A vegetação da Serra da Piedade, na altura do município de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi atingida por um incêndio na manhã desta quinta-feira (12/9). Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG), os moradores tiveram que organizar uma brigada para conter o fogo até a chegada dos militares. A corporação, até o período da tarde, ainda atuava no local. Ao todo, sete bombeiros e 31 brigadistas estavam na região. A operação também conta com o auxílio de uma aeronave. Outras regiões do estado vêm sendo consumidas pelo fogo.
Segundo os bombeiros, as chamas estavam muito altas e se aproximavam do condomínio Cedros, localizado na região. Além dos residentes, um património histórico também está sob ameaça, a Basílica Nossa Senhora da Piedade, já que o incêndio ocorreu nas proximidades do Santuário.
Diante de toda a situação mineira com a seca, a vida dos moradores de regiões com matas e florestas muda completamente, com o medo dos incêndios florestais e de que as chamas que atingem as vegetações cheguem às casas ou acabem ferindo alguém.
Henrique Ferreira relatou que trafegava pelas margens da MG-435 na tarde de quinta feira e estava a caminho do sítio do pai, que fica no condomínio Cedros na região da Serra da Piedade. O professor de educação física disse que notou a fumaça e o fogo à beira da estrada, a 2 quilômetros do trevo de Caeté. Segundo ele, ao notar que o fogo não tinha chegado à área das chácaras, se tranquilizou: “Não imaginei que as chamas chegassem às casas”.
Mas a tranquilidade foi logo interrompida quando Henrique não encontrou o pai em casa. Antonio Coelho, de 76 anos, estava na estrada ajudando a apagar as chamas, preocupado com a possibilidade de o fogo atingir o sítio onde mora com sua esposa. Mais tarde, o medo se concretizou. Henrique, junto do irmão, teve que retornar ao local com urgência. As chamas haviam chegado ao terreno dos fundos da casa do pai.
Eles começaram uma operação utilizando caixa d'água e mangueiras. Mas o trabalho era difícil por não terem roupas adequadas. Segundo ele, a situação só se tranquilizou quando outros amigos e moradores da região também se mobilizaram para ajudar, inclusive, emprestando veículos. Henrique contou que uma casa foi atingida, e parte da plantação foi prejudicada.
O rapaz declarou ainda que "em 30 anos nunca houve incêndios nessa proporção". "Nossa hipótese é de que o incêndio tenha sido criminoso."
O estrago continua
Minas Gerais permanece sendo castigada pelo fogo. O Estado de Minas noticiou mais quatro situações de incêndio nesta quinta feira.
A Serra do Caraça já está em seu segundo dia de operação. A vegetação de Mata Atlântica nativa da região, que fica entre as cidades de Catas Altas e Santa Bárbara, na Região Central, permanece em chamas. Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG), equipes em campo fazem o combate direto a pé e contam com o auxílio de uma viatura. Ao todo, 20 pessoas, incluindo militares e brigadistas, atuam na operação. A corporação também informou que a área queimada só poderá ser mensurada posteriormente, com auxílio de satélites.
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O Corpo de Bombeiros também notificou incêndio florestal nos entornos do Parque Estadual do Ibitipoca, nas alturas da Serra de Conceição do Ibitipoca, distrito do município brasileiro de Lima Duarte, na Sona da Mata mineira. Até o momento, aproximadamente 70 hectares foram afetados, com possibilidade de aumento. Já o Instituto Estadual de Florestas (IEF) informou que trabalha para combater dois focos de incêndio no entorno do Parque Estadual. Sete brigadistas atuaram para debelar as chamas, com o apoio de dois veículos 4 x 4. A preocupação é com a velocidade das chamas em direção ao parque.
Quem é o vilão?
Nessa quarta-feira (11/9) o Corpo de Bombeiros informou que 171 incêndios atingiram cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte em um período de 24 horas. O quantitativo representa 46% das ocorrências em Minas Gerais das 15h de terça-feira (10/9) até o mesmo horário nesta quarta (11/9). A corporação recebeu nesse período 372 chamados em todo o estado.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Belo Horizonte já completou 145 dias sem receber uma gota d'água. As condições de temperatura e umidade do ar são de fato propícias para a propagação do fogo, mas o surgimento dos incêndios está atrelado, principalmente, à ação humana. “Em raros casos, o que pode acontecer é a ocorrência de descargas elétricas por raios e relâmpagos na vegetação, e a maior probabilidade desses episódios é durante a chegada das chuvas no fim do ano”, explica Bernardo Gontijo, professor do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
*Estagiárias sob supervisão do subeditor Thiago Prata