Maria da Glória Caxito Mamelque, a dona Glorinha, caloura de medicina aos 86 anos na Unimontes                  
     -  (crédito: Luiz Ribeiro/DA Press)

Maria da Glória Caxito Mamelque, a dona Glorinha, caloura de medicina aos 86 anos na Unimontes

crédito: Luiz Ribeiro/DA Press

A população brasileira e mundial está envelhecendo, aumentando expectativa de vida. Ao mesmo tempo, crescem os problemas enfrentados pelo planeta com as mudanças climáticas. Nesse cenário, é preciso que as pessoas tenham um “envelhecimento sustentável”, com garantia de qualidade de vida. A opinião é da médica geriatra Luciana Colares Maia, doutora em ciências da saúde.

 

 

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“O envelhecimento sustentável é aquele em que a pessoa envelhece, otimizando a sua habilidade funcional em todas as oportunidades para melhorar a capacidade física e mental, que é intrínseca”, afirma Luciana Colares, que é coordenadora do Centro de Atenção ao Idoso do Hospital Universitário Clemente de Faria, da Universidade de Estadual de Montes Claros (Unimontes).

 

 

 

 

Ela ressalta que as pessoas também devem se preocupar com a preservação da natureza e do planeta, para assegurar melhor qualidade de vida para elas próprias no futuro, quando alcançarem idades mais elevadas.

 

 

“É preciso garantir o envelhecimento com sustentabilidade, capaz de enfrentar os desafios das metas globais. A gente deve procurar, literalmente, envelhecer em um ambiente saudável, que é extremamente importante. Temos que nos preocupar com a saúde, com nossas prioridades, com a nossa casa, com o nosso nicho, mas também com o planeta”, afirma a especialista.

 

 

“Como vamos envelhecer se não temos um local adequado para se viver?” indaga a pesquisadora da Unimontes.

 

 

Nesse sentido, a doutora em ciências da saúde chamou atenção para a preocupação com as futuras gerações. “É muito importante envelhecer de forma bem sucedida, saudável, ativa, produtiva e sustentável. Mas, além de envelhecer e cuidar do ambiente para que a gente possa viver bem, ainda temos que preparar o ambiente para aqueles que estão para chegar. A gente precisa se preocupar bastante (com isso) porque estamos vendo uma onda de destruição do nosso planeta. Precisamos ter um olhar diferenciado para essa questão”, recomenda.

 

 

Luciana Colares afirma que o cuidado com o envelhecimento significa um “investimento”. “Temos que investir na nossa funcionalidade, na nossa capacidade de desempenhar funções e exercer a cidadania. Toda pessoa tem o direito e o dever de exercer sua cidadania”, avalia a médica geriatra.

 

 

Médica geriatra Luciana Colares Maia aborda necessidade do 'envelhecimento sustentável'

'O envelhecimento sustentável é aquele em que a pessoa envelhece, otimizando a sua habilidade funcional em todas as oportunidades para melhorar a capacidade física e mental', diz a médica geriatra Luciana Colares Maia

Luiz Ribeiro/EM/DA Press

 

 

Reportagem fortalece combate ao etarismo

O contingente de idosos no país cresceu nas últimas décadas. O Brasil já conta com 32,116 milhões de habitantes com 60 anos ou mais, que equivalem a 15,8% da população total do país, de acordo com o Censo 2022, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

 

Reportagem especial do Estado de Minas, publicada nessa segunda-feira (26/08) mostrou que as pessoas da “geração prateada” se mantêm úteis e funcionais, citando exemplos de vários idosos que seguem atividades produtivas, realizando sonhos, como Maria da Glória Caxito Maluque, a dona Glorinha, caloura de medicina aos 86 anos.

 

 

O presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNPDI), Raphael Castelo Branco, destacou a importância do trabalho jornalístico do EM para mostrar o valor e a funcionalidade dos integrantes da “geração prateada” e reforçar a luta contra preconceito. “Iniciativas como a reportagem publicada são de fundamental importância, à medida que mostram e proporcionam conhecimentos e informações fidedignas, combatendo o etarismo. Desta forma, contribuem para a construção de uma sociedade mais digna para pessoas idosas e para as pessoas de todas as idades”, afirma Castelo Branco.

 

 

O presidente do CNDPI salienta que, hoje, além de aumento da população com 60 anos ou mais, “é cada vez maior o protagonismo de pessoas idosas da sociedade ocupando as mais diversas posições de destaque”. Ele salientou que a reportagem do EM “mostrou que, de fato, não há limite de idade para as pessoas realizarem os seus sonhos ou projetos. As pessoas podem, nas mais diversas etapas da vida, chegar a realizar de seus objetivos e alcançar novas conquistas”.

 

 

Importância do respeito aos direitos da pessoa idosa

Raphael Castelo Branco também chamou atenção para o respeito aos direitos da pessoa idosa, previstos no Estatuto do Idoso, que, criado pela Lei Federal 10.741, completará 21 anos de existência no próximo dia primeiro de outubro (Dia Mundial do Idoso).

 

 

“Respeitar as pessoas idosas representa o respeito ao que essas pessoas já contribuíram e ainda podem colaborar com a sociedade atual. Mais do isso: significa, principalmente, sinalizar para um futuro de respeito a você mesmo, independentemente de sua idade hoje”, observa o presidente do CNDPI. “Respeitar o direito das pessoa idosa é um dever de todos os cidadãos”, completa.

 

 

Ele salienta que o Estatuto da Pessoa Idosa reúne os “direitos inerente à condição do ser humano”. “Mas, o estatuto também trata de uma série de direitos específicos para a pessoa idosa em diversas áreas, como no transporte, saúde, educação e habitação”, cita. Ele salienta que o caso das moradias, o estatuto estabelece que toda vez que o poder público construir um conjunto habitacional, um percentual das unidades habitacionais deve ser reservado para os integrantes da “geração prateada”.

 

 

CONHEÇA OS DIREITOS SOCIAIS DA PESSOA IDOSA

 

  • Dignidade e Respeito: Todos os idosos têm o direito a serem tratados com dignidade e respeito, sem discriminação por idade.

 

  • Saúde: Acesso a cuidados de saúde adequados e de qualidade, incluindo atenção médica, medicamentos e tratamento específico para condições relacionadas à idade.

 

  • Proteção contra Abusos: Proteção contra abusos físicos, psicológicos, financeiros ou qualquer forma de violência.

 

  • Participação Social: Oportunidades para participar da vida social, cultural e política da comunidade.

 

  • Assistência Social: Acesso a programas de assistência social e benefícios, incluindo aposentadoria e pensões.

 

  • Habitação Adequada: Direito à moradia digna e segura.

 

  • Alimentação: Acesso a uma alimentação adequada e equilibrada.

 

  • Transporte: Acesso a transporte público acessível e adaptado às necessidades dos idosos.

 

  • Educação e Cultura: Oportunidades de aprendizado e participação em atividades culturais e educacionais.

 

  • Convivência Familiar e Comunitária: Manutenção dos laços familiares e comunitários, e apoio para uma vida independente.

 

  • Prioridade Processual: Prioridade na tramitação de processos judiciais em que o idoso seja parte ou intervenha como testemunha.

 

  • Respeito à Autonomia: O direito de tomar suas próprias decisões e exercer sua autonomia, desde que estejam em condições de fazê-lo.

 

Fonte: Estatuto do Idoso, Lei Federal 10.741, de 1 de outubro de 2003.