A família de Magna Laurinda Ferreira Pimentel, de 42 anos, morta em uma emboscada armada por cinco parentes na última sexta-feira (23/8), realizou um churrasco na casa onde esconderam o corpo da vítima, dois dias após o crime. A mulher foi dada como desaparecida na sexta, até ser encontrada dentro da cisterna da residência, no Bairro Candelária, na Região de Venda Nova, em BH, nessa terça (27/8). A movimentação dos familiares no último domingo (25/8) chamou a atenção dos vizinhos.

 

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Segundo o delegado da Divisão da Referência à Pessoa Desaparecida (DRDP), Alexandre Oliveira da Fonseca, acredita-se que o churrasco tenha sido uma comemoração à conclusão do homicídio. "Para não atrapalhar a comemoração e ficar próximo ao corpo enterrado aos fundos do lote, o churrasco foi feito na parte da frente, e chamou atenção dos moradores", disse o delegado.

 

O crime foi planejado pela madrasta de Magna, Marluce de Jesus, de 54 anos, e a filha Paloma Pereira de Jesus, que se beneficiavam indevidamente do dinheiro de Walter Olegário Pimentel, de 74 anos, pai da vítima, que sofre de demência. Em março deste ano, a madrasta levou o marido até uma agência bancária e pegou um empréstimo no nome dele no valor de cerca de R$40 mil. A mulher também fez uso da aposentadoria do idoso, totalizando um gasto de R$50 mil em pouco mais de três meses, deixando a conta negativada. O valor de R$5 mil teria sido gasto com jogos de aposta e outros R$4 mil com celulares. 

 



 

A vítima foi morta com facadas no pescoço e machadadas na cabeça. Em seguida, seu corpo foi jogado em uma cisterna de sete metros de profundidade, cuja tampa foi cimentada nas laterais e teve pedaços de madeira colocadas em cima. 

 

Tampa da cisterna foi lacrada com cimento e chamou a atenção dos policiais

Divulgação/PCMG


A emboscada

Na última semana, Magna tomou conhecimento dos gastos, e teria confrontado a madrasta e a irmã que têm acesso às contas do pai. Outra irmã, Paola de Jesus, apaziguou a briga, e a vítima foi embora da residência. A emboscada teria sido armada, inicialmente, para quinta-feira (22/8), quando Paola enviou mensagem à Magna dizendo que tinham o dinheiro para ressarcir o que foi gasto, pedindo que ela fosse buscar a quantia. A tentativa de atrair a vítima, no entanto, não foi bem sucedida. 

 

Na sexta, a mesma irmã ligou novamente dizendo que o pai estava passando mal e com febre, pedindo que ela fosse até a casa para levá-lo ao hospital. Depois de deixar a filha de 3 anos na escola, a vítima foi até a casa do pai, de onde não saiu mais. O marido de Magna, Tiago Arlei Alves, de 22 anos, estranhou a demora da esposa e registrou o desaparecimento. 

 

Busca e resgate

Alertados do desaparecimento de Magna, a Polícia Civil acompanhou seu rastro digital. O celular mostrava uma viagem de Uber para a resistência do pai às 14:28, e um último acesso ao WhatsApp às 15h.

 

 

Às 17:27, foi registrada a última localização do aparelho. A PCMG acredita que um dos autores do crime desbloqueou o celular da vítima, que já estava morta, e o aplicativo da Uber já estava aberto. As câmeras de segurança da rua mostram que Magna não saiu da casa em nenhum momento.

 

De acordo com o delegado, a família se mostrava, para a polícia e para o marido da vítima, preocupada com o desaparecimento da mulher, nos primeiros dias. Porém realizaram um churrasco no domingo na casa onde esconderam o corpo, para comemorar o assassinato. 

 

Autorizados pelo pai da vítima, policiais foram até a residência fazer buscas na terça-feira (27/8). Em determinado momento, a madrasta estava em uma ligação telefônica e disse “a polícia está apurando a morte da Magna”. A fala levantou suspeitas, uma vez que a mulher ainda era considerada desaparecida. 

 

A PCMG analisou uma área com cimento fresco e sobreposto com ripas de madeira no fundo da propriedade, ao abrirem o corpo foi encontrado, já em decomposição. O delegado ainda informou que, os sinais de violência no corpo apontam que o crime foi cometido com muita raiva por parte do autor, uma vez que a cabeça estava quase totalmente decepada.

 

Foram presas cinco pessoas nessa terça, a madrasta, os quatro filhos dela (dois homens e duas mulheres). Os homens foram encaminhados ao Ceresp Gameleira e as mulheres para o presídio de Vespasiano. 

 

 

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