O ex-vereador de Belo Horizonte Ronaldo Batista foi condenado a 26 anos e seis meses de prisão pela morte do sindicalista Hamilton Dias de Moura em júri popular, na noite desta sexta-feira (2/8). A vítima foi morta em uma emboscada há quatro anos, sob encomenda de Batista, por vingança e disputas sindicais. 


 

O grupo de comando do crime tinha como figura principal o vereador de BH e os irmãos Gerson Geraldo Cesário e Antônio Carlos Cesário. Gerson morreu no decorrer do processo. Já Antônio Carlos Cesário foi condenado nesta noite, juntamente com Batista, a 22 anos e nove meses de prisão.


 

O núcleo de execução do sindicalista contava com mais sete pessoas. Duas delas, que estiveram presentes na cena do crime, foram condenadas nesta sexta: Leandro Felix Viçoso, ex-policial penal, recebeu uma pena de 23 anos e um mês de prisão; e Fernando Saliba Araújo foi condenado a 14 anos e dois meses de reclusão.

 




Tiago Ribeiro de Miranda e Déborah Caetano Félix Aragão, cuja participação no crime não foi detalhada, foram absolvidos pelo júri. Já Felipe Santos Viçoso, também sem detalhes sobre sua participação, teve o processo suspenso nesta sexta após acordo de transação penal firmado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O julgamente dos sete réus teve início na segunda-feira (29/7) e acabou na sexta (2/8). A sessão foi presidida pela juíza Myrna Souto, do 1º Tribunal do Júri. 

 

Anteriormente, dois suspeitos já haviam sido julgados, o policial militar Felipe Vicente de Moura e Thiago Viçoso de Castro, primo do executor. O PM, responsável por organizar a emboscada, foi condenado a 17 anos de prisão, em regime fechado, pela participação no homicídio duplamente qualificado. Contudo, devido a um acordo de delação premiada com o MPMG, sua pena foi reduzida para 10 anos de prisão.

 

Já Thiago Viçoso de Castro foi absolvido das acusações de participação na organização criminosa e de adulteração da arma utilizada no crime. No entanto, foi condenado a três meses de detenção pelo crime de fraude processual e a quatro anos de reclusão pelo crime de posse ilegal de armas. 

 

 

O crime

 

Hamilton de Moura foi morto com 12 tiros em uma emboscada após estacionar ao lado da estação do metrô na Vila Oeste, em Belo Horizonte. O crime ocorreu em julho de 2020. Segundo a polícia, a motivação do homicídio está relacionada a um desentendimento que começou em 2010, quando Hamilton e Ronaldo, que eram membros do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Belo Horizonte e Região, passaram para lados opostos.

 

De acordo com o inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais, Gerson e o irmão Antônio Carlos Cesário ajudaram o ex-vereador de Belo Horizonte Ronaldo Batista no planejamento da execução do crime. Batista, de acordo com as investigações, foi o mandante. Coube aos irmãos Cesário intermediar o contato do executor do crime com o ex-parlamentar da capital mineira.

 

Em seu depoimento, o executor do crime disse que receberia R$ 40 mil e “uma ampla e confortável casa no estado do Espírito Santo”. Ainda de acordo com ele, a vítima foi atraída ao local do crime para um suposto encontro amoroso marcado em conversas entre a vítima e um perfil falso de mulher. 


Personalidade respeitada entre sindicalistas do setor de transportes, Hamilton era presidente do Sindicato dos Motoristas e Empregados em Empresas de Transporte de Cargas, Logística em Transporte e Diferenciados de Belo Horizonte e Região (Simeclodif). Moura e Ronaldo Batista chegaram a ser aliados, mas romperam relações em 2010.

 

Ronaldo, na época do crime, era presidente da Federação dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Minas Gerais (Fettrominas) e, até 2018, esteve à frente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte e Região (STTRBH). 

 

As investigações apontaram que a vítima criou um sindicato à parte, que enfraqueceu o STTR-BH. A arrecadação da instituição foi, inclusive, muito impactada. Hamilton também patrocinava ações judiciais contra o rival, que resultaram em bloqueios de bens no valor aproximado de R$ 6 milhões.

 

No julgamento, o ex-vereador negou participação no crime e disse que foi indicado como suspeito porque a família da vítima não gostava dele, em função de divergências entre os dois na política dos sindicatos. Ainda segundo o ex-vereador, os dois não eram amigos próximos, mas existia um respeito entre eles. Ronaldo disse, inclusive, que chegou  a ser convidado para a festa de aniversário da família da vítima.

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