A médica Cláudia Soares Alves, indiciada nesta terça-feira (6/8) pelo sequestro de um bebê em um hospital de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, estava tentando adotar uma criança e já havia iniciado o processo para entrar no cadastro nacional de adoção. A informação foi repassada pela Polícia Civil de Minas Gerais.
De acordo com a polícia, a médica havia conquistado o direito de habitação no sistema nacional de adoção e tinha sido aprovada psicologicamente para entrar no cadastro, com base em documentação fornecida por ela. A corporação não detalhou quando o processo foi concluído.
As investigações também revelaram que a suspeita tentou adotar crianças ilegalmente em outros estados, onde procurou pessoas vulneráveis para que entregassem seus recém-nascidos a ela.
Cláudia sequestrou um bebê na madrugada do dia 24 de julho, apenas três horas após o nascimento. A mulher se passou por pediatra da unidade, convenceu os pais de que iria levar a criança para se alimentar e saiu do hospital com o bebê.
Ela foi localizada e presa em flagrante em Itumbiara, em Goiás, horas depois do crime. A criança foi encontrada no mesmo dia em uma clínica administrada pela suspeita na cidade goiana.
Sequestro de bebê foi premeditado
O inquérito policial, encerrado na sexta-feira (2/8), concluiu que o crime foi premeditado com meses de antecedência. Cláudia mentiu para familiares dizendo que estava grávida e chegou a comprar o enxoval do bebê. A polícia não detalha quando isso aconteceu.
Essa alegação de grávidez, inclusive, era uma das teses da defesa, que caiu depois de exames feitos pela equipe médica na cidade onde a médica foi presa. O advogado mudou essa versão durante a audiência de custódia, realizada em 25 de julho, onde foi determinado que a médica seguisse presa.
A defesa argumenta agora que Cláudia teria sofrido um surto psicótico, e os advogados deverão apresentar laudos à Justiça para sustentar essa afirmação. Na época, o advogado da suspeita declarou que ela vinha recebendo acompanhamento psiquiátrico há alguns meses, desde a morte de sua mãe, e tomava medicamentos controlados, sem especificar quais, que poderiam ter influenciado no crime.
Relembre o caso
O crime aconteceu por volta da 0h30 do dia 24 de julho, quando a suspeita fingiu ser médica pediatra e conseguiu levar uma recém-nascida do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC UFU).
De acordo com informações da Polícia Militar (PM), a suspeita abordou os pais da criança e se identificou como médica. Os pais acreditaram uma vez que a mulher estava trajada com jaleco, touca, máscara de proteção e com um crachá. A falsa médica pediatra conseguiu ainda enganar a segurança do local. Imagens indicam que a mulher teria saído do local com a criança em uma mochila.
A sequestradora convenceu a mãe de que iria levar o bebê para se alimentar e alegou que a criança teve dificuldades na alimentação. Os pais confiaram na falsa médica-pediatra e permitiram a bebê fosse levada. O pai então notou a demora e foi procurar a menina, foi nesse momento que ele descobriu que a recém-nascida não se encontrava mais no hospital.
A bebê que havia sido raptada tem problemas cardíacos e precisa de cuidados médicos especiais, o que intensificou a urgência para identificar sua localização.