Os dois motoristas envolvidos em uma perseguição em estrada e briga no Anel Rodoviário de BH prestaram depoimento na tarde de quarta-feira (4/9) e foram liberados da detenção na manhã de hoje.
Jefferson Thiago Cabelo da Silva, de 42 anos, estava no VW Gol, e Denir Silva de Oliveira, no caminhão. Nos depoimentos no Ceflan 4, cada motorista apresentou uma versão. O motorista do Gol alega que foi fechado e perseguido pelo caminhão, que chegou a esbarrar no carro, amassado na traseira. O motorista do caminhão se defende, dizendo que ele é quem foi fechado e perseguido.
O caso vai agora para a Justiça, que terá de resolver o imbróglio.
Durante a confusão entre eles, que durou 115 km entre Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, e BH, Jefferson quebrou o vidro do lado do motorista do caminhão e levou uma facada em um dos braços quando tentou abrir a porta do veículo. O condutor do caminhão fugiu do local onde houve a agressão a faca.
As versões
Motorista do Gol
Jefferson, que é pedreiro, disse que saiu de Divinópolis, junto com um ajudante, às 7h e, que ao chegar ao radar rodoviário na altura de São José do Salgado, reduziu a velocidade, tendo caído para cerca de 50 quilômetros por hora.
Nesse momento, segundo ele, o caminhão, que vinha em alta velocidade, esbarrou na traseira de seu carro. Ele, então, teria dado sinal para que parassem para resolver o problema.
Logo à frente, do lado oposto a uma barreira rodoviária, ele parou o carro e desceu. “Nesse instante, o motorista do caminhão disse que iria estacionar mais à frente. Eu atravessei a pista e fui para o posto da Polícia Rodoviária. Lá, havia um carro da PM, mas o posto estava fechado. Bati, chamei, mas não obtive resposta. Foi quando vi o motorista arrancando e fugindo com o caminhão.”
Jefferson saiu atrás. Ao entrar no carro, pediu a seu acompanhante para ligar pelo celular para o 190 da Polícia Militar e contasse o que havia acontecido.
“Passei a placa da carreta, mas a resposta foi de que ela não constava nos registros. Pensei, então, que pudesse ser um veículo clonado ou roubado. Andei atrás dela. Esperava que fosse parar em algum lugar e assim, poderia acionar a PM”, conta ele.
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Mas o caminhão seguiu viagem e, ao chegar ao pedágio de Itaúna, Jefferson emparelhou o carro com o caminhão e disse ter levado uma fechada. “Novamente ele bateu na minha traseira.”
No pedágio, Jefferson diz ter entrado em contato novamente com a PM, mas recebeu a recomendação de ligar para a Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma vez que estava saindo de uma rodovia estadual para uma federal.
“Liguei e contei o que havia acontecido e que estava seguindo a carreta. Disse que ele estava fazendo zigue-zague na pista. Foi quando os patrulheiros me disseram que iria fazer uma barreira na Praça da Cemig, em Contagem. Só que antes disso, a carreta desviou, tomando o rumo do Anel Rodoviário”, conta ele.
Relatou, pelo celular, no viva voz, o que tinha acontecido e a resposta da PRF é que seria feito um novo bloqueio no posto de Sabará. Jefferson disse ter recebido um conselho, pelo telefone, para que desistisse de seguir o caminhão. “Respondi que não podia e que já tinha tudo o que aconteceu filmado.”
Ele decidiu continuar seguindo o caminhão. E ao chegar ao posto Beija-Flor, já na BR-262, o motorista do caminhão fez um balão e retornou, para ganhar, novamente, o Anel.
Havia, no entanto, segundo Jefferson, um congestionamento e o motorista do caminhão passou para o canteiro e depois para o corredor de motos. Um pouco à frente, havia um engarrafamento e a carreta parou.
Nesse momento, segundo Jefferson, ele desceu do carro. “Fui até o caminhão, bati na porta, no vidro, mas ele não abriu. Retornei ao meu carro e apanhei uma marreta, sou pedreiro e carrego esses equipamentos. Joguei a marreta na direção do vidro, não na direção do motorista, que não foi atingido.”
Jefferson conta que tentou abrir a porta da cabine do caminhão e que, ao levar a mão até a maçaneta, levou uma facada em um dos braços.
“Nesse instante, ele ligou a carreta e fugiu. Eu fui levado para a UPA Pampulha, por uma testemunha. De lá, fui para o Hospital Risoleta Neves, pois meu tendão tinha sido cortado.”
Motorista da carreta
Por sua vez, Denir alega que foi perseguido desde Divinópolis e que tentou fugir dessa perseguição, pois tinha de proteger sua família, uma vez que a mulher e o filho, de 4 anos, estavam com ele na cabine.
“Ele corria e emparelhava com meu caminhão e ficava jogando o carro na minha frente”, diz Denir.
Ele disse que o motorista do carro chegou a frear, quando ele gritou para que ele parasse. E que essa perseguição durou até chegar em Belo Horizonte. Denir afirma que tentou escapar a isso.
“Tentei seguir em direção a João Monlevade, mas decidi voltar. Foi quando ele, mais uma vez jogou o carro em cima do caminhão”, afirma.
Denir disse que, quando parou o caminhão no Anel Rodoviário de BH, estava meio grogue. “Eu não via mais nada. Foi quando ele me golpeou com a marreta. Antes, tinha batido na porta, mas não abri, por medo.”
Sobre o golpe de faca no braço de Jefferson, Denir disse que o que fez foi pensar em proteger sua família. Foi para que ele não entrasse na cabine do caminhão”. Não disse nada sobre a fuga do local.