Levantamento coloca a BR-367 como a pior rodovia federal do país -  (crédito: Robélia Maria/Arquivo pessoal)

Moradores no KM 187 da BR-267 na noite desta terça-feira (13/8)

crédito: Robélia Maria/Arquivo pessoal

Moradores iniciaram um protesto nesta terça-feira (13/8) na BR-367, na altura do KM 187, entre as cidades de Itaobim e Jequitinhonha, com o objetivo de pressionar o governo em relação às obras de pavimentação e recapeamento na rodovia, que ainda possui muitos trechos de terra.

 

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“É uma estrada intransitável e cheia de buracos. Chegamos aqui de madrugada, por volta das 4h. Nós conversamos e decidimos que só vamos liberar a via quando as máquinas da empresa contratada chegarem [para início das obras]”, afirmou. Nesta quarta-feira (14/8), o Dnit enviou nota ao Estado de Minas (leia abaixo). Até as 13h, a rodovia permanecia fechada. 

 

 

Até o fechamento da reportagem, cerca de 100 pessoas estavam no local para garantir a completa interdição da via por meio de uma barricada feita com pneus. Somente a passagem de ambulâncias estava sendo permitida. Em uma das faixas levantadas durante a manifestação, os moradores intitularam a BR-367 como "rodovia do descaso". 

 

A BR-367 compreende cerca de 700 quilômetros entre Gouveia, na Região Central de Minas, até Porto Seguro, no Sul da Bahia. Depois da cidade mineira, a rodovia atravessa vários municípios do Vale do Jequitinhonha, tendo ainda muitos trechos sem asfalto — um deles fica entre Chapada do Norte e Virgem da Lapa, com 52 quilômetros.

 

 

Em janeiro deste ano, o Estado de Minas mostrou que, considerando o trecho asfaltado, um dos percursos em piores condições fica entre Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, e tem 47 quilômetros. No mesmo mês, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) anunciou uma "renovação total" no trecho denunciado pela reportagem.

 

“Essa estrada está horrível. A gente precisa fazer zigue-zague na pista (para desviar dos buracos) e consegue rodar no máximo a 30 ou 40 quilômetros por hora. A estrada está cheia de panelas no asfalto, o que nunca vi antes”, reclamou, na ocasião, Hélio Mário, um dos motoristas ouvidos pelo EM.

 

 

BR-367: a pior rodovia federal do estado

 

A pesquisa do Painel CNT dos Pontos Críticos nas Rodovias Brasileiras 2023, divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) no início do ano, mostrou que a BR-367 foi apontada como a rodovia federal de Minas Gerais em piores condições. O levantamento identificou 39 pontos críticos.

 

No fim de fevereiro, durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o superintendente regional do Dnit, Antônio Gabriel Santos, chegou a admitir que mais de 60% do percurso da BR-367 precisaria, na verdade, ser reconstruído, exigindo projetos mais demorados. Na oportunidade, prefeitos, vereadores e deputados apontaram que os buracos e crateras danificam veículos, atrapalham o deslocamento de moradores, afugentam investimentos, além de causar acidentes e mortes.

 

 

Em abril, o governo federal anunciou melhorias na rodovia entre Salto da Divisa e Jacinto (km 0 e km 61,6). “Considerando a importância da obra, o DNIT e o Exército garantem a execução dos serviços de pavimentação - que têm um investimento do Governo Federal de aproximadamente R$ 60 milhões. Até este mês de abril já foram realizados nos 15,6 quilômetros em obras serviços de terraplenagem (com aterro e desaterro), cercamento nos limites da faixa de domínio e instalação de bueiros”, disse, na ocasião, o governo em comunicado.

 

DNIT

 

Em nota, o Dnit informou que na primeira semana de agosto foi decretada emergência para contratação imediata de empresa de engenharia para realizar os serviços necessários na BR-367. 

 

"A expectativa é de que a mobilização do canteiro de obras tenha início ainda nesta semana. O segmento entre o km 169 e o km 195 (Jequitinhonha a Itaobim) receberá serviços de tapa buracos e remendo profundo, a fim de devolver a trafegabilidade ao trecho, ampliando a segurança aos usuários da via. Paralelamente, tramita processo para contratação de obras de revitalização, com recapeamento, manutenção dos dispositivos de drenagem e sinalização horizontal e vertical, além de roçada da vegetação", disse o órgão.