O presidente licenciado do Conselho Regional de Odontologia (CRO), Raphael Mota, contestou a intervenção do Conselho Federal de Odontologia (CFO) feita no órgão regional mineiro. Segundo Mota, o ato é "político". Nesta semana, o CFO determinou o afastamento de todos os membros da diretoria do conselho regional da categoria por causa da investigação do dentista Fernando Lucas Rodrigues Alves, de 42 anos. O cirurgião-dentista foi denunciado por lesões corporais e pela morte de uma paciente. 

 

 

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Raphael Mota diz que se afastou de seu cargo, justamente para se defender das acusações feitas pelo CFO. Ele diz, inclusive, que órgão mineiro havia aplicado uma suspensão de 30 dias no acusado e que é "uma mentira" da entidade nacional que o conselho regional tenha se omitido.




 

“Na verdade, eles decidiram intervir no CRO por questões políticas, pois existe uma forte indicação para que eu seja o candidato à presidência do CFO. Ou seja, foi uma decisão política. Os fatos foram deturpados”, afirma o dirigente mineiro.


 

Ele contesta a alegação da Polícia Civil de que a paciente teria morrido em função dos medicamentos aplicados por Fernando Lucas. “O laudo emitido pelo Instituto Médico Legal (IML) diz que ela morreu por causa de uma pneumonia. O que existe e pesa contra o dr. Fernando são os laudos de outros pacientes, que mostram insucessos das intervenções cirúrgicas, por terem causado deformidades nos pacientes”, diz Raphael Mota.


 

 

 

 

Com base nesses laudos, o CRO aplicou a suspensão de 30 dias no dentista Fernando. “Ele é um dentista formado pela UFMG, que tem 10 mil horas de formação. Não é qualquer um. Além do mais, se acontece um acidente automobilístico, quem trata o paciente é o cirurgião-dentista, com um tratamento buco-maxilo-facial. Tem a permissão para tratar, inclusive, problemas no globo ocular, em consequência desse acidente”, afirma Raphael.


 

O presidente do CRO lembra que esse tipo de intervenção precisa ser feita num hospital, nunca num consultório – o que, segundo ele, foi o maior erro de Fernando. “Ele teria de usar o bloco cirúrgico , nunca o consultório”.


 

Sobre a intervenção do CFO, ele diz que é uma decisão arbitrária. “Eles de baseiam numa lei de 1964, que não tem amparo na atual Constituição brasileira. Essa lei não dá direito de defesa, está defasada e não tem mais validade.”


 

 

Relembre o caso


A Polícia Civil investiga o cirurgião-dentista Fernando Lucas Rodrigues Alves, de 42 anos, por suspeita de causar lesão corporal em nove pacientes e a morte de uma mulher de 63 anos, devido a intercorrências de procedimentos estéticos feitos em uma clínica em Belo Horizonte.


 

Segundo a delegada Andréa Pochmann, da 1ª Delegacia Seccional Leste, as denúncias motivaram uma intervenção do Conselho Federal de Odontologia (CFO) na entidade regional.


 

No mesmo dia, o profissional foi alvo de operação para cumprimento de mandados de busca e apreensão. Na casa e clínica do dentista, os policiais apreenderam medicamentos como propofol, articaine e clonazepam. Além dos medicamentos, também foram apreendidos prontuários médicos e documentos relacionados às vítimas, receituários em branco, um celular e equipamentos eletrônicos.

 

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