Moradores estão cobrando uma solução da Copasa pelo despejo inadequado de esgoto no ribeirão dos Fechos, em São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima conhecido como Macacos, na Grande BH. A população reclama do mau cheiro e do nível de poluição no afluente local. Vídeos mostram uma espuma branca sobre as águas e estudos apontam percentuais de dejetos acima do tolerável. A prefeitura chegou a multar a companhia de água. 

Para quem mora perto, como Daniela Costa, a situação é desagradável, principalmente em dias de sol forte. “Esse rio dava no fundo de uma casa que morei e tinha dias que o mau cheiro era horrível. E não era pertinho não, os terrenos são grandes, de 3 mil metros quadrados, e, mesmo assim, o cheiro de esgoto chegava na minha casa”, afirma.


Ela relata que o despejo direto de esgoto sem tratamento na região começou em 2019, e só foi se intensificando com o tempo. Opinião reforçada pela também moradora Luiza Fonseca. “Já havia notado que o córrego dos Fechos, de tempos em tempos, vinha com aquele odor e uma cor mais acinzentada”, relata.



Por causa da situação, em 2022, o Instituto Bacia Viva, dentro do projeto Ação Coletiva de Impacto, se mobilizou para contratar o serviço de um laboratório internacional para coletar e realizar um levantamento de dados, com fotos, perícia e medições do Córrego Fundo, nascente do ribeirão dos Fechos, localizada no Bairro Jardim Canadá.

 

E os resultados revelaram percentuais acima do tolerável para o córrego, com 50.800 coliformes totais (CT)/100 ml presentes de coliformes fecais nas águas. Para se ter uma ideia, os índices de tolerância para consumo humano e atividades como pesca e natação é de 200 CT/100 mL.

 


O documento revela também que, entre as principais consequências do tamanho dessa poluição, estão 4km de córrego afetados, a destruição da biodiversidade local, daa vegetação ribeirinha e o impacto na principal atividade econômica de Macacos, que é o turismo. Em defesa das águas, Luiza se mobilizou e procurou o secretário de Meio Ambiente de Nova Lima, Gabriel Coutinho, que a explicou que o esgoto antes era tratado, mas que, nos últimos anos, o despejo tem acontecido direto.

 

 

Gabriel também informou que a Prefeitura de Nova Lima fiscalizou, autuou e multou a Copasa referente às atividades da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), localizada na região do Jardim Canadá, próximo ao Parque Natural Municipal de Fechos e Estação Ecológica de Fechos.

 

"Foi aplicada multa no valor de R$ 4 milhões por irregularidades no sistema de esgotamento sanitário com extravasamento do esgoto no trecho do córrego de Fechos/Jardim Canadá e São Sebastião das Águas Claras/Macacos. O município tem solicitado providências imediatas da Companhia para restaurar e equacionar o impacto e degradação gerados", afirma.

 

 

Além da prefeitura, Luiza acionou a própria a ouvidoria da Copasa para fazer uma denúncia, mas o pedido foi negado. Outra tentativa foi realizada, desta vez, na Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG), mas ainda sem retorno para a moradora. “Estamos mobilizando para que eles resolvam isso o mais rápido possível”, destaca Luiza.

 

O que diz a Copasa

 

Em nota, a Copasa informou que recebeu o auto de infração emitido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Nova Lima, e está analisando o documento e preparando sua defesa técnica, conforme prazo legal exigido pela prefeitura da cidade.

A Companhia informa ainda que a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Jardim Canadá que opera com expressiva remoção de matéria orgânica e resíduos sólidos em suspensão, presentes no esgoto bruto, está em obras de expansão, com previsão para conclusão até o fim de 2024.

A unidade vem operando com o descarte irregular de efluentes industriais que são lançados de forma indevida no sistema de coleta de esgoto da Copasa.

 

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