O fogo, um dos mais potentes e arrasadores inimigos das veredas no sertão de Guimarães Rosa, como vem demonstrando a série “Veredas mortas”, volta a destruir áreas de nascentes do Rio Peruaçu, na Área de Preservação Ambiental (APA) Cavernas do Peruaçu e do Parque Estadual Veredas do Peruaçu, entre os municípios de Januária, Cônego Marinho e Bonito de Minas, no Norte do estado. O incêndio teve origem criminosa, segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF-MG).

 


Na tentativa de controlar as chamas que consomem buritis e outros tipos de vegetação, foi formada uma força-tarefa, envolvendo bombeiros, brigadistas e servidores de prefeituras da região e de vários órgãos. Na tarde de ontem, o combate foi reforçado com a chegada de dois aviões Air Tractor, do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Previncêndio), coordenado pelo IEF.


De acordo com o gerente do Parque Estadual Veredas do Peruaçu, o analista ambiental João Roberto de Oliveira Barbosa, até a tarde dessa segunda-feira o fogo já havia consumido uma extensão de 12 quilômetros de área de veredas ao longo do leito seco do Rio Peruaçu.

 




Conforme mostrou o Estado de Minas na segunda-feira, em reportagem da série “Veredas mortas”, o Peruaçu, afluente do Rio São Francisco, está com o leito completamente seco em quase toda sua extensão, exatamente por causa da degradação e do secamento das veredas da área de preservação onde o manancial é formado.


O incêndio atingiu área de vereda seca dentro do Parque Estadual Veredas do Peruaçu, área percorrida e documentada pela equipe do EM na segunda quinzena de junho. O fato de a vereda ter secado facilita a expansão das chamas e dificulta o combate por bombeiros e brigadistas. “A turfa seca, junto com muito material orgânico na vereda transforma- se em combustível de grande densidade”, afirma João Roberto.

 

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Segundo o gerente regional do IEF em Januária, Mário Lúcio Santos, o incêndio na vereda do Rio Peruaçu foi causada por posseiros que ocupam terras na APA Cavernas do Peruaçu (da esfera federal). “A informação que tenho é de que os posseiros foram fazer uma queimada e perderam o controle do fogo. O incêndio caiu na vereda. Foi a famosa queimada do capim que eles fazem para renovar o pasto”, disse Mário Lúcio, acrescentando tratar-se de técnica antiga (e inadequada).


O gerente regional do IEF disse que ainda não se identificou o autor do incêndio criminoso, o que deverá ser investigado a partir de boletim de ocorrência da Polícia Militar de Meio Ambiente.


O gerente do Parque Estadual Veredas do Peruaçu, João Roberto de Oliveira Barbosa, frisa que as chamas começaram na tarde de quinta-feira em terreno de posseiros na APA Cavernas do Peruaçu e que, mesmo com ações de combate, avançou rapidamente em direção ao parque estadual, consumindo a vereda seca por onde passava o leito do Rio Peruaçu.

 

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O analista ambiental explica que as condições do tempo seco também contribuíram para o avanço as chamas, que destroem os buritis e outros tipos de vegetação das veredas. “Apesar da baixa temperatura, com os fortes ventos, o incêndio tomou proporções enormes durante a noite e chegou na divisa do parque estadual.”


Além de consumir a vegetação, o fogo destrói a biodiversidade e afugenta os animais e pássaros que sobrevivem, dizimando os locais de reprodução e fontes de alimentação. Assim, elimina a cadeia alimentar e agrava o desequilíbrio ecológico.


O combate às chamas no parque estadual mobiliza equipes do Corpo de Bombeiros de Januária e de Montes Claros e do Previncêndio, além de funcionários do Parque Estadual Veredas do Peruaçu, das APAs Caverna do Peruaçu, Pandeiros e Gibão e funcionários das prefeituras de Bonito de Minas e Cônego Marinho, que cederam veículos, caminhões-pipa e máquinas para os brigadistas.


O Estado de Minas publica desde o último domingo a série “Veredas mortas”, que toma emprestado o título inicialmente pensado por Guimarães Rosa para sua obra-prima, depois batizada “Grande sertão: veredas”. A íntegra das reportagens, galerias de fotos e vídeos pode ser consultada em nosso site.

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