensamento de superioridade não tem cura”, escreveu outro seguidor.

 

De acordo com a mãe de um aluno da instituição, em entrevista ao G1, ao longo da semana vários pais procuraram a coordenação para informar sobre os posicionamentos preconceituosos e pedir que providências fossem tomadas. No entanto, nenhuma medida de fato teria sido tomada.

 

“Dizem que estão tomando as devidas providências, dizem que estão recolhendo as camisas, depois voltam atrás. Estamos no aguardo de uma resposta e de uma postura. O problema não é só a camisa. Fizeram musiquinhas cantando que integral [bolsistas] não se alimentam com filé mignon. São coisas que entristecem”, disse a mulher ao G1.

Por meio de nota, o Colégio de Jesuítas se solidarizou com todos os estudantes e familiares que foram ofendidos durante os episódios de ofensas. A escola afirmou que todos os estudantes coabitam e usufruem dos mesmos espaços e são respeitados e incentivados a se respeitarem. “A instituição reconhece seu erro ao não supervisionar a produção de camisetas e assegura que está atendendo todas as famílias e alunos, mediando as relações para restabelecer a convivência harmoniosa e respeitosa que sempre caracterizaram a escola”, informou a nota.

 

Confira a nota de repúdio dos pais na íntegra:

 

“Nós, pais e alunos do integral expressamos nosso profundo repúdio às atitudes de discriminação e preconceito por parte turmas do ensino médio matutino que têm humilhado com base em argumentos socioeconômicos, além de proferirem gritos racistas e preconceituosos.

 

É inadmissível que, em um ambiente educacional, estudantes se comportem de maneira tão desrespeitosa e insensível, utilizando desses argumentos como motivo de escárnio e humilhação. Tais atitudes não apenas ferem a dignidade individual, mas também vão contra os princípios de igualdade e respeito que devem reger qualquer comunidade acadêmica.

 

Os gritos racistas e preconceituosos são uma afronta direta aos valores de diversidade e inclusão que o colégio preza. Esse comportamento perpétua a discriminação e impede o avanço de uma convivência saudável e respeitosa entre todos.

 

Reiteramos nosso compromisso com a construção de um ambiente educacional mais justo e igualitário, onde todas as pessoas sejam tratadas com o respeito e a dignidade que merecem, independentemente de sua raça, cor ou condição econômica. Esperamos que a instituição tome medidas firmes e eficazes contra os responsáveis por essas atitudes.

 

Estamos solidários com todos aqueles que foram ofendidos e prejudicados por tais comportamentos e continuaremos a lutar por um espaço acadêmico mais inclusivo e respeitoso”

 

Confira o posicionamento do Colégio dos Jesuítas na íntegra

 

"Reafirmamos que todos os estudantes do Colégio dos Jesuítas coabitam e usufruem dos mesmos espaços e são respeitados e incentivados a se respeitarem. Todos os educadores, docentes e não-docentes, atuam pela formação integral dos alunos.

 

O Colégio dos Jesuítas se solidariza com todos os estudantes e seus familiares diante dos casos de ofensa ocorridos durante suas Olimpíadas. A instituição reconhece seu erro ao não supervisionar a produção de camisetas e assegura que está atendendo todas famílias e alunos, mediando as relações para restabelecer a convivência harmoniosa e respeitosa que sempre caracterizaram a escola.

 

O Colégio dos Jesuítas permanecerá com a agenda disponível para os diálogos neste sábado e na próxima semana, reforçando seu compromisso com gestos de gentileza, respeito e amor ao próximo.

 

O Colégio dos Jesuítas segue firme no propósito de educar, entendendo que é sempre tempo de reafirmar o amor ao próximo, a harmonia, a justiça e a esperança"

compartilhe