O juiz-forano Renan Sena, de 29 anos, formado em engenharia elétrica, é professor do Instituto Federal de Santos Dumont, na Zona da Mata. Desde o final do ano passado, ele enfrenta um tratamento contra um câncer raro no timo (órgão que fica entre o pulmão e o coração). "Descobri o câncer no ano passado, em julho, mas não sabia qual era. A princípio, eu achava que fosse linfoma e, quando fiz as biópsias, recebi a  confirmação de que era esse câncer super raro. Pelo fato de ser superraro, demorei muito para começar o tratamento. Só fui começar no último dia de outubro do ano passado. Durante esse período, fiquei sem tratamento", disse o professor.


 

Renan passou por diversas sessões de quimioterapia e teve que fazer uma cirurgia delicada na cabeça, em julho, já que o câncer se espalhou e formou uma espécie de "massa", entre o cérebro e o crânio.

 



 

 

Por se tratar de um câncer raro -  de acordo com a Cancer American Society, são registrados 1,3 casos para cada milhão de pessoas a cada ano nos EUA, o que equivale a cerca de 400 casos por ano no mundo – não há quimioterapia específica para o tratamento. Para se curar, Renan precisa de um imunoterápico chamado Pembrolizumab. São 35 doses a serem aplicadas a cada 21 dias. No entanto, o medicamento é caro pela rede privada: R$ 47 mil cada dose.

 

O remédio é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas não consta na lista de medicamentos da Farmácia do SUS. Por isso, Renan entrou na Justiça e conseguiu que o governo de Minas arque com a compra do produto.

 

 

Duas doses foram entregues e aplicadas em julho. No entanto, a dose que Renan precisava aplicar no dia 12 de agosto ainda não chegou, e não há data para que o remédio seja disponibilizado para o professor.

 

"Quando fomos à Farmácia do SUS, a Secretaria de Estado da Saúde nos negou o remédio. Eu entrei na ouvidoria da Secretaria de Saúde e não obtive resposta. Entrei no Ministério Público Federal e eles simplesmente não aceitaram, não vão investigar o meu caso. Disseram que como eu já estou com o caso na Justiça, vai se resolver na Justiça", contou Renan.

 

Diante da demora do governo, Renan tem feito vaquinha virtual, brechó e rifas para arrecadar dinheiro e comprar o remédio por meio da iniciativa privada. "Eu estou em início de tratamento, mas preciso tratar durante dois anos. E aí, se já está faltando agora, como é que vai ser daqui durante o tratamento?", questiona o professor.

 

Saúde mental

 

A demora em conseguir a medicação prejudica não só a saúde física de Renan, mas também o aspecto mental.

 

 

"Então, se falta, se o prazo é muito extenso, eu vou ter um prejuízo enorme. As doses que tomei anteriormente podem não surtir efeito, entende? E o câncer pode voltar à atividade que ele tinha antes. No aspecto mental é muito desgastante, porque lidar com a doença é muito difícil. Com todos esses empecilhos, a chance de sobreviver vai só diminuindo e isso no mental é muito desgastante. Tento manter a fé, a positividade e relaxar um pouco", disse.

 

A reportagem do Estado de Minas procurou a Secretaria de Estado de Saúde na última terça-feira (13/8). No entanto, até a publicação desta reportagem, o órgão não se manifestou.

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