Desde o início desta semana, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais combateu 948 incêndios florestais em todo o estado -  (crédito: Brigada Florestal Rota MG-30 / Divulgação)

Desde o início desta semana, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais combateu 948 incêndios florestais em todo o estado

crédito: Brigada Florestal Rota MG-30 / Divulgação

Desde o início desta semana, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG) combateu 948 incêndios florestais em todo o estado. Como nos demais dias, Belo Horizonte e Região Metropolitana amanheceram nesta quarta-feira (4/9) com o céu coberto de fumaça e poeira. Em Nova Lima, brigadistas e moradores de condomínios próximos a MG-30 têm convivido com as chamas desde o último fim de semana, quando o fogo atingiu parte do muro do Ville de Montagne.


Siga o nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 

Os empreendimentos ficam próximos ao Monumento Natural Morro do Pires, que, segundo o Plano de Manejo, abrange uma área de 110 hectares. No domingo (1/9), em áudio encaminhado aos moradores da região, o tenente Aguiar, do Corpo de Bombeiros, afirmava que uma "linha de fogo" poderia chegar perto das casas.


Fábio Britto, coordenador da Brigada Florestal Rota MG-30 conta que, neste ano, as queimadas têm sido mais intensas. Ele atua na região há 15 anos e afirma que, desde que começou o combate às chamas, não viu incêndios tão grandes. 


 

De acordo com o brigadista, de 18 de junho até a tarde desta quarta-feira (4/9), os profissionais enfrentaram 24 focos. Desde segunda-feira (2/9), quando uma grande queimada atingiu o Morro do Pires, 30 brigadistas trabalham no combate. Além disso, 180 mil litros de água, de caminhões pipas, foram necessários para diminuir o fogo. 


“Este ano tem sido o pior em relação às queimadas, principalmente porque foi uma sucessão de quatro incêndios de grande porte. O consórcio busca pegar as ocorrências pequenas, temos um grupo de comunicação com uma estrutura que atende a região. Só que, agora, as pessoas colocaram fogo na sequência, e aí não teve como segurar”, explica Britto. 


 

Maior queimada em 13 anos


Minas Gerais já registrou 6.191 focos de incêndio em vegetação em 2024, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Este é o maior índice desde 2011, quando 4.423 focos foram detectados pelo satélite de referência da entidade. 


Nas últimas 48 horas, 13 estados brasileiros registraram mais de 100 focos de incêndio possíveis de ser detectados pelo satélite da entidade. Mato Grosso lidera a lista com 2.316 ocorrências; seguido do Mato Pará, com 1.791, e do Amazonas, com 809. Minas Gerais foi o quarto estado com mais pontos: o levantamento aponta 518 focos. 


Britto diz que a brigada que atua no Morro do Pires conta com a ajuda de seis condomínios da região além de outros dois grupos que conseguem visualizar onde há focos de incêndio. Quando são notificados, normalmente, dois brigadistas saem com equipamentos de proteção individual e materiais básicos para o combate. No local, a dupla avalia a situação e, se necessário, aciona o Corpo de Bombeiros, ou inicia o enfrentamento. 


“O mais importante é ter uma resposta rápida para não passarmos aperto com incêndio grande. Os brigadistas florestais, voluntários ou não, normalmente são da comunidade, o que facilita o trabalho, então a gente chega muito rápido nos focos. Muitas vezes, a brigada resolve a questão”, disse. 


De onde vem o fogo?


Um dos principais gatilhos para os incêndios em grande proporção que acontecem é a ação humana. Bernardo Gontijo, professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que as áreas verdes, se não são bem cuidadas, estão mais vulneráveis. 


“Em raros casos, o que pode acontecer é a ocorrência de descargas elétricas por raios e relâmpagos na vegetação e a maior probabilidade desses episódios é durante a chegada das chuvas no fim do ano”, explica o professor. 


No entanto, esses tipos de ocorrências são facilmente diferenciadas. Para o professor da UFMG, uma das principais discrepâncias é em relação à proporção. “Qualquer incêndio em grande proporção, dependendo da época do ano, você pode ter certeza que mais de 90%, ou mais, é fruto de ação humana. Deliberada ou não. Aquela coisa do doloso ou culposo. Culposo sempre é. Agora, quando tem o dolo, a coisa complica, e às vezes isso acontece. De forma trágica, mas acontece."


Para facilitar no combate às chamas, Fábio Britto afirma que condomínios e empresas que estejam à margem de áreas de mata invistam em brigadas de incêndio e em consórcios para proteção do meio ambiente. Quem mora nos condomínios Jardim de Petrópolis (que conta com cerca de 260 hectares de Mata Atlântica), Arvoredo, Ville de Montagne, Quintas do Sol, Nascentes e Jambreiro podem acionar a Brigada Florestal Rota MG-30 a partir do telefone (31) 9 7135-6162.