Carolina Arruda Leite, a jovem com a pior dor do mundo, recebeu alta nesta sexta-feira (30/8). Segundo informações da Santa Casa de Alfenas, na Região Sudoeste de Minas Gerais, após uma reavaliação médica, foi decidido, em conjunto com a paciente, que uma cirurgia de microdescompressão vascular seria de alto risco, visto que já se trata de região já operada.

 

Além disso, Carolina expressou o desejo de não realizar novo procedimento, chamado nucleotratotomia trigeminal. “Essa foi rejeitada por mim, eu não quero tentar uma cirurgia tão invasiva assim”, declara. Desse modo, o hospital não viu necessidade em continuar a internação, pois não há novos tratamentos previstos a curto prazo. 

 

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A paciente, de 27 anos, estava internada na Santa Casa de Alfenas desde 8 de julho para tratamento de Neuralgia do Trigêmeo Bilateral, uma condição neurológica rara. A doença é caracterizada por episódios de dor facial intensa e incapacitante. Durante sua internação, a paciente recebeu um tratamento que incluiu o uso de medicações analgésicas, implantes de neuroestimuladores e de uma bomba de morfina para controle da dor. 

 



 

Ainda, conforme o boletim médico, houve uma melhora no quadro de dor e a redução de crises de Carolina, mas a paciente ainda relata dores incapacitantes. O tratamento da jovem será revisado nos próximos meses, considerando as condições clínicas e psicológicas. 


Segundo Carolina, ela não se sente completamente segura para voltar para casa, mas está com saudades de sua família. “Segura, não, estou bem apreensiva, porque aqui no hospital sei que, se minha crise não passar com a bomba, eles vão intervir na hora. Aqui posso solicitar medicamentos ou o que for necessário, mas estou bem ansiosa, com saudades de casa”, relata. 

 

A mineira planeja continuar com o tratamento para reduzir as dores.“Meus planos são continuar com o tratamento para reduzir realmente a dor, porque até houve uma redução da dor basal, aquela que fica o dia inteiro, mas uma redução baixa, eu diria que de 25% e eu esperava uma redução de 50%. Então, eu ainda continuarei ajustando os medicamentos, se não der certo, tem a possibilidade de mudar, eu vou até onde der com essa bomba”, diz. 


 

Em nota, a Santa Casa afirma que essas informações ajudam no aumento da conscientização sobre a doença. “A divulgação destas informações visa aumentar a conscientização sobre a Neuralgia do Trigêmeo Bilateral e as complexidades envolvidas em seu tratamento, destacando a importância de uma abordagem multidisciplinar”, escreve. 


Carol está fundando a Associação Neuralgia do Trigêmeo Brasil (ANTBR), o objetivo da jovem é ajudar pacientes brasileiros com a mesma doença. Segundo ela, a associação já tem 100 pacientes e mais de 60 voluntários. Apesar de pouco conhecida, a Neuralgia do Trigêmeo é comum no Brasil, e tem uma estimativa de cinco casos a cada 100 mil habitantes por ano.

 


Relembre o caso 


Carolina Arruda Leite, de 27 anos, moradora de  Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais, organizava uma vaquinha on-line para custear sua ida à Suíça para se submeter a uma morte assistida. O procedimento tem como objetivo interromper a vida humana a fim de aliviar sofrimento causado por uma doença terminal ou dolorosa.  


Carol tem neuralgia do trigêmeo bilateral, doença que afeta o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade do rosto. Em suas redes sociais, ela compara a sensação a um ferro de passar roupa quente encostado no rosto e choques elétricos, que atravessam seu rosto constantemente.  


A mineira relata que a condição afeta todas as áreas de sua vida, desde a realização de atividades simples até as atividades prazerosas, como leitura, estudos e a prática de atividades físicas. “Cada dia é uma batalha constante e exaustiva. A esperança de uma vida sem dor tem se tornado cada vez mais distante, e a qualidade de vida, praticamente inexistente”, desabafa Carolina em entrevista dada para o Estado de Minas


Na época, Carolina pretendia fazer o procedimento de morte assistida na Suíça, país que permite a realização desse tipo de procedimento. A estimativa de custo total, incluindo os custos de viagem e médicos, ultrapassavam os R$ 150 mil. A mineira chegou a arrecadar 85% do valor. 


Em julho deste ano, a jovem foi internada para passar por um tratamento contra a dor, em Alfenas, no Sul de Minas Gerais. Carolina realizou consultas e aceitou ser internada para tentar diminuir as dores, onde estava internada até esta última sexta-feira (30/8). 


Conforme a mulher, a vaquinha está parada devido às últimas tentativas de tratamento. “Eu não estou divulgando a vaquinha por enquanto, ela está parada, pois continuo fazendo as últimas tentativas de tratamento, estou esperando os resultados para ver se realmente não dá mais para tentar e aí eu vou querer a paz”, conta.  

 

 

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