Um homem acusado de ter matado a esposa asfixiada em 2006 será julgado nesta quinta-feira (18/7) pelo Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Belo Horizonte, 18 anos após o crime. Rogério Guedes de Araújo foi indiciado por homicídio qualificado por motivo torpe e com emprego de meio cruel e também por ocultação de cadáver. A vítima é a companheira com quem foi casado por 11 anos e teve uma filha, que na época tinha 7 anos.


A denúncia oferecida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sustenta que Rogério praticou o crime por ciúmes da então esposa. O casal vivia um relacionamento conturbado devido a traições do acusado, tendo ficado separado por dois anos depois que a vítima descobriu um desses casos.

 

Mesmo após terem reatado, Rogério teria ficado incomodado com os relacionamentos que a companheira teve durante a separação. Somado ao desejo de se relacionar com outras mulheres, teria decidido matá-la.

 




O corpo da vítima foi encontrado em 2 de junho de 2006, dia seguinte ao que teria sido seu assassinato, em um bueiro no KM 294 da BR-040, na cidade de Ouro Preto, na Região Central de Minas. A causa da morte foi por asfixia. Mãos, pés e pescoços estavam atados por arame, o que, de acordo com a denúncia, é indicativo “de tortura ou extremo desconforto”. O corpo também estava quase inteiramente carbonizado, sendo reconhecido por familiares devido às roupas que vestia - o cobertor que envolvia o cadáver foi identificado por testemunhas como pertencente ao casal.


Testemunhos colhidos ao longo do processo indicam que a vítima teria sido carbonizada por Rogério, com a filha por perto. Relatos dão conta de que ele teria levado a criança para procurar pela mãe de carro.

 

Segundo uma irmã da vítima, a menina contou ter perguntado onde que a mãe estava, ao que o pai respondeu que ela “havia sido arrebatada pelo Profeta Elias e foi levada para o céu em uma carruagem de fogo”. Naquela mesma noite, a criança acordou em um lugar escuro e percebeu que o homem estava fora do veículo colocando fogo em alguma coisa.

 


O acusado negou a autoria do crime ao longo do processo. Em um dos interrogatórios, disse ter visto a esposa pela última vez na manhã do dia 1º de junho de 2006 e que, à noite, saiu para procurá-la já que ela estava desaparecida.

 

O homem afirmou ainda que a vítima não apareceu a noite inteira e que ligou para o 190, sendo pedido para que ele comparecesse à Delegacia de Polícia Civil de Desaparecidos. Depois que o corpo da esposa foi encontrado, o acusado não foi ao enterro, tendo argumentado que os ânimos das pessoas da família dela estavam aflorados e temia que fosse agredido.

 


Cerca de um ano depois do ocorrido, o acusado casou-se novamente com outra mulher. Em setembro de 2010, teve a prisão temporária decretada, ficando menos de duas semanas preso. Desde então, tem respondido ao processo em liberdade. As penas para os crimes que serão julgados podem ultrapassar 30 anos de prisão.

 

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