Pais de alunos do Colégio Santo Agostinho, escola particular no Centro de Belo Horizonte, denunciam que um grupo de estudantes do ensino fundamental estaria praticando bullying e agressões físicas contra os colegas. Os ataques escalonaram ao ponto que uma das vítimas precisará passar por uma cirurgia na região genital depois de ser agredido rotineiramente com chutes e joelhadas. As agressões vieram à tona na última sexta-feira (6/9), quando a mãe de uma das vítimas, que tem 9 anos, descobriu os incidentes e registrou um boletim de ocorrência.
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Desde a descoberta na semana passada, denúncias de bullying e agressões contra alunos do 4º ano do ensino fundamental do colégio passaram a ser compartilhadas em grupos de Whatsapp de pais e responsáveis. Os relatos são de que os ataques são feitos no intervalo entre as aulas do turno da tarde. Os incidentes acontecem há algum tempo, mas demoraram para ser denunciados pois as vítimas estavam com medo de relatar as agressões.
Em um dos relatos chocantes compartilhados nos grupos, a mãe que denunciou as agressões afirma: “Esses meninos se juntam e enfiam o dedo no ânus dos outros meninos e os agridem com chutes e joelhadas nas partes íntimas”. A fala da mãe refere-se a uma suposta 'brincadeira', popularmente conhecida como 'jutsu do Naruto', em que as crianças aplicam uma "dedada" nos colegas. Esse ato, que envolve unir os dedos indicadores para imitar uma 'arma', é uma prática comum no Japão, conhecida como kancho.
Ela disse ter descoberto, em uma consulta de rotina com o pediatra, que o testículo direito do filho foi deslocado e está posicionado na região inguinal. A condição, conhecida como criptorquidia, acontece com maior frequência em recém-nascidos. Ao acometer crianças maiores existe a chance de se desenvolver câncer testicular e, portanto, é necessário fazer uma cirurgia para reposicionar o testículo.
A mãe da vítima alega que o deslocamento do órgão aconteceu após o filho sofrer recorrentemente com chutes e joelhadas na região genital. Anteriormente, a Polícia Militar havia informado à reportagem que a ocorrência da agressão foi registrada na sexta (6/9) pela Polícia Civil.
Procurada, a corporação informou que os pais compareceram nesta quinta à Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente (DEPCA) registrar o Boletim de Ocorrências. "Os responsáveis foram orientados a contatar o Conselho Tutelar e a Defensoria Pública já que, por todos os envolvidos serem menores de 12 anos, não há responsabilização criminal, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)", informou a Polícia Civil ao Estado de Minas.
Reações
Um grupo de pais e responsáveis de alunos do 1º ano enviou uma notificação extrajudicial para a administração do Colégio Santo Agostinho solicitando, em até 10 dias, informações sobre o incidente e quais medidas de suporte estão sendo oferecidas aos alunos afetados.
Em um comunicado enviado para pais de alunos, supervisoras e gestoras pedagógicas da instituição de ensino confirmaram estar cientes dos relatos e das denúncias e afirmaram estarem apurando o ocorrido.
Outro lado
A reportagem perguntou ao Colégio Santo Agostinho se os alunos que praticaram as agressões foram suspensos ou advertidos e se continuam na mesma sala de aula que as vítimas, mas a instituição de ensino não respondeu o questionamento.
Em nota, o colégio afirmou que, por uma questão ética, de respeito e de cuidado, as tratativas estão sendo feitas individualmente junto aos estudantes e familiares e que as vítimas estão sendo ouvidas, atendidas e orientadas. Também foi dito que, até o momento, não foram encontradas evidências de agressões e que colaboradores da escola foram ouvidos e imagens das câmeras de segurança estão sendo auditadas.
“O Colégio ressalta que não compactua com nenhum tipo de violência. A escola conta com áreas dedicadas a atividades que trabalham o diálogo e o respeito entre os membros da comunidade escolar: equipes do Programa de Convivência Ética, de Assistência Social, além de apoio de Psicopedagogas. O Colégio permanece à disposição da comunidade escolar”, finaliza o documento.