Não é apenas na Olimpíada de Paris que o Brasil conquista medalhas. O estudante mineiro Raí Barros Moura Naves, de 16 anos, conseguiu o feito ao representar o Brasil em uma olimpíada de matemática em Singapura. Ele conquistou as medalhas de ouro e bronze no evento conhecido como Singapore International Math Olympic Challenge (Simoc), disputado em julho deste ano. O adolescente, que já acumula cerca de 30 medalhas, foi o único representante de Belo Horizonte na disputa.
O belo-horizontino conta que a olimpíada de Singapura era dividida em três partes, nas quais ele conseguiu conquistar duas medalhas. Raí Naves conseguiu a medalha de ouro no “Math Warriors", um desafio matemático com dados realizado em grupo e que exige rapidez e precisão de raciocínio.
Já a medalha de bronze foi obtida pelo estudante na parte da prova escrita conhecida como "Math Olympics". Sobre a parte escrita da competição, o adolescente conta que foi necessário criar uma estratégia. “Eram 25 questões. Aí a gente tinha 90 minutos para resolver. Era praticamente impossível resolver todas, então era necessário selecionar entre elas as que eu tinha mais aptidão e certeza de que eu conseguiria, de fato, solucionar”, detalha.
No desafio matemático, Raí Naves conta que foi o líder de seu grupo. No Math Warriors, os participantes têm 15 segundos para montar operações matemáticas. No próprio grupo, o adolescente conta que tinha pessoas de diversos países. “Eu estava ajudando a decidir as ações que a gente deveria fazer em cada momento do jogo. E eram grupos que se dividiam com pessoas do mundo inteiro. No meu grupo tinha uma menina da Indonésia, outra lá de Singapura, um menino da Mongólia e outro do Uzbequistão. Então, eu consegui fazer algumas amizades, o que foi super bacana”, ressalta.
O estudante foi para Singapura depois de se classificar na Singapore & Asian Scholz Math Olympiad (Sasmo), ocasião em que ele conseguiu uma medalha de prata. Para se preparar para as competições, Raí Naves estudou provas antigas da competição e treinou o jogo matemático com seus amigos e familiares. “Além do preparo que eu já fazia normalmente, eu incrementei um pouco com a parte do jogo, e também com essa questão da prova que eu peguei exemplos de alguns anos anteriores. Quando eu descobri que teria esse jogo de dados na olimpíada, eu também treinei ele com alguns amigos e com meus pais”, explica.
De acordo com Raí Naves, a logística para conseguir ir foi mais complexa. Por ser uma viagem mais cara, o estudante mineiro rifou uma camisa do Atlético autografada para ajudar a arcar com os custos. O adolescente foi com outros 20 brasileiros que também iriam competir. Ao todo, a delegação brasileira tinha 40 pessoas, incluindo também os pais dos competidores. “Nós saímos de São Paulo e foram 22 ou 23 horas de voo até Doha, e depois de Doha até Singapura. Mas, no geral, apesar da logística da viagem ter sido um pouco complicada, no final deu tudo certo”, reflete.
Mundo das olimpíadas
Além das competições que aconteceram no último mês em Singapura, Raí Naves também conquistou outras medalhas. O estudante entrou para o mundo das olimpíadas por conta de uma iniciativa da sua escola chamada “equipes do conhecimento”. “Eles selecionam os alunos que tiram notas mais altas, que têm uma performance melhor. E eles oferecem aulas preparatórias para esse tipo de competição. Então, desde 2019, eu frequento essas aulas no meu colégio e foi lá que o meu professor de matemática me apresentou essas olimpíadas”, explica.
O estudante conseguiu premiações em olimpíadas de áreas do conhecimento variadas. Raí Naves já participou da Olimpíada Brasileira de Informática, Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, Olimpíada Brasileira de Linguística, Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras, Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, Canguru Matemático, Olimpíada de Matemática da Unicamp e Olimpíada Brasileira de Robótica.
Dentre as suas mais de 30 premiações, Raí Naves destaca algumas como as mais especiais para ele. “Algumas medalhas que eu gosto bastante são duas medalhas de prata na OBMEP, que é a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Tem duas medalhas de ouro e uma de prata na Olimpíada Brasileira de Informática, duas medalhas de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e uma medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Linguística. Inclusive essa é especial porque foi o primeiro lugar no ranking no Brasil inteiro”, descreve.
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Atualmente, Raí está no primeiro ano do ensino médio. O estudante conta que pretende continuar participando de competições e olimpíadas. “Além de me deixarem feliz, as competições servem para me estimular bastante, descobrir coisas novas e sempre tentar me superar. O que eu acho extremamente bacana. Isso além das oportunidades que elas me abrem, como essa viagem, por exemplo", ressalta.