Um casal, de 33 e 34 anos, e dois filhos, de 16 e 11 anos, foram encontrados mortos na madrugada desse domingo (11/8). A principal suspeita é que o vazamento de monóxido de carbono do aquecedor instalado recentemente no apartamento da família, localizado em Uberlândia, município no Triângulo Mineiro, tenha sido a causa das mortes. Ocorrências como essa não são excepcionais, especialmente no inverno, quando aquecedores e lareiras são mais utilizados. 

 

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Tenente do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG), Henrique Barcelos explica que a intoxicação por monóxido de carbono (CO) ocorre porque o gás combina com a hemoglobina na corrente sanguínea e ocupa o espaço do oxigênio, o que impede a oxigenação dos tecidos e órgãos vitais. “Ele é incolor e sem cheiro. As pessoas vão apenas sentir os sintomas: uma dor de cabeça forte, náuseas, vômitos que podem levar ao desmaio, inconsciência e até a morte”, diz o tenente. 

 



 

Relembre outros casos 

 

Jovens mineiros dentro de carro

 

Na madrugada de 1º de janeiro deste ano, quatro jovens de Paracatu, Região Noroeste de Minas Gerais, morreram dentro de um carro BMW estacionado na rodoviária de Balneário Camboriú (SC). A causa da morte foi asfixia por causa de intoxicação por monóxido de carbono gerado a partir de alterações irregulares no escapamento do veículo.


De acordo com o perito Luiz Gabriel Alves de Deus, umas das alterações foi feita na parte inicial do sistema de escapamento, que liga o motor à parte inferior do veículo, com o catalisador, equipamento responsável por neutralizar os gases poluentes e transformá-los em compostos seguros para serem liberados na atmosfera. 


Foi constatado que o catalisador foi modificado pelo equipamento caseiro chamado de ‘downpipe’, que proporciona maior vazão do fluxo de gases, aumentando a rotação da turbina e assim conseguindo gerar mais potência para o carro. Segundo o perito, a ausência de fixação e fragilidade da solda do downpipe foi o motivo que causou a vazão dos gases. 


Na época, Luiz Gabriel disse que a solda foi rompida, causando vazamento do monóxido de carbono por baixo do veículo, pelas laterais, e foi succionado pelo ar-condicionado, que levou para o interior do veículo. O perito ressaltou, também, que o fato de o carro estar parado acelerou a morte dos jovens, uma vez que não há circulação de ar, o que impossibilita o escoamento desses gases. "O rompimento da peça, o grande volume de monóxido extravasado e o veículo em repouso por tempo prolongado acabou resultando nessa atmosfera tóxica", explicou.


Casal em pousada

 

O casal Walther Reis Cleto Junior, de 51 anos, e Alessandra Aparecida Campos Reis Cleto, de 49, foram encontrados mortos em uma pousada de Monte Verde, no Sul de Minas, no dia 24 de junho de 2023. A Polícia Civil (PCMG) confirmou que as mortes foram causadas pela fumaça de uma lareira existente no quarto. 


Na época, o casal foi visto com vida às 18h da sexta-feira (23/6), quando recebeu um saco com lenha para a lareira do chalé. O proprietário do chalé relatou à Polícia Militar ter percebido que a bomba d'água do banheiro do quarto do casal seguia ligada após muito tempo. Ele tentou bater na porta e ligar para o casal. Sem resposta, ele decidiu usar uma chave reserva para entrar no quarto, onde se deparou com Walther e Alessandra caídos no chão.

 

Leia também: Mortes silenciosas: o perigo dos gases tóxicos no inverno


Churrasqueira no quarto

 

Marido e mulher morreram asfixiados na cidade de Nova Ponte, depois de usar uma churrasqueira ainda em brasa, dentro do quarto para se aquecerem durante a noite de sono. O casal foi encontrado morto pela filha de 14 anos durante a madrugada do dia 19 de maio de 2022. Os filhos também tinham brasas em seu quarto e sentiram efeitos de intoxicação.


Casal no Rio de Janeiro

 

As mortes do empresário Matheus Correia Viana e da psicóloga Nathalia Guzzardi Marques, ambos de 30 anos, foram causadas por asfixia, de acordo com os laudos. Os corpos foram encontrados no banheiro do apartamento de Matheus, no Leblon, em 22 de junho de 2021. O chuveiro, que era aquecido a gás, estava ligado quando o casal foi encontrado.


Intoxicação no Chile

 

Em 22 de maio de 2019, intoxicação por monóxido de carbono foi a causa da morte de seis brasileiros da mesma família. Eles inalaram o gás tóxico que vazou do sistema de aquecimento do prédio onde estavam hospedados durante férias na capital chilena.


As vítimas foram Karoliny Nascimento, que completaria 15 anos dois dias depois da tragédia, o irmão Felipe Nascimento, de 13, a mãe Débora Nascimento, de 38, e o pai Fabiano de Souza, de 41. Além disso, o irmão e a cunhada de Débora, Jonathas Kruger Muniz e Adriane Padilha Kruger.


Pouco antes de morrer, Débora enviou mensagens de áudio a parentes no Brasil. Nas gravações, ela pede socorro e relata que o filho Felipe já estava "roxo". "Não consigo mais, minhas articulações também estão parando e ficando roxas. E essa ambulância não chega. Acho que nós todos estamos contaminados por um vírus, Raquel, que paralisa as articulações e dá vômito. Não sei o que vai ser de nós”.


Morte em chalé

 

Em 2011, Gustavo Lage Caldeira, de 23, e Alessandra Paolinelli, de 22, morreram de asfixia por CO, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, quando se hospedavam em um dos chalés para comemorar um ano de namoro.

 

O escape irregular do gás, que vazou do sistema de aquecimento a gás da hidromassagem, ocorreu devido a mudanças feitas no sistema de aquecimento por um bombeiro hidráulico autônomo, sem contratação de um profissional especializado ou elaboração de projeto técnico, de acordo com o laudo da Polícia Civil.

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