Em novembro de 2021, integrantes da Máfia Azul interceptaram um ônibus no Barreiro, que transportava passageiros comuns e torcedores do Atlético que voltavam do Mineirão -  (crédito: TJMG / Divulgação)

Em novembro de 2021, integrantes da Máfia Azul interceptaram um ônibus no Barreiro, que transportava passageiros comuns e torcedores do Atlético que voltavam do Mineirão

crédito: TJMG / Divulgação

O Tribunal do Júri de Belo Horizonte condenou mais dois acusados pela morte de um homem e por outras nove tentativas de homicídio em ataque de integrantes de uma torcida organizada do Cruzeiro a um ônibus coletivo, no Bairro Novo das Indústrias, na Região do Barreiro, na capital, em 28 de novembro de 2021. A vítima que morreu fazia parte de uma organizada do Atlético. Outros dois acusados já haviam sido julgados e condenados a penas de 61 e 56 anos de prisão. Agora, restam dois réus para serem julgados em júri popular, que está marcado para o dia 24 de outubro deste ano. 


 

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Um deles vai cumprir pena de 67 anos de prisão e o outro, que era menor de idade na época, teve pena fixada de 50 anos de reclusão, ambas em regime fechado. A juíza Maria Beatriz Fonseca da Costa Biasutti Silva, que presidiu o júri popular, concedeu a eles o direito de recorrer da sentença em liberdade. 


 

A magistrada considerou que os dois réus estiveram presos preventivamente, mas estavam em liberdade devido a um habeas corpus e não prejudicaram a instrução do processo. No julgamento, quatro vítimas foram ouvidas em plenário, além de três testemunhas. Também foram exibidos para os jurados os depoimentos de outras duas testemunhas, gravados na fase de instrução do processo.


 

No início do processo, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou seis integrantes da torcida organizada do Cruzeiro pelos crimes de homicídio qualificado, por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima, e de nove tentativas de homicídio.


 

Ao longo do interrogatório, os dois réus optaram por permanecer em silêncio diante das perguntas da juíza e da promotoria e responderam somente aos questionamentos feitos pelos seus advogados. Eles negaram participação nas mortes.


 

Um dos réus, que de acordo com a denúncia era o motorista do veículo que interceptou o ônibus, apenas admitiu que foi chamado por conhecidos para ir ao local onde se daria um embate entre torcedores. Ele alegou que não desceu do carro, mas depois do ataque ao ônibus, quando ia deixar o local, seu veículo teria sido invadido por cinco desconhecidos.


 

O outro acusado alegou que estava passando e que acabou sendo vítima do grupo que atacou o ônibus, por isso, com intenção de deixar o local, entrou no carro do outro réu, mesmo sem conhecer nenhum dos ocupantes.


 

O conselho de sentença, formado por cinco mulheres e dois homens, condenou os acusados pelos crimes indicados na denúncia do MPMG. Com base na decisão do júri, a juíza estipulou a pena de 24 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado ao primeiro réu, com o restante da pena, que chega a 67 anos de reclusão, resultando na soma da condenação por outras seis tentativas de homicídio. O mesmo ocorreu com o outro réu, que foi condenado a uma pena de 20 anos por um homicídio triplamente qualificado e outros 30 por cinco tentativas de homicídio.


 

Relembre o caso


Em 21 de novembro de 2021, integrantes da Máfia Azul interceptaram o ônibus no Anel Rodoviário, na altura do bairro Novo Indústria, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. O veículo transportava passageiros comuns e torcedores do Atlético que voltavam do Mineirão, da partida contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro.


 

O coletivo passava pelo Anel quando homens ligados à Máfia Azul, torcida organizada do Cruzeiro, forçaram a parada do veículo. Pedras, rojões e bombas do tipo coquetel molotov foram arremessados, segundo a polícia. O fogo causado pelos artefatos gerou ferimentos em passageiros. Um deles, Mateus de Freitas Ferreira, integrante da Galoucura, maior organizada do Atlético, morreu oito dias depois. 


O grupo fugiu de carro, mas a blazer branca, que levava os suspeitos, acabou interceptada por militares do 41° Batalhão da Polícia Militar.