Um jovem de 19 anos foi preso suspeito de chantagear e forçar a namorada virtual, moradora de Belo Horizonte, a se automutilar. A prisão, ocorrida em São José dos Campos, em São Paulo, foi anunciada em coletiva de imprensa realizada na capital mineira nesta segunda-feira (5/8).

 

 

O casal manteve um relacionamento a distância por cerca de quatro meses, após se conhecer nas redes sociais. "Inicialmente, eles tinham uma relação amistosa, mas, com o tempo, ele começou a exigir que ela praticasse atos de automutilação, incluindo se cortar com o nome que ele usava nas redes sociais, como seu apelido", detalhou o delegado Arthur Benício, à frente das investigações.


O suspeito ameaçava divulgar os dados pessoais da vítima, de 23 anos, e de sua família para convencê-la a se automutilar durante videochamadas com ele. Em seguida, começou a gravar as imagens sem o conhecimento da namorada para usar como novo artifício de chantagem. Em uma das situações, ele ordenou que a vítima inserisse uma faca na região genital. "Ele passou a usar essas gravações para coagi-la, ameaçando publicar os vídeos das mutilações nas redes sociais", afirmou o delegado.




 

As ameaças se agravaram quando a vítima descobriu que o suspeito mantinha um relacionamento com outra mulher. Ela procurou a 'amante' para expor a situação, o que resultou em uma nova ameaça do suspeito. Ele passou a exigir que ela desmentisse o relacionamento, sob pena de expor todos os vídeos. Inicialmente, ela se negou, então, ele criou um grupo nas redes sociais e espalhou os vídeos dela nua e das mutilações para amigos e familiares da vítima.


Desesperada, ela pediu que ele retirasse as imagens e, como exigência, ele demandou que ela gravasse um vídeo se agredindo e se desculpando para remover o conteúdo das redes. "Ele ficou com muita raiva dessa exposição e passou a coagi-la para que ela fizesse contato com essa outra namorada", afirmou o delegado Benício.

 

 

‘Perfil agressivo’ e racismo

Além da tortura virtual, o suspeito fazia constantes ofensas racistas, chamando a namorada de ‘macaca’ e ‘parda imunda’, além de usar figurinhas nazistas nas trocas de mensagens. “A gente constatou que tudo isso tinha como pano de fundo uma questão racial. Ele sempre ofendia ela com expressões racistas”, aponta o delegado.


O suspeito é descrito pela polícia como um perfil agressivo e estava envolvido em investigações relacionadas a ameaças de massacre escolar em São Paulo. Além disso, ele havia publicado recentemente um vídeo perturbador em que decapita um gato e exibe o corpo do animal nas redes sociais.

 

O ambiente familiar do suspeito é caracterizado pelos policiais como "problemático", com uma infância marcada pela ausência dos pais. A avó dele, que o criou, havia sofrido uma tentativa de homicídio pelo próprio filho, pai do suspeito.

 

 

O jovem foi preso preventivamente na quinta-feira (1º/8) e responderá por tortura, induzimento à automutilação, injúria racial, registro não autorizado da intimidade sexual da vítima e divulgação desse conteúdo. O suspeito já havia sido preso anteriormente em duas ocasiões, mas a polícia não detalhou o motivo.

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