A MetroBH, concessionária que administra o sistema metroviário de Belo Horizonte, iniciou no último sábado (13/7) as obras de revitalização da via permanente em um trecho de 300 metros que corresponde à malha da Estação Central.

 

Os trens, que circulam em intervalos médios de 7,5 minutos, passaram a funcionar de 13 em 13 minutos nos horários de pico (das 6h às 8h30 e das 16h30 às 19h), no último sábado e seguem assim até o próximo domingo (21/7). Nesta segunda-feira (15/7), o primeiro dia útil após o começo das obras, usuários do metrô relataram atrasos e superlotação nas estações e vagões. 


A bancária Lorena Mendes é moradora de Contagem, na Região Metropolitana, e trabalha de segunda a sexta-feira na capital mineira. Ela saiu às 8h10 da Estação Eldorado e, em razão das obras, chegou atrasada no trabalho neste primeiro dia. “Hoje foi difícil. Eu saí mais cedo para chegar mais cedo no trabalho, mas acabei chegando até depois do horário. Fiquei quase 20 minutos parada na Estação Lagoinha”, pontua. 




 

“Eu espero que tenha alguma melhora com essa obra. A gente acha que vai melhorar e tem a impressão de que está cada dia declinando um pouco”, completa Lorena. 


O pintor Marco Aurélio Santos utiliza o metrô no início do horário de pico, às 6h. Ele sai de Contagem no início da manhã e retorna às 16h. “Fiz a baldeação duas vezes, estava lotado [o metrô], muito mesmo. Vai complicar muito a vida da gente que tem horário de serviço, que trabalha. Hoje eu cheguei meia hora atrasado”, narrou. 

 


Até a conclusão da revitalização do trecho, os usuários precisarão ainda fazer uma baldeação na Estação Central para seguir a viagem nos horários de maior movimento. Os passageiros que vão sentido à Estação Eldorado precisam desembarcar na Estação Central e embarcar no lado contrário, assim como os passageiros que vão rumo à Estação Vilarinho. De acordo com a concessionária, os usuários serão orientados no local por agentes, placas e avisos. 


Fora dos horários de pico não há necessidade de baldeação, pois os trens funcionarão em linha simples, ou seja, a mesma via para ambos os sentidos. Nesse caso, o intervalo é maior e as composições vão circular a cada 18 minutos. No próximo fim de semana, dias 20 e 21, os trens vão funcionar com intervalo de 20 minutos.  


O diretor de Operações da concessionária, Frank Ferreira, destaca que os trens precisaram parar em algumas estações por um período maior de tempo para evitar que chegassem juntos. “O objetivo era não ter confronto de usuários na plataforma caso os trens chegassem juntos. Por questões de segurança, nós seguramos os trens, ora em uma estação, ora em outra. Essa estratégia está mantida”. 

 

Estrutura antiga vai a leilão


A via permanente corresponde a toda estrutura dos trilhos e será completamente substituída até março de 2027 no projeto de revitalização da malha metroviária da capital mineira. O trecho da Estação Central faz parte da segunda etapa do plano, que irá reconstruir 3,2 km do trajeto entre Calafate e Santa Tereza, e deve ser concluído até março de 2025. Dessa forma, após a conclusão, as obras seguem na via até a Estação Vilarinho, alternando em pontos de 300 metros. 


Segundo a concessionária, as estruturas que estão sendo retiradas e substituídas serão leiloadas. A empresa, no entanto, ainda não detalhou se há possibilidade de descarte e onde esses resíduos serão descartados. “Pelas normas técnicas, a via precisa ser substituída, mas o material ainda está bom para outros tipos de operação”, conta Luiz Grippi, analista de Engenharia de Manutenção de Via Permanente da MetrôBH.  

 

Grippi afirma que os materiais utilizados na revitalização podem durar mais de 30 anos. “Estamos utilizando mais fios de armação nos dormentes (estrutura que sustenta os trilhos) e um polímero mais resistente para isolar a eletricidade nos trilhos”, explica Grippi. 


‘Não queremos palavras bonitas’

Para a ampliar a malha metroviária até a região do Barreiro, famílias que vivem nas proximidades de onde passará a linha 2 precisarão ser reassentadas. A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou, nessa segunda-feira, uma audiência pública para debater as propostas de expansão e construção da nova linha do metrô de Belo Horizonte, no entanto, MRS Logística e MetroBH não participaram da reunião. 


“Estamos sem explicação nenhuma. Uma terceirizada chegou, marcou nossa casa e avisou que iríamos sair. Não temos respostas de onde vamos morar, quando vamos sair, quando vão ser pagas. Não adianta mandar ‘textão’, nós somos mães, trabalhadores, não temos tempo. Não queremos palavras bonitas”, afirmou Patrícia Gonçalves de Souza, moradora da região que será desocupada. 


O superintendente de Transporte Intermunicipal e Metropolitano da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra-MG), Diego Pessoa, explicou durante a audiência que 300 remoções estão sendo analisadas pela pasta, proposta por plano entregue pela concessionária. 


Pessoa ainda ressaltou que o projeto em via singela para a linha 2 foi aprovado em caráter preliminar e que estudos ainda serão realizados. “A Seinfra não aprovou a linha singela, ela autorizou que os estudos fossem feitos sobre os impactos, com algumas condicionais. Não há uma decisão sobre isso. Caso seja aprovado, haverá reequilíbrio dos investimentos”, explica.

 

O representante da pasta argumentou que a remuneração da concessionária é impactada pelo desempenho operacional, então, caso a linha singela impacte a entrega do serviço, a concessionária é penalizada financeiramente. 

 

A MetrôBH não se posicionou sobre as reclamações dos moradores. 

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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