Colégio Santo Agostinho fica localizado no Centro de BH -  (crédito: Alexandre Guzanshe/D.A Press)

O Santo Agostinho informou que, desde o momento em que foi notificado sobre o caso, tem atuado junto às famílias e está apurando os fatos

crédito: Alexandre Guzanshe/D.A Press

Pais e responsáveis de alunos que estiveram presentes na reunião marcada para esta quinta-feira (12/9) pela direção do Colégio Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, saíram insatisfeitos com os esclarecimentos dados pela escola. Comentários de pais ouvidos pela reportagem são de que a instituição não apresentou medidas eficazes para prevenir eventuais casos de bullying que possam surgir. Também segundo os relatos, representantes do colégio disseram que vão apresentar propostas concretas na próxima segunda-feira (16/9) e que a instituição se compromete a disponibilizar imagens das câmeras de segurança para o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Anteriormente, o Santo Agostinho havia informado ter acionado o órgão “diante da gravidade do fato”.

 

 

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A reunião extraordinária foi convocada depois da repercussão da denúncia de bullying e agressões supostamente cometidas por alunos do ensino fundamental. Os casos vieram à tona na última sexta-feira (6/9), após a mãe de um aluno de 9 anos relatar, nas redes sociais, que seu filho, vítima de chutes e joelhadas de colegas na escola, precisaria passar por uma cirurgia na região genital em decorrência das supostas agressões.

 

 

 

 

Em seu relato, a mãe diz ter descoberto as agressões durante uma consulta de rotina com o pediatra, que apontou alterações em um dos testículos da criança e a necessidade de cirurgia. No mesmo dia, o menino teria sido visto chorando depois de apanhar na escola. Desde então, outras denúncias de bullying foram compartilhadas em grupos de pais, mencionando que as agressões ocorrem durante o intervalo das aulas do turno da tarde.

 

 

Revolta

Uma mãe presente na reunião, que pediu para não ser identificada, disse que um dos pontos de insatisfação entre os pais presentes foi a nota pública divulgada pelo colégio, que informou não ter encontrado, nas câmeras de segurança, evidências que configurem um ato de agressão intencional contra os alunos. “A nota pública que nega as agressões não diz a realidade relatada por diversos pais [na reunião]”, conta a mãe ouvida pela reportagem. Um pai, que também não quis se identificar, questiona “esse tanto de relato não basta?”.

 

 

Pais da vítima que denunciaram o caso nas redes sociais registraram a ocorrência na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) na tarde de quarta-feira (11/9). Contudo, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que, como o caso envolve crianças de apenas 9 anos, não tem atribuição para atuar no caso, e orientou os responsáveis que acionassem os órgãos competentes, como o Conselho Tutelar.

 

 

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que o Conselho Tutelar recebeu a denúncia e que o colegiado vai “definir as medidas cabíveis, conduzindo as apurações e análises necessárias, conforme os procedimentos estabelecidos no fluxo de atendimento dos Conselhos Tutelares do município”.


 

 

Outro lado

Procurado pela reportagem, o Colégio Santo Agostinho informou que, desde o momento em que foi notificado sobre o caso, tem atuado junto às famílias e está apurando os fatos. A instituição afirma ter entrado em contato com a família do aluno no mesmo dia em que tomou conhecimento da situação e ter marcado uma reunião presencial na segunda-feira (9). “Ao tomarmos conhecimento sobre a citação do nome de outras crianças, acolhemos e realizamos a escuta qualificada delas e de suas respectivas famílias”, diz o texto.

 

 

Uma equipe multidisciplinar, composta por diretores, gestores, supervisores pedagógicos e professores, analisou as informações relatadas e revisou as imagens das câmeras de segurança instaladas nos espaços escolares. Segundo a nota, o Colégio tentou contato com a família várias vezes ao longo da quarta-feira, por telefone e pessoalmente, para fornecer a devolutiva das apurações, mas não obteve retorno.

 

 

"Não foi constatada nenhuma ação que viole a integridade física e corporal de qualquer criança", informou a instituição, que também afirma não ter encontrado evidências que configurem um ato de agressão intencional ou bullying e que todos os relatos convergem em torno de uma narrativa de não-violência. “Também não foi identificada intencionalidade ou objetivo de agredir, perseguir, expor ou magoar qualquer criança”, completa a nota.