O procurador do estado de Minas Gerais, Bruno Resende Rabello, que cuspiu em uma funcionário do cinema do shopping Diamond Mall, no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, publicou um vídeo pedindo desculpas. Na gravação, divulgada pelo seu advogado, o homem condena sua atitude na última segunda-feira (8/7) e afirma que espera que a mulher o perdoe. Nessa terça-feira (16/7), conforme documento emitido pela defesa dos envolvidos, foi firmado um acordo extrajudicial entre os envolvidos. 


De acordo com o boletim de ocorrência, a funcionária, de 25 anos, contou aos policiais que o homem chegou ao caixa esmurrando a bancada e gritando que “queria sua pipoca”. Ela disse que entregou o alimento ao cliente, mas ele gritou mais ainda. Além disso, ordenou que ela entregasse o refil da pipoca na sala de cinema em que ele estava naquele momento. A funcionária explicou que não poderia obedecê-lo porque não era este o procedimento do estabelecimento.




 

Depois disso, ainda segundo a funcionária, o homem teria começado a filmá-la e dito que ela era “obrigada a fazer o que ele mandava”. Ela respondeu que não autorizava a filmagem. O cliente teria dito, então, que ela era incompetente, cuspido na cara dela e ainda tentado agredi-la por três vezes. O gerente do cinema acionou a polícia, e o procurador fugiu do local.


 

No pedido de desculpas, Bruno classifica o ataque como um “dia de fúria” e admite que seu comportamento foi “inadmissível”, “inaceitável” e “nojento”. Na gravação, o procurador diz que na noite dos fatos não conseguiu dormir porque ficou pensando em como poderia se redimir com a vítima. 


“Eu não sabia de imagem gravada, eu não sabia que isso ia ter repercussão midiática [...] Eu sei que eu causei uma dor imensa a ela, que eu causei dor a pessoas que gostam dela. Acho que ela não quer me ver, que ela não quer me encontrar. Ela deve estar traumatizada com a postura agressiva que eu tive naquele dia, eu estou muito envergonhado”, disse o advogado. 

 


Na nota, assinada pelos representantes legais da vítima e do acusado, consta que depois das agressão as partes evoluíram por meio do diálogo para uma “solução consensual com pedido de perdão, aceito pela ofendida, e reparação dos danos que lhe foram causados”. 

 

O que disse a vítima 

 

“Fiquei em choque na hora que ele tentou me agredir. Ele chegou a cuspir em mim”. Este é o relato da funcionária do cinema do shopping. De acordo com ela, o motivo seria a recusa em levar pipoca até a sala de cinema em que o cliente estava. Na última quarta-feira (10/7), a vítima esteve na delegacia acompanhada da advogada para pedir uma investigação contra o procurador do estado. 


“A Polícia Civil já abriu investigação em relação às vias de fato, o soco que ele tentou dar, os xingamentos que não conseguimos identificar. Em relação a queixa-crime por injúria e difamação já estou tomando as providências também”, afirmou a advogada da funcionária, Lorena Cassimiro, à época. 

 

 

Lorena explica que a injúria pode ser caracterizada pelo ato de cuspir na vítima. “Isso se agrava quando é um homem contra uma mulher, principalmente, pela nossa situação de vulnerabilidade, da mulher ter menos força que o homem”. 


Na ocasião, a mulher ainda estava abalada com o ocorrido. Ela trabalha há oito anos nessa função e descreveu o que sentiu. “Totalmente constrangedor. Ainda mais nesse caso, eu estava sozinha, ele veio daquele jeito, já estava exaltado. Está sendo bem difícil”, desabafa.


Afastamento


Com a repercussão da ocorrência, o Minas Tênis Clube, onde Bruno Rabello fazia parte da diretoria jurídica, anunciou o seu desligamento do cargo na instituição. Na ocasião, a empresa afirmou que não compactua com atos de violência e desrespeito e que o pedido de afastamento foi acatado por unanimidade. 


A saída do clube foi abordada pelo procurador em seu pronunciamento. “Eu envergonhei os meus pais, envergonhei minha esposa. Eu estou tentando proteger a minha filha, que não tem idade para saber que ela pode ser vítima de uma represália por conta de uma atitude impensada e inconsequente minha. Eu envergonhei meus colegas de trabalho. Eu envergonhei meus amigos. Eu envergonhei a comunidade toda do Minas [Tênis Clube], que é a minha segunda casa, a paixão da minha vida”, afirma Rabello no vídeo. 

 


Processo por dívida


Rabello responde a um processo em decorrência de uma dívida de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) orçada até o fim do ano passado em pouco mais de R$ 24 mil. Lotado na Procuradoria de Direitos Difusos, Obrigações e Patrimônio (PDOP), Rabello recebe mensalmente pouco mais de R$ 24 mil de remuneração líquida, segundo dados do governo no portal da transparência.


Em janeiro deste ano, a 1ª Vara de Feitos Tributários do Município, determinou a interrupção da execução fiscal. A Prefeitura de Belo Horizonte confirmou que “há uma ação em nome de Bruno Resende Rabello, que foi suspensa devido ao acordo de parcelamento do débito executado”.


O processo de cobrança relativo ao imposto teve início em setembro de 2023. Em dezembro do mesmo ano, a procuradoria do município protocolou na Justiça um pedido de suspensão do processo após Rabello fazer um acordo de pagamento por meio de parcelamento. Na ocasião, a dívida era de R$ 24,5 mil, informou a assessoria do Fórum Lafayette.


 

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