Prédios da Escola e do Hospital de Veterinária da UFMG ficam a menos de 100 metros da pista de corrida da Stock Car -  (crédito: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Prédios da Escola e do Hospital de Veterinária da UFMG ficam a menos de 100 metros da pista de corrida da Stock Car

crédito: Beto Novaes/EM/D.A Press

Um conjunto de peixes do laboratório da Escola de Veterinária da UFMG morreu devido ao ruído das corridas da Stock Car, ocorridas no sábado (17/8) e no domingo (18), em Belo Horizonte. A universidade apresentou um balanço dos impactos do evento no Campus Pampulha, que afetaram especialmente o Hospital Veterinário, localizado a menos de 100 metros da pista de corrida na Avenida Carlos Luz. Estimativas de técnicos da UFMG apontam que o ruído sonoro no prédio chegou a 100 decibéis (dB) – o limite definido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para hospitais é de 55 dB.

 

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 

 

Segundo a reitora Sandra Goulart, a universidade gastou cerca de R$ 1 milhão do próprio orçamento em iniciativas para mitigar os impactos da corrida no campus. Dias antes do evento, quase 30 animais do Hospital e Escola Veterinários foram retirados da Pampulha para que não fossem afetados pelos ruídos dos carros.

 

 

 

No entanto, muitos animais não puderam ser transferidos, como um grupo de cabras que pariram recentemente. Também foram mantidos no campus 45 bezerros que participam de um experimento e precisam permanecer num espaço controlado. Esses animais foram monitorados por profissionais durante os quatro dias do evento, assim como as espécies silvestres que vivem no local. "Não dá para mitigar todo o impacto que um ruído dessa natureza causa", afirmou Sandra.

 

 

 

Ainda segundo a reitora, dentro das próximas duas semanas deverá ser apresentado um estudo detalhado dos equipamentos e instalações que foram afetados pelas corridas. Pesquisas em desenvolvimento no campus, especialmente as que envolvem animais, correm o risco de ter resultados descartados pelo fato de os animais terem se estressado com o som alto.


 

O ruído produzido pela corrida foi superior, inclusive, ao limite de poluição sonora estabelecido pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que é de 70 dB. "Os impactos foram sentidos antes [do evento], durante e serão sentidos após alguns meses, conforme estava previsto", disse a reitora.

 

A transferência dos animais começou na segunda-feira (12/8) e seguiu até quarta (14)

A transferência dos animais começou na segunda-feira (12/8) e seguiu até quarta (14)

Bruno Ihara/UFMG

 

Durante os quatro dias do BH Stock Festival, iniciado na última quinta-feira (15), os atendimentos na Faculdade de Odontologia, que atende pacientes do SUS, no Centro Esportivo Universitário (CEU) e no Centro de Treinamento Esportivo (CTE), que atendem alunos de escolas públicas, tiveram de ser interrompidos. O Hospital Veterinário também ficou fechado – estimativas dão conta de que até 400 animais deixariam de ser atendidos.

 

 

 

 

A reitora Sandra Goulart disse que a UFMG “não tem nada contra a Stock Car”, mas pede que a localização do evento seja revista – a organização assinou contrato com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para a realização de corridas pelos próximos cinco anos. "Não temos nada contra a Stock Car. Eu até me coloco à disposição do poder público para que possamos encontrar um lugar viável para os próximos eventos", disse a reitora.

 

 

 

 

Outro lado

 

A assessoria de imprensa da Stock Car em Belo Horizonte disse que esclarecimentos sobre o impacto ambiental e econômico do evento serão dados em uma coletiva de imprensa na manhã de terça-feira (20).

 

 

Mais cedo, a organização do evento publicou um comunicado destacando um balanço da corrida na economia. A estimativa é de que 70 mil pessoas passaram pela esplanada e entorno do Mineirão durante os dias da Stock Car e que foram gerados mais de 4 mil empregos diretos e indiretos.