A Avenida Afonso Pena, uma das principais artérias do trânsito na Região Central, convive com congestionamentos rotineiros -  (crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press)

A Avenida Afonso Pena, uma das principais artérias do trânsito na Região Central, convive com congestionamentos rotineiros

crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press

A mobilidade em Belo Horizonte tem sido assunto recorrente nas sabatinas com os candidatos à prefeitura desde o começo do período eleitoral. Nos planos de governo, são notáveis as interseções entre as propostas dos postulantes. Entre nove candidatos, seis propõem a ampliação de ciclovias. A mesma quantidade apresentou projetos relativos ao metrô - embora a construção de novas linhas não seja de competência da administração municipal. Entre as outras propostas mais comuns entre os concorrentes estão a aquisição de ônibus elétricos, a promoção de integração com o sistema metropolitano de transporte público e a implantação de semáforos inteligentes.

 

O Estado de Minas fez duas perguntas comuns a todos os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte: 1) Como pretende tratar a mobilidade urbana da cidade e quais as propostas; e 2) Dentro da Mobilidade Urbana, qual é a prioridade do candidato e como pretende viabilizar o investimento. (Confira as respostas abaixo)

 

Leia também a reportagem que fizemos mostrando as principais obras e projetos para o transporte coletivo que estão há décadas na fila de prioridades da cidade, sem nunca terem saído das pranchetas.

 

 

 

 

Candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte

Candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte

Reprodução Redes Sociais/EM/D.A Press

 

Bruno Engler (PL)


Medidas: BH é a capital do sinal vermelho e do trânsito que não flui. É prioridade no nosso plano de governo destravar o trânsito. Para isso, vamos utilizar inteligência artificial para substituir o atual sistema de semáforos. O transporte público precisa ser mais eficiente, com mais ônibus e cumprimento de horários. Vou fazer um pente-fino nos contratos com as empresas de ônibus.

 

Prioridades: A mobilidade urbana deve ser tratada como um todo. Para os semáforos inteligentes, temos 462 câmeras operadas pelo COP BH que permitem o uso do sistema. O orçamento da cidade, de R$ 17 bilhões, comporta o investimento. A melhoria do transporte coletivo também é fundamental. Precisamos incluir na frota ônibus elétricos. As ciclovias são importantes, mas precisam ser construídas nos locais certos.

 

Carlos Viana (Podemos)


Medidas: Nosso primeiro passo será reorganizar o sistema dos ônibus. Vamos fiscalizar todos os ônibus. Os ônibus dos pobres vão ser iguais aos dos ricos, limpos, com ar-condicionado e pneu novo. Faremos a integração com o metrô de Norte a Sul da cidade. Vamos trazer de volta as vans, que serão fiscalizadas e terão ar-condicionado, dando conforto para as pessoas. Além disso, vamos voltar com os trocadores.

 

Prioridades: A construção da linha 2 do metrô é uma realidade que conseguimos para BH, com data de entrega marcada, em 2028. Vamos rever os contratos e o subsídio pago para as empresas de ônibus. Também vamos trabalhar para unificar a tarifa do transporte público. E vamos acabar com as ciclovias da Avenida Afonso Pena e do Bairro Castelo, colocando-as em locais que realmente precisam desse projeto.

 

Duda Salabert (PDT)


Medidas: Nossas propostas incluem um novo contrato de transporte baseado em custos reais, implementação de 100% das faixas exclusivas, controle da bilhetagem eletrônica pela prefeitura, financiamento de projetos como VLTs e ônibus elétricos, transição para frota elétrica, adoção de estratégias para eliminar mortes no trânsito, bem como cumprir as metas do PlanMob, incluindo ciclovias onde é necessário.

 

Prioridades: O orçamento destinado à mobilidade se reduziu de 10,08% em 2013 para 4,3% em 2022. A passagem aumentou, a qualidade piorou e pagamos R$ 1 bilhão para empresários de ônibus. Nossa prioridade será ouvir as pessoas que usam e querem usar o serviço, trazendo, por exemplo, mais ônibus e implantando a integração metropolitana. Precisamos reduzir o trânsito da cidade e as emissões de gases de efeito estufa.

 

Fuad Noman (PSD)


Medidas: Vamos atuar com obras e melhorias alinhadas ao Plano Diretor e ao Plano de Mobilidade. Em continuidade ao trabalho dos últimos dois anos, vamos concluir obras como as da Avenida Cristiano Machado, que vai melhorar o tráfego no Vetor Norte. Também o BRT Amazonas, que vai organizar o fluxo de veículos. Vamos licitar um novo contrato que vai revolucionar a prestação de serviços com inovação e tecnologia.

 

Prioridade: A prioridade continuará sendo o transporte sustentável. Vamos investir na segurança aos pedestres, no incentivo às bicicletas e na priorização do transporte público. Já obtivemos financiamento para investir mais de R$1 bilhão em obras, como o BRT Amazonas e 100 quilômetros de faixas exclusivas, além de 100 ônibus elétricos. Vamos manter o subsídio para não transferir a totalidade da tarifa para a população.


Gabriel Azevedo (MDB)


Medidas: Para resolver o problema da mobilidade em Belo Horizonte, precisamos mudar a lógica de proximidade entre trabalho e teto. As pessoas precisam morar mais perto de onde elas trabalham. Isso se resolve aumentando a oferta de imóveis na cidade. Não é uma resposta óbvia. Muita gente pode falar de obras, do contrato de ônibus, mas o problema da mobilidade é a distância entre trabalho e lar.

 

Prioridades: A prioridade é o prefeito de Belo Horizonte liderar a região metropolitana para integrar a tarifa, tendo um bilhete único. Fazer outro contrato de ônibus sem repetir os erros do contrato do passado, particionando o serviço em garagem, em cobrança e em veículos. E começar a implementar uma rede de VLTs na cidade, a partir da Avenida Afonso Pena.


Lourdes Francisco (PCO)


Medidas: A primeira coisa a se fazer é um plano que garanta um transporte eficiente e gratuito para a população. Em seguida, vamos estatizar todo o sistema de transporte coletivo, de forma que os lucros, hoje entregues nas mãos dos capitalistas, sejam investidos na melhoria do sistema viário.

 

Prioridades: Parte significativa do salário dos trabalhadores é gasto com tarifas de transporte. É fundamental que esse custo saia das costas da população. Os meios de transporte coletivo devem ser subsidiados a todos. Os ônibus devem dar lugar a outros modais, como metrô, trens, bondes, e trólebus, ficando restritos a trajetos curtos, proibindo passageiros em pé e sem cinto de segurança.

 

Mauro Tramonte (Republicanos)

 

Medidas: Vamos fiscalizar o serviço e assegurar que as empresas de ônibus cumpram os contratos. Se não cumprirem, vamos até à Justiça. Outras propostas são a implantação de 50 quilômetros de vias exclusivas ou prioritárias para os ônibus e a criação de um sistema de semáforos inteligentes, com monitoramento em tempo real. Como o número de motos aumentou muito, vamos criar faixas exclusivas para motociclistas.

 

Prioridades: A primeira medida será exigir o cumprimento do contrato por parte das empresas de ônibus. A população vem sendo privada de cerca de 500 viagens por dia. Isso significa ônibus mais cheios e maior tempo de espera nos pontos. Vamos iniciar em 2025 debates sobre o contrato que vence em 2028. Vamos ouvir a população, os técnicos e os juristas especialistas no tema.

 

Rogério Correia (PT)

 

Medidas: A mobilidade será nossa prioridade, pois o trânsito de BH colapsou. De início, vamos implantar controle inteligente de tráfego e endurecer a fiscalização. Vamos ampliar as faixas exclusivas e o transporte suplementar, ao mesmo tempo em que anteciparemos a licitação do contrato de concessão. Vamos reduzir o preço da passagem e criar a gratuidade nos fins de semana.

 

Prioridades: O ponto de partida para consertar o transporte é a antecipação e reformulação do contrato de concessão de ônibus, o que permitirá que as passagens sejam reduzidas, que a tarifa zero seja adotada nos fins de semana e que a frota seja eletrificada, bem como a implantação de faixas exclusivas. Para obter recursos para tais medidas, precisaremos da parceria do governo federal e de órgãos como o BNDES.

 

Wanderson Rocha (PSTU)

 

Medidas: O tempo gasto no trânsito, em veículos sem qualidade, inseguros e com tarifa alta, são problemas. Mais veículos renovados e a volta dos agentes de bordo, já que hoje os motoristas cumprem o papel de dirigir e cobrar passagem, é importante. É preciso romper o contrato com as atuais empresas de ônibus e estatizar o transporte público, com tarifa zero e organizado por conselhos populares.

 

Prioridades: A prioridade é estatizar as empresas de ônibus e construir uma empresa municipal única de transportes urbanos, que integre ônibus, trens e metrôs. Esta empresa estará sob controle dos funcionários e usuários do sistema, o que vai possibilitar as melhorias necessárias ao transporte, discutidas em cada regional e na cidade como um todo.

 

* A candidata Indira Xavier (UP) não respondeu dentro do prazo estabelecido pela reportagem para os candidatos e, por isso, não foi incluída neste levantamento