Os moradores de Caxambu, no Sul de Minas, realizam nesse sábado (24/8), uma manifestação contra a concessão do Parque das Águas. O local, administrado pelo estado, é um dos principais atrativos turísticos da cidade e será cedido à iniciativa privada no dia 9 de setembro, por meio de um edital divulgado pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge).

 

 

O protesto, chamado de "Abraço ao Parque das Águas", ocorre às 16h, na Praça 16 de Setembro. Os líderes comunitários da cidade também organizaram um abaixo-assinado on-line, que já soma mais de 13 mil assinaturas.  

 


O projeto de concessão prevê um investimento de R$ 21 milhões, de acordo com a Codemge. Os aportes iniciais indicados no edital, que terá duração de 30 anos, ultrapassam R$ 10 milhões, sendo R$ 9 milhões para as obras e o restante, R$ 1 milhão, para investimentos no turismo.

 




O imbróglio da concessão do Parque das Águas se estende desde 2022. À época, o edital previa um contrato de 30 anos para  todos os serviços, como gestão, limpeza e segurança, sejam realizados pelo futuro concessionário, que será avaliado por indicadores de desempenho. Entretanto, o documento foi revogado sob a insatisfação popular e reaberto em maio deste ano. Segundo a Codemge, o local gera um prejuízo de cerca de R$ 4 milhões anuais ao governo do Estado. 


 

A vice-presidente da Sociedade Amigos do Parque das Águas, Maria Antônia Muniz Barreto, afirma que alguns “detalhes” foram acertados em relação ao primeiro contrato, mas os moradores seguem insatisfeitos. “Eles não escutam o que é dito, só acatam quando não interferem no objetivo deles e insistem em entregar [o parque] para a iniciativa privada. O contrato prevê a construção de restaurantes, lanchonetes, realização de eventos, as coisas vão ficar mais caras. Como fica a população?”, questiona. 


 

 

 

Barreto ainda destacou que não percebe no edital uma preocupação com a revitalização das fontes de água, que ela avalia ser o mais urgente a ser feito em melhorias no local. No total, são 12 fontes, sendo 11 de água gasosa - Dona Leopoldina; Conde D’eu e Princesa Isabel; Duque de Saxe; Beleza; Dom Pedro; Viotti; Viotti Menor; Venâncio; Mayrink; e Ernestina Guedes.

 

 

“O estado tem obrigação de cuidar do parque, é um desrespeito ao nosso patrimônio e nossa população, pois temos o direito de decidir em conjunto com o poder público. O parque faz parte da nossa identidade, um santuário de cura, o que a Codemge está fazendo é transformá-lo num meio de arrecadação para empresas privadas”, afirma. 


 

Procurada pelo Estado de Minas, a Codemge informou que o projeto inclui um investimento de R$ 21 milhões e busca transformar o Parque das Águas em um polo turístico nacional, ao mesmo tempo em que assegura o acesso gratuito aos moradores do bairro Bosque e a manutenção do acesso livre às 12 fontes. 


 

“Sabemos que, em processos de concessão, é comum que a população apresente uma resistência inicial, como aconteceu em outras cidades, incluindo o exemplo do Parque Ibirapuera, em São Paulo. No entanto, experiências passadas mostram que essa resistência tende a ser superada quando os benefícios começam a se materializar, como a melhoria das estruturas, o aumento das atividades culturais e de lazer, e o fortalecimento do turismo local”, declara. 


 

Além disso, a empresa afirma que reconhece e respeita os movimentos da comunidade em torno do Parque das Águas de Caxambu.

 

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Fábio Corrêa

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