O governador Romeu Zema (Novo) anunciou na manhã desta segunda-feira (12/8) um investimento de R$ 585 milhões em Brumadinho, na Região Metropolitana. A verba é proveniente do acordo de reparação com Vale pelo rompimento da barragem do Córrego de Feijão, em 2019.
Os aportes vão beneficiar três projetos: a implantação do Distrito Industrial; a duplicação do acesso rodoviário que liga Brumadinho à BR-381; e obras de pavimentação no município. A expectativa é que o projeto beneficie mais de 100 mil pessoas com mobilidade urbana e geração de empregos, diz o governo de Minas.
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O anúncio ocorreu durante a vistoria do terreno onde será construído o Distrito Industrial de Brumadinho. A iniciativa vai urbanizar uma área de cerca de 1 milhão de metros quadrados, o que corresponde a 120 campos de futebol. Serão pelo menos 90 terrenos entre 1.500 m² e 10 mil m² que vão abrigar empresas de médio e grande porte. A obra terá um custo de R$ 190 milhões.
Zema afirma que a obra é importante para a diversificação da economia da cidade, que hoje é prioritariamente baseada na mineração. Além disso, a duplicação da MG-155, que custará R$ 350 milhões, visa facilitar o deslocamento de matéria-prima e o escoamento de mercadorias.
Segundo o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas (DER-MG), a previsão é que o edital para a elaboração do projeto seja publicado até o dia 14/8, com licitação prevista para o 2º semestre de 2024 e início das obras em 2025.
“Com isso, Brumadinho vai ter uma condição logística diferenciada, que vai potencializar esse distrito, para ser ocupado em pouco tempo, e também a atividade turística, que vai crescer muito, com dois novos hotéis instalados aqui na cidade”, disse o governador.
O procurador da República Carlos Bruno Ferreira da Silva reforçou o posicionamento de Zema. “A gente começa agora a fazer obras significativas e estruturais que podem mudar a cara da Região Metropolitana de Belo Horizonte, gerando empregos especialmente para Brumadinho, podendo tornar Brumadinho um polo industrial não só de Minas Gerais, mas do nosso país”, afirmou o procurador.
Também estiveram presentes na vistoria o prefeito de Brumadinho, Nenen da Asa (PV); o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Fernando Passalio; representantes do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e da Defensoria Pública Estadual.
Familiares de vítimas cobram celeridade da Justiça
Cinco representantes da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho (Avabrum) também estiveram presentes no evento. Para a entidade, as obras são de extrema importância para a ressignificação da cidade e da perda dos entes queridos. Entretanto, dizem os familiares da vítima, o investimento não apaga a dor da tragédia para as famílias que foram destruídas.
Os representantes cobraram apoio do governador na ação movida na Justiça para responsabilizar os réus pelo rompimento da barragem do Córrego de Feijão, em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019. Na ocasião, 272 pessoas foram soterradas pelos rejeitos dos minérios.
“É o maior acordo realmente, mas precisamos deixar claro que também foi a maior tragédia em número de pessoas do Brasil”, frisa Nayara Porto, presidente da Avabrum. “Estar aqui hoje dói muito, porque a gente revive o dia 25, mas também a gente sabe a importância de mostrar para todos que existe reparação por causa das mortes dos nossos”, completa.
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Porém, o que mais pesa para as famílias que foram afetadas é a demora na Justiça: “Há cinco anos e meio estamos lutando para que essas pessoas que foram responsáveis pelo rompimento da barragem sejam punidas. A gente não entende por que, mesmo com tantas provas, esses responsáveis não são punidos”, afirmou Maria Regina da Silva.
Maria perdeu a filha, Priscila Ellen Silva, de 29 anos, na tragédia. Ela conta que na época fez um enterro mas, por estar muito abalada com a situação, não se lembra dos detalhes do velório da jovem. Cerca de um ano depois, ligou para o Instituto Médico Legal (IML) em busca de mais explicações e foi informada de que um braço de Priscila havia sido encontrado. Só assim descobriu que enterrou o corpo da filha incompleto e realizou um novo funeral.