A Vila Pau Comeu, no Bairro São Lucas, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, uma das principais da capital mineira, é hoje um dos maiores pontos de distribuição de drogas, e por isso, foco de uma operação, na manhã desta quarta-feira (17/7). A Polícia Civil prendeu um homem, que era olheiro do tráfico de drogas, e apreendeu uma mulher, além de 12 quilos de maconha, uma balança de precisão, cinco celulares e dinheiro.


Segundo o delegado Rodolfo Tadeu Machado, do Denarc (Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico), as investigações acontecem há cerca de um ano, e a operação desta quarta foi para cumprir 13 mandados de busca e apreensão, com o objetivo principal de colher provas.

 






No total, 80 policiais civis participaram da operação, que contou ainda com a participação da PM, por meio do Tático Móvel e dos cães farejadores da Polícia Civil (Core). “Considero que a operação foi positiva, pois nos permitiu detectar o modus operandi dos traficantes, além de tornar evidente a disputa da favela por gangues rivais.

 


Modus operandi

 

“Existe uma conexão entre as organizações do Pau Comeu e da Serra, sendo que a primeira favela é um local estratégico para o tráfico. Eles modernizaram a distribuição de drogas. Por exemplo, na venda a varejo, o comprador passa num local, paga pela droga e a recebe em outro ponto da favela. Existe também a venda por delivery, em que motoqueiros fazem a entrega da droga”, diz o policial.


“A inovação acontece, também, na venda por atacado. Eles vendem porções de 10, 20 e 30 quilos, e estas drogas estão estocadas em vários pontos da Grande BH, o que evita que aconteçam grandes apreensões e assim causem um grande prejuízo. Reduziram o risco de prejuízos. Os pontos de estocagem são Betim, Sabará, Contagem, Sagrada Família, Ribeirão das Neves, entre outros”, continua o delegado Rodolfo.

 


A apreensão da droga aconteceu numa casa do Bairro das Indústrias. “O guardião da droga conseguiu fugir. A mulher dele, que estava na casa, foi detida e liberada depois de prestar depoimento, pois não havia provas contra ela", afirma o delegado.


As investigações detectaram, também, segundo o delegado, que existe um armeiro na organização, um homem que fabrica e vende armas.


Outro detalhe importante, segundo o delegado Rodolfo, é que o comando no Pau Comeu está em aberto, depois da morte do traficante identificado por PH, quando também ficou ferido o músico Ederson Melão.


“Outro traficante já foi o chefe da região, identificado por Rogério, que está foragido. O Denarc faz um trabalho conjunto com o DHPP (Departamento Estadual de Homicídio e Proteção à Pessoa)", afirma ele, pois são muitos os homicídios em consequência do tráfico de drogas. “Quando a região está dominada, por um comando forte, o número de homicídios cai”.


O delegado Rodrigo Bustamante, do DHPP, diz que o motivo do Morro do Pau Comeu ser visado, é pela facilidade de acessos. “Você entra e sai pela Serra, São Lucas, Santa Efigênia e Vila Nossa Senhora Aparecida, ou seja, permite uma grande mobilidade e facilidade para escapar”.


Existe ainda, segundo o delegado Rodolfo, um sistema de vigilância, em especial da polícia, que vem dificultando as ações. “Eles utilizam, além de olheiros, um sistema de câmeras de vídeo, que permite visualizar todos os pontos da favela. Assim que a polícia aparece, eles ficam sabendo e demonstram qualquer operação de venda que estivessem fazendo, e logicamente, conseguem fugir.”


Ao todo, 21 integrantes das quadrilhas já foram identificados e são procurados pelas polícias Civil e Militar.

 

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