Em meio à maior seca do país, Belo Horizonte está praticamente cinco meses sem uma gota sequer cair do céu. A capital mineira atinge nesta segunda-feira (16/9) a marca de 150 dias sem chuva, a mais longa estiagem dos últimos cinco anos. Desde abril, o céu permanece limpo, e a projeção do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de que esse cenário persista até a segunda quinzena de outubro. Assim, a cidade se aproxima do recorde histórico de 198 dias sem chuvas, registrado na década de 1960.
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Setembro é marcado normalmente pelo início das pancadas de chuva, com média histórica de 49,2 mm acumulados na capital mineira. No entanto, contrariando o histórico, não existe previsão de precipitação para o mês neste ano. A chuva só deve retornar de forma significativa a Minas Gerais a partir da segunda quinzena de outubro, quando a massa de ar quente que atua na atmosfera perderá força.
O meteorologista Ruibran dos Reis aponta uma anomalia no padrão de chuvas deste ano, com uma seca mais intensa e prolongada do que o habitual. "Diferentemente dos anos anteriores, este ano não tivemos chuva em maio e agosto, meses que geralmente registram precipitações isoladas. Em junho e julho, a probabilidade de chuva já é historicamente muito baixa”, ressalta.
Com isso, Belo Horizonte está à beira de quebrar um novo recorde histórico. Se a previsão de ausência de chuvas se confirmar até meados de outubro, a capital mineira se aproxima do maior período sem chuvas registrado na cidade, que ocorreu em 1963, com 198 dias de estiagem. Até este ano, o maior período sem chuvas registrado em Belo Horizonte havia ocorrido entre junho e setembro de 2019, quando a cidade ficou 113 dias sem precipitações.
A ausência de chuva foi intensificada desde 2023 pela atuação do El Niño, fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico e provoca alterações nos padrões globais de precipitação e temperatura. O El Niño deu seu último “suspiro” em junho deste ano, após um ano de influência nas águas do Pacífico, mas, segundo o meteorologista Ruibran, ainda continua tendo influências no clima.
“De meados de junho para cá nós entramos em uma situação neutra, mas ainda estamos sofrendo o efeito um pouco retardado do El Niño. A massa de ar quente continua atuando. E esse ar quente dificulta a formação de nuvens que possam causar chuva e também causa o bloqueio da chegada de frentes frias”, explica o especialista, ressaltando as altas temperaturas vistas no outono e inverno.
Clima de deserto
A previsão é que a névoa seca persista até que haja chuvas significativas, mas, vale lembrar que, segundo o Inmet, Minas Gerais não deve registrar chuva até o dia 15 de outubro. À exceção das regiões mais ao sul de Minas, próximas a São Paulo e ao Rio de Janeiro, que devem ter chuva fraca e isolada nesta segunda (16/9).
Longa estiagem em Minas