Na foto, travessia de balsa do Rio São Francisco  -  (crédito: Luiz Ribeiro/EM/D.A.Press)

Na foto, travessia de balsa do Rio São Francisco

crédito: Luiz Ribeiro/EM/D.A.Press

Após mais de 70 anos de espera, o Governo de Minas Gerais publicou, nesta sexta-feira (30/8), o edital para a retomada da construção da ponte sobre o Rio São Francisco, no Norte do estado. A obra, aguardada desde o mandato de Juscelino Kubitschek, começou em maio de 2022, mas parou no meio do caminho, em 2023, após a conclusão de somente 20% dos serviços. Enquanto isso, a balsa continua sendo a única opção para atravessar o leito.

 

 

De acordo com o documento publicado, a ponte sobre o Rio São Francisco terá 1.120 metros de comprimento e 13,8 metros de largura, além de um acesso de aproximadamente três quilômetros, sendo instalada na MG-402, entre os municípios de São Francisco e Pintópolis. O investimento é estimado em R$ 173 milhões. A abertura das propostas está agendada para o dia 9 de outubro deste ano, às 9h30.

 

A obra começou a ser implantada por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) e do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER-MG), com um orçamento inicial de R$ 113 milhões, recurso oriundo do acordo firmado entre a gestão estadual e a mineradora Vale para reparar perdas e danos decorrentes do desastre com o rompimento da barragem em Brumadinho.

 

 

Obras paralisadas


A ponte sobre o Rio São Francisco é reivindicada desde 1950, época em que JK, ainda candidato ao governo de Minas, tinha como mote de campanha "Energia e Transporte". Por isso, quando começou a ser construída, foi motivo de comemoração para os moradores.

 

No entanto, em setembro de 2023, a Seinfra anunciou a paralisação das atividades devido à rescisão do contrato com a empresa KPE, vencedora da licitação para a reforma do trecho da MG-402. O DER-MG informou que o contrato foi interrompido e a obra paralisada pela incapacidade da construtora de avançar com os serviços conforme a obrigação contratual.

 

 

No mesmo ano, o DER-MG estabeleceu um prazo de 60 dias para a empresa tomar as devidas providências em relação ao grande volume de material estocado no canteiro de obras e concluir os elementos de concreto que se encontravam parcialmente executados, para tentar minimizar perdas devido à paralisação. Desde então, as obras não tinham voltado à pauta até o momento.


Fim das balsas


A publicação do edital "ressuscita" mais uma vez a esperança da população local, que tem de continuar enfrentando a demorada travessia do rio de balsa. O transporte depende das condições climáticas e da capacidade fluvial do curso d’água para realizar a transposição de veículos de carga e de passeio.


O processo, além de antigo, representa um atraso tanto para a locomoção dos moradores quanto para o progresso do município. Em casos de emergência, o meio de transporte também é um empecilho, pois pode demorar até três horas ou mais para cruzar o leito.

 

Com a ponte, a circulação de mercadorias do setor agropecuário entre as regiões Norte e Noroeste de Minas poderá ser facilitada, assim como o escoamento da produção dos estados de Goiás e Mato Grosso para o Nordeste brasileiro.


Pavimentação das rodovias


A licitação para a pavimentação da estrada que liga Pintópolis a Urucuia (MG-402) foi homologada em março de 2024 e vencida pela Construtora Mais. As obras seguem na região e devem pavimentar 73 km divididos em dois lotes: o primeiro com 21,753 quilômetros e o segundo com 51,440 quilômetros. A previsão é de que, até o final deste ano, cerca de 30 quilômetros já estejam pavimentados.

 

As reformas na rodovia vão integrar a região Norte e Noroeste de Minas, os vales do Jequitinhonha e Mucuri, e o Sul da Bahia, facilitando o transporte de grãos, que compõem a base da economia da região.

 

Além disso, estima-se que, após a conclusão dos serviços, cerca de 100 mil pessoas serão beneficiadas diretamente pela pavimentação do segmento. O diretor-geral do DER-MG, Rodrigo Tavares, destaca que “a melhoria trará benefícios logísticos e de segurança viária para toda a região, além de diminuir significativamente o tempo de deslocamento até Brasília, que poderá ter uma redução de mais de duas horas”.