Em mais uma tentativa de barrar a realização da Stock Car, que ocorrerá a partir de amanhã (15/8) até domingo (18/8), no entorno do Mineirão, próximo às dependências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), militantes ambientalistas, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, profissionais da universidade e a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT-MG) se reuniram em coletiva nesta quarta-feira (14/8) para discutir os impactos da corrida na região e anunciaram uma ação popular para impedir o evento.

 

De acordo com Sandra Goulart, o evento pode causar impactos ambientais irreversíveis, além de prejudicar pesquisas e serviços científicos e universitários da UFMG.

 



 

“Nós estamos no dia 14 de agosto e está acontecendo tudo o que a UFMG previu desde o início do ano, quando soubemos deste evento. Temos alertado as autoridades locais, a prefeitura, os organizadores e a sociedade de que a realização desse evento naquele espaço seria inviável”, relatou a reitora. 

 

Batalha com a Stock Car 

 

Ao todo, foram realizadas duas audiências públicas, duas visitas técnicas à UFMG e uma ação judicial para tentar evitar a realização da Stock Car na região da Pampulha, no entorno do Mineirão. Devido ao evento, várias unidades da UFMG precisarão interromper suas atividades, como o Centro Esportivo Universitário (CEU), o Centro de Treinamento Esportivo (CTE), a Faculdade de Odontologia, o Biotério Central e a Escola de Veterinária.

 

Os responsáveis pela organização da Stock Car em Belo Horizonte apresentaram um plano para construir uma barreira de som com o objetivo de reduzir o ruído na região, especialmente nas instalações da UFMG. No entanto, existe o temor de que a cobertura acústica não seja suficiente para garantir o bem-estar da fauna local.

 

  

A Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) constatou que os prejuízos causados pela realização da Stock Car não podem ser mitigados ou reparados e que diversas pesquisas sofrerão atrasos devido a problemas não estudados pelos empreendedores ou pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

 

De acordo com a reitora da UFMG, os técnicos da PBH que foram chamados para realizar análises para o evento procederam sem estudos técnicos aprofundados, “colocando à frente apenas os interesses de um momento político em que a cidade vive”.

 

 

“A questão é que as legislações municipal, estadual e federal não conversam entre si, justamente porque é um tema polêmico. Não temos nada contra a Stock Car, mas ali não é um espaço adequado para um evento dessa natureza. É uma área residencial onde os moradores estão revoltados com o que está acontecendo desde o início das obras. É um local onde as pessoas moram, vivem, estudam, realizam pesquisas de ponta para a cidade e para o país, e dialogam com a sociedade”, acrescentou.


Impactos em pesquisa e atendimento 

 

A UFMG transferirá quase 30 animais do Hospital Veterinário — que fica a cerca de 50 metros da pista — e suspenderá atendimentos ao longo dos quatro dias do evento. Segundo a administração, até 400 animais poderão deixar de ser atendidos. Os animais que residem no campus e não puderam ser transferidos serão assistidos por uma equipe de plantão, composta por clínico, cirurgião e anestesista.

 

“Quem mora em Belo Horizonte aceitaria uma corrida de carros ao lado do Hospital João XXIII? Por que aceitar, então, ao lado de um hospital veterinário?”, questionou Cerqueira.

 

A corrida também impactará diversas pesquisas acadêmicas e, segundo a reitora da UFMG, poderá prejudicar todo o cenário mineiro, sudestino e nordestino, já que a Escola de Veterinária possui um dos nove laboratórios que compõem a Rede Brasileira de Laboratórios de Controle da Qualidade do Leite (RBQL) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

 

 

“A gente pode perder o nosso credenciamento se deixarmos de fazer as análises por um dia, porque um dia significa vários caminhões que perderão amostras. Todo o leite e derivados que vocês consomem passam pelo laboratório; não é pouca coisa”, explica.


Depois da corrida

 

“Estamos movendo uma nova ação popular ajuizada na 3ª Vara da Fazenda aqui em Belo Horizonte, demonstrando a legislação que determina que empreendimentos como a Stock Car precisam de prévio licenciamento devido à sua complexidade. No entanto, a prefeitura optou por tratá-lo como um evento qualquer, desconsiderando todos os seus impactos. Ou seja, a Stock Car vai acontecer em Belo Horizonte de forma ilegal. Por isso, pedimos liminarmente que este evento seja suspenso naquele local”, declarou a deputada Beatriz Cerqueira.

 

Caso a liminar para impedir a realização da Stock Car no Mineirão não seja concedida, a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia já tem agendada uma terceira visita técnica à UFMG para mensurar os impactos causados pelo evento na próxima segunda-feira (19/8). Também será realizada uma nova audiência pública sobre as consequências do evento.

 

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A Stock Car e a Prefeitura de Belo Horizonte foram procuradas para possíveis pronunciamentos a respeito das afirmações, mas ainda não deram retorno. O espaço permanece aberto para quaisquer manifestações. 

 

 

 

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