Para ajudar a prevenir doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti, entre elas a dengue, entrou em vigor uma lei que prevê a inclusão do método Wolbachia nas ações em toda Minas Gerais, para reduzir os casos de arboviroses. A Wolbachia é uma bactéria que impede o desenvolvimento dos vírus da dengue e de outras arboviroses


A nova norma acrescenta um dispositivo na Lei 19.482, de 2011, que prevê medidas de prevenção e controle da proliferação do mosquito. O objetivo é incentivar a realização de parcerias públicas e privadas para desenvolver o método Wolbachia como medida complementar as demais ações de controle das arboviroses. Além disso, o estado deverá adotar mecanismos para o seu monitoramento e para esclarecer a população.


Biofábrica Método Wolbachia

Em abril, o governo de Minas inaugurou a Biofábrica Método Wolbachia, no Bairro Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte. A estrutura vai produzir mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia. Quando presente no mosquito, a bactéria impede que os vírus se desenvolvam dentro dele, contribuindo para a redução das doenças.


O equipamento será administrado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e pela Fiocruz. A previsão é de que a operação comece até janeiro de 2025. A estimativa é da produção semanal de 2,5 milhões de mosquitos. 

 




Etapas da operação

O recurso para construção da biofábrica faz parte do Acordo Judicial firmado com a Vale, em razão dos danos provocados pelo rompimento da barragem de Brumadinho em janeiro de 2019. A mineradora também vai custear as operações da estrutura por cinco anos.


As obras começaram em fevereiro de 2023. As instalações contam com laboratórios e espaços para o setor administrativo. Pelo termo de compromisso, na primeira fase do projeto, os mosquitos com a bactéria serão soltos, com a concordância da população, em Brumadinho e em outros 21 municípios vinculados à Bacia do Rio Paraopeba. 


A expectativa é que, posteriormente, ocorra a expansão da produção de mosquitos para todo o estado. 


Como funciona?

O método consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os mosquitos locais, estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes insetos, todos com Wolbachia. A bactéria é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas não no Aedes aegypti. Quando presente nestes mosquitos, ela impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam no organismo, contribuindo para redução de mosquitos infectados.


Quando são liberados no ambiente, os mosquitos com Wolbachia se reproduzem com mosquitos presentes na natureza e ajudam a criar uma nova geração de insetos com a bactéria. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam o microrganismo aumenta, até que não haja mais a necessidade de novas liberações.


Insetário da PBH

Em Belo Horizonte, mosquitos com o mesmo método são produzidos no Insetário da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), em parceria com WMP e a Fiocruz-Minas. De acordo com a PBH, o município é um dos pioneiros na implantação dessa tecnologia, e foi o primeiro do país a ter um insetário próprio, construído com recursos da administração municipal.


As solturas começaram em 2020 e somente em 2023 foram liberados mais de 31 milhões de mosquitos. Ainda de acordo com a PBH, eles são coletados periodicamente e enviados para triagem e análise nos laboratórios da Fiocruz, onde se avalia se estão com a Wolbachia.

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