A primeira edição da Stock Car em Belo Horizonte trouxe impactos significativos para a economia e para a projeção da cidade no cenário nacional e internacional. Realizado durante o feriado municipal prolongado, de 15 a 18 de agosto, o evento movimentou aproximadamente R$ 250 milhões, segundo dados apresentados pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) e pelos organizadores.

 

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Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (20/8), o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), ressaltou o retorno econômico e a visibilidade alcançada com o evento. "Belo Horizonte conseguiu se inserir no contexto mundial do automobilismo. O resultado foi muito positivo. Nós arrecadamos adicionalmente R$ 250 milhões em uma semana, movimentando a economia, o comércio e os serviços", afirmou Noman.

 

 

Apelidada de "Mônaco Brasileira", a competição, que atraiu cerca de 70 mil pessoas ao longo de quatro dias, foi marcada por uma série de atividades paralelas e shows musicais, além de celebrar os 30 anos do legado de Ayrton Senna. "A corrida é o que atrai, mas o importante é o que acontece no entorno. Belo Horizonte começa a aparecer no cenário nacional", completou o prefeito.

 



 

Os organizadores, por sua vez, afirmaram que a pista de Belo Horizonte, apesar de ser nova, já se consolidou como uma das mais desafiadoras do circuito nacional. Pequenos ajustes serão feitos, especialmente em áreas onde o asfalto apresentou problemas, mas o traçado geral será mantido. "Os pilotos adoraram a pista. Vamos manter o mesmo traçado, não há muito o que mudar", afirmou Sérgio Sette Câmara, um dos idealizadores do BH Stock Festival.

 

Injeção na economia e empregos

 

A etapa da Stock Car em Belo Horizonte movimentou significativamente a economia local, com uma taxa de ocupação hoteleira de 75%, destacando-se ainda mais por ter ocorrido durante uma semana de feriado. O evento gerou cerca de 4 mil empregos diretos e indiretos, atraiu turistas de 25 estados brasileiros, além de visitantes internacionais, que se comunicaram em cinco idiomas diferentes: português, inglês, espanhol, italiano e russo.

 

 

"Todo o comércio de Belo Horizonte foi beneficiado, desde os bares e restaurantes até os aplicativos de transporte. Não houve impacto negativo; o positivo superou muito", afirmou o presidente da CDL/BH, Marcelo de Sousa e Silva. A cidade recebeu a Stock Car com uma receptividade muito positiva. Segundo ele, foi observado um movimento positivo em várias áreas, desde o Mercado Central até os mercados descentralizados e o centro da cidade.


Além da economia, o evento trouxe lições que, segundo o presidente da CDL/BH, poderão ser aplicadas em outros grandes eventos na cidade. "O que nós estamos aprendendo com um evento tão exigente como esse é algo que vamos poder replicar em outros eventos também. Isso envolve tanto a estrutura pública quanto o setor produtivo, e é uma forma de continuar gerando emprego e melhorando a renda das pessoas", completa.

 

Em relação à continuidade do evento na cidade, garantida até 2028, a prefeitura já planeja melhorias para as próximas edições. O prefeito de BH cita especialmente o diálogo com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que desde o início se opôs a realização da corrida no entorno do campus. "Agora é o momento de sentar com calma, estudar, fazer essa apuração daquilo que pode ser melhorado e voltar a conversar com a UFMG para ver se conseguimos chegar a um termo adequado. Há sempre o que melhorar", disse Fuad Noman à imprensa.

 

A universidade estima ter gasto cerca de R$ 1 milhão do próprio orçamento em ações de emergência para mitigar efeitos da corrida nos animais do laboratório da Escola de Veterinária. De acordo com a UFMG, vários peixes morreram devido ao ruído das corridas. Estimativas de técnicos da universidade apontam que o ruído sonoro no prédio chegou a 100 decibéis (dB) – o limite definido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para hospitais é de 55 dB.

 


Impactos no entorno


Na avaliação de Sette Câmara, a corrida não causou grandes transtornos para os moradores da Pampulha, como temiam alguns críticos. “Os problemas foram os de trânsito e, ainda assim, garanto que os moradores tiveram muito menos impactos do que com grandes shows, já que a Stock Car tem uma entrada e saída de forma tranquila, não sai todo mundo ao mesmo tempo, isso também facilita demais o trânsito e evita tumultos”, disse.

 

 

A segurança foi outro ponto abordado durante a coletiva. Com um público de 70 mil pessoas, foram registradas apenas 12 ocorrências policiais no entorno, três delas por tentativas de roubo, o que foi considerado um número baixo pelos organizadores. "O povo foi para se divertir, para aproveitar. A segurança foi boa, a organização foi boa, tudo funcionou bem", completou o prefeito de Belo Horizonte. 


Sette Câmara confirmou que houve uma reunião entre a organização da Stock Car e a Associação Pró-Pampulha para discutir uma compensação financeira aos comerciantes que foram obrigados a fechar as portas durante o evento no entorno do Mineirão. Segundo ele, quatro lojas foram afetadas. “Fizemos uma reunião com eles antes do evento, e na próxima semana pretendemos sentar novamente para avaliar os prejuízos que eles alegam ter sofrido. Não queremos prejudicá-los de forma alguma”, garantiu.


Na quinta-feira (15/8), primeiro dia da Stock Car, os donos e funcionários de um desses restaurantes se envolveu em uma confusão com os seguranças do evento. Na ocasião, eles foram pegos de surpresa ao serem impedidos de acessar o local para abrir o delivery. Um vídeo, feito no momento da confusão, mostra uma mulher, identificada como proprietária do restaurante Farroupilha Grill sendo segurada no chão por duas seguranças do evento. Sobre a confusão, Sette Câmara lamentou o ocorrido e diz que foi um incidente “pontual”.

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