Um casal foi indiciado pelo homicídio das duas filhas gêmeas, de oito meses, em junho de 2023. Yumi e Eloá foram mortas em dias diferentes, na casa em que moravam no Vila Rica, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O inquérito foi concluído pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) com a responsabilização da dupla pelos crimes de homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e com recurso que dificultou a defesa da vítima, ocultação de cadáver e tortura. O caso foi anunciado durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (27/8).
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As investigações começaram em julho deste ano, depois que a corporação recebeu uma denúncia anônima, por meio do telefone 181, comunicando o suposto crime. Durante diligências, os policiais foram até a casa da mãe das meninas, de 28 anos, que estava presente quando as filhas foram mortas e atribuiu a execução dos crimes ao companheiro. À época, a mulher foi presa por ocultação de cadáver e, posteriormente, teve a prisão convertida em preventiva.
Em 25 de julho, o homem, de 31 anos, que já estava foragido, também foi preso de forma preventiva e encaminhado ao sistema prisional. Ao ser interrogado, ele confessou que as bebês foram assassinadas, mas, diferentemente da versão apresentada pela ex-companheira, afirmou que a mulher havia matado as filhas.
De acordo com o delegado Humberto Cornélio, ao saber que a ex-esposa tinha colocado a responsabilidade do crime nele, o homem detalhou o ato. Aos policiais, o indiciado relatou que Yumi foi morta no dia 29 de julho de 2023. No dia, ela estava chorando muito e, para “contê-la”, a mãe colocou uma meia em sua boca, asfixiando-a. Após a morte da menina, os suspeitos foram até uma festa junina que acontecia em Betim, levando as duas crianças no carrinho: uma viva e a outra, morta.
“Eles chegaram lá [na festa] por volta de 19h e ficaram até às 22h, com a Yume morta dentro do carrinho, ao lado da irmã ainda viva. O que mais chamou a atenção é que eles ainda tiraram foto e postaram nas redes sociais que estavam no evento”, relatou o policial.
O corpo da bebê, ainda conforme o relato do pai, foi deixado próximo a uma linha férrea, no Parque dos Bandeirantes, na divisa entre Betim e Contagem. A desova ocorreu em uma área de extenso matagal, sem moradores, onde há um canteiro de obras.
Já Eloá foi morta em 11 de agosto. O delegado explica que a suspeita é que a mulher tenha, mais uma vez, se irritado com o choro da filha. Ela então sacudiu a menina com “extrema violência”, fazendo com que ela desmaiasse. “Eles colocaram a bebê no berço e não prestaram socorro, deixando essa menina por sete dias no berço sofrendo e agonizando”, acrescentou o delegado. O corpo da segunda filha foi deixado em uma área de mata às margens da BR-381, em Ibirité, também na Grande BH. Depois de ocultar o cadáver da filha, o casal ainda jantou e se hospedou em um hotel.
“O que mais assusta nessa história é que as mortes não foram nem no mesmo dia, para dizer que foi uma situação impensada, no desespero, o que não justifica. As mortes tiveram um espaço de aproximadamente um mês”, evidencia a chefe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegada-geral Alessandra Wilke.
Crime oculto
Humberto Cornélio explica que o casal não mantinha proximidade com familiares e amigos, nem se relacionava com vizinhos, motivo pelo qual a morte das crianças não foi constatada por ninguém ligado a eles. Pessoas que moravam próximas aos suspeitos chegaram a questionar o proprietário do imóvel sobre as crianças, que teria informado que a primeira neném tinha falecido em decorrência de problemas de saúde e a segunda, de "desgosto".
Além disso, o delegado revelou que os homicídios foram denunciados depois que a mulher decidiu pôr fim ao relacionamento, em junho deste ano. O homem passou a ameaçar a ex-companheira e decidiu tornar público os crimes. O investigado contou aos policiais, inclusive, que seria o responsável pela denúncia anônima, formalizada por meio do Disque 181, relatando o crime.
Apesar dos esforços de várias equipes da PCMG, os corpos das crianças não foram localizados, tendo em vista uma série de fatores dificultadores, como o tempo decorrido do crime, as condições climáticas das áreas onde as meninas foram deixadas, assim como a composição corporal frágil das vítimas.