Adriano Carlos de Almeida, de 42 anos, foi assassinado em quarto de motel em Caratinga -  (crédito: Redes sociais/Reprodução)

Adriano Carlos de Almeida, de 42 anos, foi assassinado em quarto de motel em Caratinga

crédito: Redes sociais/Reprodução

A Polícia Civil concluiu nesta sexta-feira (30/8) a investigação sobre o assassinato do professor Adriano Carlos de Almeida, de 42 anos, dentro de um quarto de motel em Caratinga, no Vale do Rio Doce. Um adolescente de 17 anos, ex-aluno de Adriano, confessou a execução após marcar um encontro por meio de troca de mensagens no Instagram — rede social na qual a vítima teria um perfil falso para buscar relacionamentos com pessoas do mesmo sexo, informou o delegado Almir Lugon em entrevista ao Estado de Minas.

 

 

“O adolescente, em depoimento, disse que foi o professor quem fez contato [via rede social] propondo um encontro. A vítima, segundo o relato do rapaz, tinha o hábito de reagir às publicações dele no Instagram. Acessamos o computador do Adriano na casa onde ele morava e constatamos duas contas no Instagram, sendo uma delas usada para buscar, a princípio, relacionamentos, conforme visualizamos em mensagens trocadas entre o professor e outros rapazes. Testemunhas próximas à família reforçam a tese de que ele mantinha um perfil ‘falso’ com essa finalidade”, explicou o delegado, que atua na 2ª Delegacia Regional de Caratinga, vinculada ao 12º Departamento de Polícia Civil.

 

 

Os policiais ouviram a mãe do adolescente, além de familiares e amigos de Adriano. Conforme o delegado, todos disseram não ter ciência de um possível relacionamento entre a vítima e o jovem. O adolescente, inclusive, afirmou que foi a primeira vez que saiu com o professor.

 

“Ele confessou ter praticado anteriormente ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas e que seu objetivo ao aceitar a investida do professor era conseguir dinheiro para pagar uma dívida de R$ 1,5 mil. O adolescente alegou que teve uma carga de drogas no valor de R$ 3 mil furtada e já havia ressarcido a metade para o traficante, faltando ainda o restante”, explicou o delegado.

 

Conforme mostram imagens de uma câmera de monitoramento, a vítima saiu de carro de casa, em Caratinga, em 16 de agosto, pouco antes de 1h, e foi encontrada morta na manhã do mesmo dia à margem da MG-329, no Córrego Juca Antônio, zona rural de Santa Rita de Minas, por pessoas que passavam pela estrada. 

 

Morte por asfixia

 

A Polícia Civil também analisou imagens do circuito interno de TV do motel. Adriano e o rapaz chegaram de carro ao local por volta das 2h, depois de comprarem bebidas. Dentro do quarto, o jovem teria coagido a vítima a transferir altos valores via PIX, mas o professor não acatou a ordem e recebeu o golpe conhecido como "mata-leão", conforme informações repassadas pelo próprio adolescente aos policiais. Ele relatou ter segurado Adriano com essa manobra por cerca de nove minutos, com o objetivo de matá-lo por asfixia.

 

Professor e adolescente chegaram ao motel de carro próxomo das 2h em 16 de agosto

Professor e adolescente chegaram ao motel de carro próximo das 2h em 16 de agosto

Circuito interno de TV/Reprodução

 

“Na sequência, ele arrastou o corpo até a garagem privativa e colocou a vítima no banco de trás do carro. Depois, pegou R$ 50 na carteira do professor para efetuar o pagamento pelo quarto e conseguiu deixar o motel sem levantar suspeita, já que o veículo tinha insulfilm”, contou o delegado.

 

  

Em seguida, o adolescente se desfez do corpo à margem da MG-329, na zona rural de Santa Rita de Minas, e abandonou o carro do professor em um bairro de Caratinga. O veículo estava trancado, e uma bermuda da vítima foi encontrada nas proximidades.

 

O jovem foi apreendido pela Polícia Civil na sexta-feira (23/8) e permaneceu na delegacia até sua transferência, na última terça-feira (27/8), para uma instituição socioeducativa em Sete Lagoas, onde segue à disposição da Justiça. Com a conclusão das diligências da PCMG, o caso foi remetido à Vara da Infância e Juventude de Caratinga. O adolescente responderá pelo crime análogo ao de latrocínio (roubo seguido de morte).

 

Adriano Carlos de Almeida se formou na Universidade Federal de Viçosa (UFV) em Geografia, em 2007, e lecionava essa disciplina na Escola Estadual Engenheiro Caldas, em Caratinga. Ele também deu aula no Colégio de Aplicação Coluni da UFV. Em nota, a universidade lamentou a morte: "A UFV e o Departamento de Geografia se solidarizam com os amigos e familiares neste momento de luto."