A relíquia veio de um santuário dedicado à Beata em Baependi, no Sul de Minas -  (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A relíquia veio de um santuário dedicado à Beata em Baependi, no Sul de Minas

crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

Na tarde deste sábado (17/8), centenas de católicos participaram, em Belo Horizonte, de uma cerimônia muito especial no Santuário da Saúde e da Paz, mais conhecido por Igreja Padre Eustáquio. Como parte da programação da Festa do Beato Padre Eustáquio 2024, a relíquia da Bem-Aventurada Nhá Chica foi acolhida, às 17h, no templo do Bairro Padre Eustáquio, na Região Noroeste da capital.

 

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Pela primeira vez em Belo Horizonte, a relíquia de primeiro grau (um pedaço do osso da beata) veio do Santuário Nossa Senhora da Conceição da Beata Nhá Chica, em Baependi, no Sul de Minas, sendo recebida com aplausos no santuário, cujo reitor é o padre Edmar Aparecido de Oliveira. Antes da chegada, houve a meditação do terço, seguindo-se momento de louvor. A festa dedicada ao beato será no próximo dia 30, com ampla programação. Também nesta tarde, chegou ao Santuário da Saúde e da Paz um grupo de fiéis de Poá (SP), onde Padre Eustáquio trabalhou.

 

"Esse é o encontro de um homem e uma mulher que souberam entregar a vida a Deus. Para nós, é um santo em visita a outro, e isso vai além da dimensão cronológica" destacou padre Edmar. Nhá Chica e Padre Eustáquio estão em processo de canonização, sendo necessária a comprovação de um milagre, pelo Vaticano (um por intercessão de cada um), para serem declarados santos.

 

 

Ao chegar de Baependi com a relíquia, o reitor do Santuário Nossa Senhora da Conceição da Beata Nhá Chica, padre Edson Pereira Oliveira, explicou que se trata de uma relíquia peregrina. Satisfeito por conduzi-la a BH, padre Edson contou que há registro de 5 mil graças alcançadas por intercessão de Nhá Chica. E afirmou, com esperança: "Minas precisa ter um santo. Um precisa puxar a fila".

 

Ajoelhada diante da relíquia, a dona de casa Poliana Souza de Oliveira, residente no Bairro Padre Eustáquio, disse ser muito devota de Nhá Chica. Ao lado do filho Arthur André de Oliveira, de 11 anos, ela colocou seu terço sobre a relíquia, explicando que o gesto significa "fé, renovação, compromisso com a devoção ". Emocionada, Poliana contou que reza para Nhá Chica ser canonizada.

 

 

 

 

Santidade

 

Para o postulador da causa de canonização do Beato Padre Eustáquio, padre Vinícius Maciel, a visita é um momento muito importante para a Igreja e os fiéis. “A santidade é como tirar água de uma cisterna para fazer florescer o bem na humanidade. Em Minas, temos dois beatos, que são Padre Eustáquio (1890-1943) e Padre Victor (1827-1905) e duas beatas, Nhá Chica (1808-1895) e Isabel Cristina (1962-1982). Com seu carisma e brilho, estão, como pedra lapidada, junto à joia mais preciosa, que é Jesus”, disse padre Vinícius.

 

A visita de Nhá Chica a BH é uma oportunidade para se conhecer um pouco sobre sua vida. Ainda pequena, Francisca de Paula de Jesus, natural de Santo Antônio do Rio das Mortes, distrito de São João del-Rei, na Região do Campo das Vertentes, chegou a Baependi, no Sul de Minas. Estava acompanhada da mãe e do irmão, Teotônio. Dentre os poucos pertences, trouxeram uma imagem de Nossa Senhora da Conceição.

 

 

Fiéis rezam ajoelhados diante da relíquia de Nhá Chica

Fiéis rezam ajoelhados diante da relíquia de Nhá Chica

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

 

Biografia

 

Em 1818, a mãe de Nhá Chica faleceu, deixando “aos cuidados de Deus e da Virgem Maria” as duas crianças – a menina com 10 anos, o menino, com 12. Conforme os estudos, Nhá Chica soube administrar muito bem e fazer prosperar a herança espiritual que recebera da mãe. Nunca se casou. Rejeitou com liberdade todas as propostas de casamento que lhe apareceram.

 

Analfabeta, Nhá Chica compôs uma novena a Nossa Senhora da Conceição e, em sua honra, construiu, ao lado de sua casa, uma igrejinha, onde venerava uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição. Em 1954, a Igreja de Nhá Chica (atual santuário) foi confiada à Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor. Desde então, teve início, bem ao lado do templo, uma obra de assistência social para crianças necessitadas.

 

A religiosa morreu em 14 de junho de 1895, aos 87 anos de idade, estando sepultada no interior da capela por ela construída. A cerimônia de beatificação de Nhá Chica ocorreu em 4 de maio de 2013.