As crianças se divertiram e receberam medalhas  -  (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press)

As crianças se divertiram e receberam medalhas

crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press

As crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer da Santa Casa BH tiveram uma tarde diferente nesta sexta-feira (13/09). A instituição se inspirou nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris e criou as ‘Olimpíadas Infantis’, uma iniciativa que transforma os pacientes em atletas. No lugar das competições, as crianças se divertiram e receberam medalhas. 

 


No espaço de convivência da instituição foram montadas brincadeiras inspiradas nas modalidades olímpicas, como bambolês para representar a ginástica artística, cestas de basquete e traves de futebol, além de uma pista para o breakdance. Todas as crianças receberam medalhas de ouro e subiram ao pódio para celebrar sua coragem e determinação na busca pela cura. 


As medalhas foram entregues pela paratleta Carolina Moura, que fez história em Paris, ao conquistar a primeira medalha de ouro do Brasil no taekwondo feminino na competição. 


“O que mais movimenta a gente do esporte, é estar atento às necessidades das pessoas. Como atleta, é uma das minhas metas. É claro que a medalha é uma consequência do nosso treinamento e do nosso esforço, mas ela não acontece se não existirem pessoas capacitadas para isso. Mas sempre podemos dar ajuda, ser fonte de inspiração ou de apoio. Me sinto lisonjeada de fazer parte (de eventos como esse). É um propósito que eu sempre acreditei e é algo que sempre tive como objetivo”, afirmou.


Alegria e gratidão


Um dos mais animados e o primeiro a subir ao pódio foi Yan Emanuel, de 11 anos. A mãe do menino, Doraci Araújo, conta que ele está em fase final de tratamento contra a leucemia. A luta do menino começou há dois anos e meio e a mãe acredita que o evento de hoje é motivo de comemoração. 

 

 


"Todos os eventos na Santa Casa foram muito importantes porque nossas crianças ficam internadas de 25 a 30 dias. No caso do Yan, ficava sete dias fazendo quimioterapia e outros sete tomando injeções para melhorar a imunidade. Quando tinha algum evento, dava uma quebrada no dia-a-dia, na intensidade do sofrimento”, afirma. 

 

A mãe Doralice Araújo, o filho Yan e o ex-jogador de basquete Cleiton Sebastião

A mãe Doralice Araújo, o filho Yan e o ex-jogador de basquete Cleiton Sebastião

Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press


A mãe diz que até hoje, não leva o filho para locais públicos. “Geralmente, quando tem algum evento, faço questão de trazê-lo porque os amigos dele estão aqui. Durante o período do tratamento, ele perdeu, de certa forma, o convívio lá fora. Mas fez muita amizade aqui dentro. Considerando o fim do tratamento do Yan, é muito importante estar aqui. É muita alegria e gratidão”, concluiu.

 


O menino classifica o evento como maravilhoso. “Sempre quis que acontecesse uma coisa dessas aqui na Santa Casa. Tem muita gente que fica internada muito tempo aqui e precisa de um esportezinho.” Ele conta que sempre quis subir em um pódio e confessou que, geralmente, fica em último lugar nos esportes. "Porque não sou muito bom", define. "Primeira vez que eu fico em primeiro lugar", comemora.


Tamires Alves, é mãe de Ângela, 3 anos, em tratamento contra a leucemia na instituição há pouco mais de um mês. A mãe conta que ainda está um pouco perdida, já que as duas moram em Lagoa da Prata, na Região Centro-Oeste. Por isso, eventos como este são um respiro na tensão. "Acho importante para descontrair, aliviar a cabeça."


A pequena  Ângela estava bem tímida e ficou um bom tempo no colo da mãe. Mas, aos poucos, foi se soltando e após alguns minutos já podia ser vista na pista de breakdance arriscando uns passinhos, sorridente.

 

A mãe Tamires Alves, com a filha Ângela

A mãe Tamires Alves, com a filha Ângela

Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press


A paciente Any Rodrigues, de 12 anos, foi outra que aproveitou a tarde de descontração. Ela faz tratamento contra um tumor nos rins há seis meses. A menina conta que, como passou por uma sessão de quimioterapia hoje, preferiu ficar quietinha e apenas desenhando. "Mas achei divertido, o clima está gostosinho. Gostei dessa tardezinha aqui.”

 


Any fez amizades na instituição de saúde. "Conheci bastante gente nova. Quase sempre encontro eles aqui quando venho fazer tratamento.” A família mora em Carmo do Cajuru, na Região Centro-Oeste do estado, e vem para BH fazer as sessões de quimioterapia.


O pai dela, Thiago Ribeiro também destaca o respiro que iniciativas como esta tem no tratamento da filha. "Acho importante na recuperação da criança. O clima é pesado, mas aqui na Santa Casa, o pessoal faz de tudo para a gente não sentir. O local onde eles fazem o tratamento é colorido, enfeitado com balões. Elas esquecem um pouco do trauma que estão passando”, pontua. 

 

A paciente Any com a paratleta Carolina Moura

A paciente Any com a paratleta Carolina Moura

Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press


Setembro dourado 


O coordenador médico do instituto de oncologia da Santa Casa, Joaquim Caetano, diz que o Setembro Dourado é um mês escolhido no mundo inteiro para a conscientização sobre o câncer infantojuvenil. 


“São três pilares: dar apoio aos pacientes que estão sendo diagnosticados e começando o tratamento; celebrar o fim do tratamento daqueles pacientes que passaram por todas as etapas e honrar a memória daqueles que passaram por esse tratamento.”

 


Ele destaca que dentro da conscientização, há dois pontos fundamentais. “A criança pode ter câncer e não são os mesmos dos adultos. É uma doença que vem acometendo as crianças. A partir do momento que começamos a controlar as doenças infecciosas e a desnutrição, as doenças não transmissíveis começam a aparecer mais, entre elas o câncer”, afirma. 

 

O coordenador médico do instituto de oncologia da Santa Casa, Joaquim Caetano

O coordenador médico do instituto de oncologia da Santa Casa, Joaquim Caetano

Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press


O outro ponto é que a doença está muito ligada à morte. "Só que, em crianças, é exatamente ao contrário. Hoje em dia, quando há um diagnóstico correto, começa um tratamento em um centro de excelência, a taxa de cura é acima de 80%. É uma doença potencialmente curável. Na criança, diferente do adulto, o câncer é muito responsivo. Elas respondem muito mais rápido ao tratamento e têm chances de cura bem elevadas", explica Joaquim Caetano.

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia


Ele destaca que o câncer, no início, pode ser silencioso e tem sinais sutis. “Muitas vezes, a mãe percebe que tem alguma coisa errada, não sabe o que é. É neste ponto que é essencial que ela leve ao médico para que a criança seja avaliada. O mais importante é que os pais sigam as rotinas de levar o paciente ao médico.”


Por exemplo, até dois anos de idade, é preconizado que a criança visite o médico, no mínimo, doze vezes. “Não é só para pesar, medir ou ver o cartão de vacina. É também para ser examinada e, os olhos do profissional que está atendendo aquela criança pode ver alguma coisa diferente. A criança deve ser avaliada rotineiramente e, qualquer sinal de alerta, mesmo que não tenha dor, deve procurar um médico de confiança, o mais rápido possível.” No caso dos adolescentes, o médico ressalta que devem passar por uma avaliação, pelo menos uma vez por ano.