Pacientes relatam sequelas após procedimentos com dentista -  (crédito: Redes Sociais / Reprodução)

Pacientes relatam sequelas após procedimentos com dentista

crédito: Redes Sociais / Reprodução

O cirurgião-dentista Fernando Lucas Rodrigues Alves, investigado por causar lesões corporais em pacientes, foi alvo de operação da Polícia Civil nesta quinta-feira (22/8). Agentes foram até a casa e a clínica em que o homem atendia para cumprir mandados de busca e apreensão.

 

 

Como já divulgado pelo Estado de Minas, ao menos 20 pacientes denunciam o profissional por sequelas decorrentes de procedimentos estéticos feitos na unidade odontológica no Bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. 


 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 

 

 

De acordo com a PCMG, há duas investigações envolvendo o dentista. A corporação apura a relação de Fernando na morte de uma mulher de 63 anos, em decorrência da prática de procedimentos estéticos vedados pela Resolução do Conselho Federal de Odontologia.

 

 

 

A operação desta manhã estaria ligada a essa apuração. Ele também é investigado em outro inquérito por suspeita de violação sexual mediante fraude, que transcorre na Delegacia Especializada de Combate à Violência Sexual na capital. 


 

 

Além da senhora que faleceu, outras mulheres denunciaram o especialista por sequelas causadas pelos procedimentos. A aposentada da Polícia Civil, Adriene Silva, de 59 anos, conta que fez cinco procedimentos no rosto de uma só vez. Ela queria fazer apenas um, mas foi convencida por ele a fazer os demais porque o pacote ficaria mais barato. Os procedimentos foram feitos em 5 de dezembro de 2023. 


 

 

Um dia após as intervenções, a paciente observou que seu pescoço estava muito inchado, cheio de líquido. “Eles chamam isso de seroma.” Ela diz que entrou em contato com o dentista e foi orientada a fazer drenagem, com uma massoterapeuta indicada por ele.

 

 

 

A profissional, porém, se recusou a fazer o procedimento por causa do excesso de líquido no pescoço. A aposentada então reclamou da situação com a enfermeira e, no dia da retirada dos pontos, foi feita uma punção, para drenar o líquido. 


 

 

Adriene ressalta que o procedimento não foi feito pelo cirurgião-dentista e sim por uma enfermeira e outro profissional que a paciente não sabe se tem formação adequada. Ela precisou passar pelo procedimento de retirada do líquido por três vezes. 


 

 

 

A paciente teve fibrose no rosto e pescoço. “Fiquei com um problema nos olhos. Ficam como se tivesse areia dentro. O direito me incomoda na parte superior e o esquerdo na inferior. Além disso, apareceram duas aderências, que nada mais são do que dois buracos no meu rosto, desde o dia da cirurgia”, relata.


 

 

 

Ela conta que retornou ao consultório e o dentista disse que faria outros procedimentos para corrigir as sequelas, mas a aposentada não aceitou. “Sabe quando você não sente confiança na pessoa, ela não fala coisa com coisa. Ela não te deixa confortável nas respostas que te dá.” 


 

 

Antes de contratar o advogado, a aposentada disse que queria dar a chance do cirurgião-dentista reparar as sequelas. Mas depois da última consulta decidiu que tentaria a via judicial. “Ele não me passa segurança em nada.”


 

 

As sequelas deixaram marcas não apenas físicas. Adriene desenvolveu síndrome do pânico desde que precisou retirar o excesso de líquido no pescoço. “As sequelas emocionais são as piores”, desabafa. Ela não acredita que receberá indenização pelas lesões causadas pelos procedimentos.

 

 

 

“Não tenho nem esperança de receber. Mas se ele for cassado já estou satisfeita. Ele não pode fazer com mais pessoas, o que fez conosco. Teve uma pessoa que morreu. Por essa pessoa que morreu, temos que lutar”, afirma.


Defesa do cirurgião-dentista

Na época da divulgação das denúncias pelo Estado de Minas, a defesa do cirurgião-dentista Fernando Lucas Rodrigues Alves disse, em nota, que “em relação às eventuais alegações de cirurgias mal-sucedidas, é importante destacar que todo procedimento cirúrgico implica riscos inerentes, que são previamente comunicados aos pacientes, cuja ocorrência independe da conduta do profissional.


 

“Ressalte-se que, em casos de fibrose, a conduta do paciente no pós-operatório é indispensável para que se tenha o melhor resultado, sendo de responsabilidade do paciente realizar as sessões de fisioterapia, bem como seguir as recomendações do profissional quanto a bons hábitos de saúde.”


 

 

 

A defesa diz ainda que o profissional “sempre priorizou a saúde e a segurança de seus pacientes, oferecendo um acompanhamento pós-operatório exemplar. Sua clínica é equipada com tecnologia de ponta, tanto para garantir os melhores resultados quanto para tratar eventuais intercorrências com eficiência, possuindo todas as autorizações necessárias para funcionamento.”


 

 

“Por fim, reafirmamos nosso compromisso com a ética e a transparência, valores que norteiam todas as nossas ações. Estamos à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais e reforçamos nosso compromisso com a excelência no atendimento e cuidado dos nossos pacientes.”