A reforma do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, na Região Central de Minas, está entre os 12 projetos contemplados pelo “Minas para Sempre”, uma iniciativa do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para a recuperação, restauração e conservação de bens valorizados como integrantes do patrimônio cultural no estado. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (26/8) e prevê o repasse de mais de R$ 15 milhões para a valorização de patrimônios materiais e imateriais, sendo R$ 2,5 milhões destinados ao museu de Ouro Preto.

 

 

Estão previstas obras na rede elétrica, um projeto de prevenção e combate a incêndios, e a pintura da fachada, com duração estimada de um ano. O início da execução, no entanto, ainda é incerto e depende de processos licitatórios que serão realizados pelo diretor do Museu da Inconfidência, Alex Calheiros.

 




De acordo com o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo (PV), os recursos serão administrados pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), uma vez que o museu é gerido pelo Ministério da Cultura (MinC). Para o chefe do executivo municipal, a liberação do recurso é um “reconhecimento da importância singular” do museu.

 

A continuidade na restauração da Igreja Matriz de São Bartolomeu, também em Ouro Preto, foi contemplada pelo “Minas para Sempre”. Com um repasse de R$ 3,1 milhões, será realizada a restauração dos bens artísticos e integrados dos batistérios, nave, capela-mor e da capela lateral do edifício histórico. A obra terá duração de dois anos e encerrará as três etapas da restauração total.

 

Já foram feitas a troca de peças de contraventamento; refazimento dos telhados e forros; remoção e recomposição de reboco; caiação; parte elétrica; Sistema de Prevenção de Incêndios; assoalho e drenagem.

 

“A restauração do Museu da Inconfidência é algo inigualável na história de uma instituição pública que não é o poder executivo. O Ministério Público buscou uma alternativa criativa e transformou o dano em uma solução para a população, nesse caso, a restauração e promoção dos bens culturais importantes para o nosso estado”, declarou o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior.

 

Cerca de R$ 54 milhões foram investidos no “Minas para Sempre” desde seu início em 2023.


Saberes e tradições 


A promoção dos modos de fazer o Queijo Minas artesanal é um projeto elaborado pelo Instituto Periférico, em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura (Secult-MG), que visa incentivar pequenos produtores de Queijo Minas a registrarem seus saberes relacionados à produção no estado.

 

O modo de fazer o Queijo Minas artesanal foi registrado como patrimônio imaterial de Minas Gerais em 2002. A coordenadora de projetos de patrimônio do Instituto Periférico, Luciana Praxedes, explica que é importante realizar ações de incentivo e valorização para que mais produtores registrem seus métodos e sejam reconhecidos.

 

“Precisamos ampliar o registro dos modos de fazer o queijo artesanal, promovê-lo, conscientizar e valorizar. Isso enaltece o produto e os saberes, além de favorecer a divulgação”, afirma.

 

Com duração de 12 meses, o projeto realizará fóruns com produtores de queijo para explanação sobre a formalização da candidatura, com a participação dos detentores do saber, para validação e complementação do plano junto aos agentes de patrimônio, de forma que o projeto crie condições para o desenvolvimento de futuras ações.

 

Até o momento, a organização estima que os fóruns ocorrerão em Araxá, Barão de Cocais, Diamantina, Lima Duarte, Patos de Minas, São João Del Rei, São Roque de Minas, Serra do Salitre, Serro e Uberlândia.

 

Neste ano, os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal podem ser reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

 

“Produzido com apenas quatro ingredientes: leite de vaca cru, coalho de origem animal, pingo (fermento natural) e sal. A produção segue métodos tradicionais transmitidos de geração em geração, fazendo com que o queijo tenha características únicas, como sabor, aroma, textura e formato, que variam de acordo com a região onde é produzido, refletindo o terroir local”, explica Renata De Paoli, fundadora da Curadoria do Queijo.

 

 

 

Segundo a especialista, além de fomentar a economia, o registro dos modos de fazer é essencial para a segurança jurídica dos produtores. “O registro pode ajudar na proteção legal contra falsificações ou uso indevido do nome ‘Queijo Minas Artesanal’. Isso garante que somente os queijos produzidos dentro das normas e na região delimitada possam ser comercializados com esse nome”, detalha.

 

O secretário Leônidas de Oliveira destaca que o trabalho realizado pelo MPMG na proteção ao patrimônio cultural de Minas Gerais, além do restauro e da preservação de bens culturais importantes para o estado, tem contribuído para a geração de emprego e renda devido ao crescimento do turismo em Minas Gerais.

 

Ainda segundo Leônidas, “os promotores de Justiça têm promovido a justiça com relação ao patrimônio histórico de Minas Gerais, que representa 62% de todo o país. O Ministério Público de Minas Gerais é realmente diferenciado. O estado agradece imensamente pela contribuição em defesa do nosso patrimônio histórico. Espero que as políticas implantadas na gestão do procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, possam ser nacionalizadas”.

 

Projetos e repasses


Reforma do Museu da Inconfidência

Local: Ouro Preto, Região Central
Valor R$ 2,5 milhões

Restauração da Igreja Matriz (fase 3)
Local: São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto
Valor: R$ 3,1 milhões

Restauração da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade
Local: Brumadinho, Região Central
Valor: R$ 1,39 milhão


Reforço estrutural do Santuário de Nossa Senhora da Conceição
Local: Senador Firmino, Zona da Mata
Valor: R$ 1,9 milhão


Promoção dos modos de fazer o Queijo Minas artesanal - Patrimônio Cultural Brasileiro
Valor: R$ 990 mil

Projeto Cultura em Cadeia - Restauro e reuso da Casa de Câmara e Cadeia
Local: Patos de Minas, Alto Paranaíba
Valor: R$ 996 mil

Reforma da Igreja São Félix
Local: São Francisco, Norte de Minas
Valor R$ 613 mil


Revitalização e restauro do Novo Palácio das Águias
Local: Guaxupé, Sul de Minas
Valor: R$ 2,68 milhões

Restauração do Grupo Escolar Cardeal Motta
Local: Bias Fortes, Zona da Mata

Valor: R$ 680 mil

Muro de Pedra Seca na travessa Santo Antônio
Local: Itabirito, Região Central
Valor: R$ 732 mil

Requalificação e restauro da sede do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGB)
Local: Belo Horizonte
Valor: R$ 277 mil


Plataforma Sondar - melhorias e manutenção
Valor: R$ 152 mil


 

 

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