Belo Horizonte entra hoje no seu 145º dia sem chuva, com previsão de temperatura máxima de 31°C: névoa seca mantém a presença

 -  (crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Belo Horizonte entra hoje no seu 145º dia sem chuva, com previsão de temperatura máxima de 31°C: névoa seca mantém a presença

crédito: Marcos Vieira/EM/D.A Press

Denys Lacerda, Laura Scardua*, Melissa Souza* e Rebeca Nicholls* 

 

Com a permanência de tempo seco e quente, Belo Horizonte deve completar hoje 145 dias sem receber uma gota d'água, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O mês de setembro normalmente é marcado pelo início das pancadas de chuva, com média histórica de 49,2 milímetros (mm) acumulados na capital mineira. No entanto, contrariando o histórico, não há previsão de precipitações até o momento. O cenário da seca em Belo Horizonte é o pior em 60 anos.

 

O meteorologista do Climatempo Ruibran dos Reis destaca que a situação é bem crítica. “Desde 1963 não temos nenhum outono, inverno e início de primavera tão seco como este ano”, diz. Naquele ano, a capital mineira atingiu o recorde de 198 dias consecutivos sem chuvas. De lá para cá, o maior estiagem havia sido em 1991, de 117 dias, segundo o Inmet (veja quadro).

 

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Uma forte massa de ar seco e quente continental vem inibindo a chegada de frentes frias ao Brasil central, o que favorece a permanência das ondas de calor e baixos índices de umidade relativa do ar em grande parte de Minas Gerais. Até o momento, Ruibran afirma que não há previsão para o fim da estiagem.“Vamos chegar há quase 160 dias sem chuvas até o final do mês”, diz. A previsão é confirmada pelo meteorologista do Inmet Claudemir de Azevedo, que, no entanto, admite a possibilidade de o cenário mudar.

 

Ontem (10/9), os termômetros da capital mineira atingiram 31,8°C na estação do Inmet na Pampulha. A umidade relativa do ar ficou em 20%, índice significativamente inferior ao adequado, de 50% a 60%, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

 

 

Hoje (11/9), capital mineira deve ter céu claro com névoa seca. A temperatura máxima deve chegar aos 31°C. Já na Região Metropolitana de Belo Horizonte, os termômetros podem atingir os 34°C. A maior temperatura no estado está prevista para o Triângulo Mineiro, com máxima de 38°C. A região, assim como a Oeste, o Sul/Sudoeste e o Alto Paranaíba apresentam condições meteorológicas favoráveis à ocorrência de onda de calor. De acordo com o Inmet, as temperaturas nessas áreas podem ficar em 5°C acima da média até sexta-feira (13/9).

Além do calor, as condições meteorológicas são favoráveis aos baixos índices de umidade relativa do ar à tarde em praticamente todas as regiões mineiras, no período das 11h às 19h até sexta-feira. Para amanhã e sexta, a previsão é que os termômetros fiquem na casa dos 30°C em BH e Minas. No sábado, a máxima no estado pode chegar aos 40°C.

 

INCÊNDIOS

O tempo quente e seco é propício para a propagação de chamas, muitas vezes ateadas criminosamente. Ontem, um incêndio de grandes proporções foi registrado próximo ao Topo do Mundo, na Serra da Moeda, em Nova Lima, Região Metropolitana de BH.

 

 

O fogo chegou próximo do Km 567 da BR-040, perto do trevo que dá acesso ao condomínio Retiro do Chalé. Os dois sentidos da rodovia precisaram ser interditados para que fosse feito o combate às chamas. Por volta das 15h40, o incêndio foi controlado e as pistas liberadas.

 

Também ontem, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais combateu sete ocorrências de incêndios em unidades de conservação, das quais seis já foram alvo de operações. Entre as áreas atingidas estão os parques estaduais Serra do Brigadeiro, do Pau Furado, da Serra do Papagaio e do Rio Doce Refúgio da Vida Silvestre Estadual de Macaúbas, Parque Estadual do Rio Doce, Área de interesse arqueológico em Andrelândia e Parque Morro da Água Quente.

 

As condições de temperatura e umidade do ar são de fato propícias para a propagação do fogo, mas o surgimento dos incêndios está atrelado, principalmente, à ação humana. “Em raros casos, o que pode acontecer é a ocorrência de descargas elétricas por raios e relâmpagos na vegetação e a maior probabilidade desses episódios é durante a chegada das chuvas no fim do ano”, explica Bernardo Gontijo, professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). (Com Clara Mariz).

 

*Estagiárias sob supervisão da subeditora Rachel Botelho